Diversão e Arte

Artista plástico pernambucano Abelardo da Hora morre aos 90 anos

Ele era um dos maiores nomes brasileiros; atuava como desenhista, gravurista, ceramista e escultor

Diário de Pernambuco
postado em 23/09/2014 13:59
Abelardo em sua casa em julho de 2014

As artes plásticas pernambucanas perdem um de seus integrantes mais talentosos na manhã desta terça-feira. O desenhista, gravurista, ceramista e escultor Abelardo da Hora, de 90 anos, faleceu devido a um edema pulmonar, às 8h45, após passar quatro semanas internado no hospital Memorial São José. Ao longo de 2014, o artista já havia sido internado várias vezes devido a problemas respiratórios, mas sua situação se agravou nos últimos dias. Viúvo, Abelardo deixa sete filhos.

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O enterro está previsto para as 15h da quarta-feira no Cemitério de Santo Amaro, na mesma região onde o artista vivia. Seu ateliê funcionava em sua casa na Rua do Sossego. O velório começa às 15h desta terça na Assembleia Legislativa.


Um dos pilares da arte moderna em Pernambuco, sua atuação foi extensa e produtiva, em uma carreira que ultrapassou 60 anos de duração. Sua última obra pública foi a escultura O artilheiro, erguida na Arena Pernambuco e inaugurada no dia 31 de julho, aniversário do artista, que nasceu em Nazaré da Mata em 1924.

[SAIBAMAIS]Nesta última internação hospitalar, Abelardo enfrentou uma virose, uma pneumonia, uma infecção pulmonar e um AVC, antes de sofrer o endema que o vitimou. "Ele foi um guerreiro que driblou tudo isso enquanto estava no hospital", observou Abelardo da Hora Filho, que o ajudava de perto em seus últimos projetos. Segundo ele, um dos motivos dos problemas respiratórios de seu pai era o contato com os materiais que trabalhava em seu ateliê, como pós de cimento e gesso.

Ele nunca deixou de trabalhar em suas esculturas. Muitas vezes, a discussão de temáticas sociais e a abordagem de tipos populares foram objeto da atenção de Abelardo. Além de seu talento artístico, a atuação de Abelardo também foi notável na esfera social e política. Foi secretário de cultura do Recife nos mandatos de Pelópidas Silveira e Miguel Arraes, mas seus direitos políticos foram cassados com a instauração do regime militar, a partir de 1964. Por ser cunhado do prefeito Augusto Lucena, colocado no cargo pela ditadura, foi poupado.

Abelardo sempre foi uma pessoa sociável, que gostava de uma boa conversa (e admirava as mulheres). Por conta disso, deixou muitos amigos na classe artística, além do irmão mais novo, o cantor Claudionor Germano. Seu temperamento aglutinador também fez dele uma figura atuante em grupos artísticos pernambucanos: foi um dos fundadores do Atelier Coletivo, que ministrava cursos de desenho e do qual participaram nomes representativos das artes em Pernambuco, como José Cláudio e Gilvan Samico (1928-2013). Na virada dos anos 50 para 60, se torna um dos mentores do Movimento de Cultura Popular, posto em funcionamento durante o governo de Miguel Arraes.

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