Diversão e Arte

Poeta e escritor Alberto Costa e Silva recebe Prêmio Camões no Rio

A premiação é dada a escritores que tenham contribuído para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural da língua portuguesa

postado em 29/10/2014 22:58
Poeta e especialista em África, Alberto da Costa e Silva recebeu hoje (29), no auditório da Fundação Biblioteca Nacional, no centro do Rio, o Prêmio Camões, criado pelos governos brasileiro e português em 1988. A premiação é dada a escritores que tenham contribuído para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural da língua portuguesa.

Alberto da Costa e Silva, de 83 anos, é também diplomata, historiador, memorialista e atual orador do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Como ocupante da cadeira número 9 da Academia Brasileira de Letras (ABL), recebeu a presença de pares na academia, como Merval Pereira, Antônio Carlos Secchin, Ana Maria Machado e Rosiaka Darcy de Oliveira. O candidato à ABL, o escritor e jornalista Zuenir Ventura e os escritores Marina Colassanti e Afonso Romano de Sant;anna também participaram da cerimônia.



Antes da entrega do prêmio, houve uma mesa de debates sobre a obra de Alberto da Costa e Silva. O ex-ministro do Tribunal de Contas, Luiz Octávio Gallotti, contemporâneo do poeta, lembrou a infância na Tijuca, bairro da zona norte do Rio, e dos tempos de colégio Marista São José e, depois, no Instituto Lafayette. O professor João José Reis destacou trechos de obras de Costa e Silva, o trabalho dele no Itamaraty, quando, entre outras funções, foi embaixador na Nigéria e os livros que escreveu sobre a África. ;Alguns são clássicos e se tornaram leitura obrigatória;, disse.

Antônio Carlos Secchin disse que teve a honra de escrever o prefácio da segunda edição dos Poemas Reunidos, de Alberto da Costa e Silva, e fez uma síntese da obra poética dele. No fim, Alberto disse que se sentia comovido com o retrato que tinham feito dele no debate. ;Eu fiquei comovido pela amizade que foi demonstrada para comigo. É bom ter bons amigos;, ressaltou emocionado.

Alberto Costa e Silva recebeu o prêmio das mãos da secretária executiva do Ministério da Cultura, Ana Cristina Wanzeler, que representou a ministra Marta Suplicy; e do secretário de Estado de Cultura de Portugal, Jorge Barreto Xavier. ;Sou grato aos que resolveram outorgar-me este prêmio e aos que não contestaram a decisão;, disse Costa e Silva, arrancando risos da plateia.

Na avaliação do homenageado, o prêmio foi criado para destacar, anualmente, um escritor de língua portuguesa que tivesse contribuído para o prestígio da língua e sua situação do mundo. ;Fico muito feliz de ter sido incorporado a esta galeria,;, disse.

A secretária leu o discurso da ministra Marta. Nele, ela destacou que o poeta tem contribuído com os preparativos para a instalação do Museu Nacional da Memória Afrodescendente, na região do Lago Sul, em Brasília. No texto, a ministra agradeceu a generosidade do escritor que participou de seminários para que o Brasil tenha o museu da cultura afro. ;Este Prêmio Camões 2014 vai para um grande escritor e um grande ser humano também. A escolha de Alberto Costa e Silva traz ainda mais brilho ao prêmio;, ressaltou.

Para o escritor Afonso Romano de Sant;Anna, presidente do júri que escolheu Alberto Costa e Silva para receber o prêmio este ano a escolha foi adequada. ;O prêmio foi certo em vários sentidos, porque tem que ser um intelectual exponencial de prestígio, mas sobretudo um intelectual que enfrenta a questão do Brasil, de Portugal e da África de uma maneira nova. É o caso dele, que tenta juntar esse triângulo das bermudas de maneira criativa. A obra histórica dele de historiador e de pesquisador incide nesse sentido. Ele é um exemplo. Depois de Gilberto Freira, ele criou um marco que é fundamental na nossa cultura;, disse em entrevista à Agência Brasil.

O secretário português disse a obra de Costa e Silva tem destaque no cenário das relações entre Brasil, África e Portugal, que para ele compõem um triângulo amoroso ligado pela língua e por diversos aspectos. ;Mais de 500 anos nos ligam e nos projetam para o futuro, dependendo de pessoas e decisões concretas saber se queremos que a memorai futura nos aproxima ou nos afasta;, acrescentou.

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