Nos últimos anos, a festa tradicional mexicana do Dia dos Mortos tem se espalhado pelo mundo todo, inclusive pelo Brasil. Aqui, a data inspira festas, eventos gastronômicos, exposições, decorações, pinturas, estampas e atiça a curiosidade pela cultura do mais distante país latino-americano. A estética colorida e atraente chama a atenção das pessoas e impulsiona um intercâmbio cultural que poder ser muito interessante, principalmente por trazer o diferente olhar dos mexicanos sobre o tema da morte.
O Dia dos Mortos é uma celebração de origem indígena, que honra os defuntos em 2 de novembro. Diferentemente do Brasil e de outros países, que encaram o Dia de Finados com tristeza, o México tem o costume de fazer grandes festas para homenagear a memória dos mortos. A crença é de que, entre 31 outubro e 2 de novembro, os antepassados voltam à Terra para estar com seus familiares. Por isso, são montados oferendas em cima das tumbas nos cemitérios e altares nas casas e escolas com as coisas que o falecido mais gostava.
Além das comidas e bebidas preferidas dos mortos, as mesas são enfeitadas com elementos cheios de significado: a água simboliza a vida e é oferecida para que as almas atenuem a sede depois da longa jornada e se fortaleçam para a viagem de volta; o sal é um elemento de purificação; as velas guiam as almas até suas casas antigas e iluminam a volta para a atual morada; o incenso limpa o lugar dos espíritos malignos; e as flores alegram o lugar, sendo que a amarela de calêndula, ou cempasúchitl, é responsável por traçar as rotas dos espíritos.
[SAIBAMAIS]Quando os espanhóis chegaram à América, no século 16, houve uma combinação entre as crenças pré-colombianas e as cristãs, por isso o sincretismo está muito presente na tradicional festa dos mortos. ;Você encontra pessoas festejando no cemitério, ao mesmo tempo em que rezam o terço e fazem orações de fé. Além da decoração com objetos que lembram os mortos, as tumbas podem estar adornadas com a cruz cristã; É uma festa interessante porque mistura tradições dos antepassados e dos espanhóis. É uma excelente representação do sincretismo que o próprio país tem;, conta Rafael Barceló, segundo secretário da Embaixada do México no Brasil.
Baladas temáticas na cidade
Em Brasília, as comemorações do Dia dos Mortos mexicano começam hoje com o festival Oaxaca Mágico, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Além de apresentações de dança oaxaquenha, haverá show da cantora de música folclórica mexicana Susana Harp; exposição de obras de arte populares; quadros do artista plástico Francisco Toledo; e uma oferenda no famoso 2 de novembro. ;Todos os artistas vêm de Oaxaca, um dos estados mexicanos com mais tradição e que mais guardou as suas raízes;, conta a produtora Edna Elorriaga.
No próximo sábado, três festas temáticas vão animar os baladeiros de plantão: a Criolina de los Muertos (Clube ASTCU); a Dia de los Muertos (Velvet Pub); e o Baile de los Muertos (Vila Planalto). ;Queríamos apresentar um outro jeito de festejar. Acho que o brasileiro está cada vez mais interessado pela cultura dos seus vizinhos, e isso é muito bom;, comenta a DJ Pequi, idealizadora desta edição da Criolina.