postado em 17/12/2014 08:05
Os Simpsons é o desenho animado de maior longevidade na história da tevê. O sucesso da série é global. Para a servidora pública Samira Dias, 27 anos, a continuidade se deve pelo fato de que os roteiristas sempre trazem temas atuais para os episódios e pela diversidade dos personagens, o que acaba criando mais possibilidades de identificação com o público.
[SAIBAMAIS]Samira também observa uma característica curiosa sobre o retrato da família a partir do desenho animado. ;Isso é uma coisa muito forte no núcleo familiar central dos Simpsons: sempre fazem alguma coisa errada e tentam consertar. A atitude mostra que as pessoas fazem cagadas, mas que você pode e deve se redimir;, analisa.
A partir dos anos 1960, acontece um desmembramento das famílias nucleares, com uma série de questões, como o advento da pílula, do movimento feminista e sobretudo a Guerra do Vietnã. O autor do desenho Matt Groening, apesar de ser de uma geração um pouco posterior a época, acabou convivendo com a herança dessa série de movimentos. A família do desenho é um espelho dessa década, que para alguns é chamada de pós-modernidade, mas que ainda provoca identificação com o núcleo familiar contemporâneo por manter na narrativa uma estrutura dinâmica que sempre se renova.
De acordo com o professor de história Alessandro de Alemida, do Instituto Federal Norte de Minas, alguns fatores em conjunto explicam a longevidade do desenho. ;As problemáticas dos anos 1960 não são muito distintas das vivenciadas hoje, como divórcio e aborto. São debates que permaneceram, principalmente, no mundo ocidental. Outro ponto, é a globalização do desenho. A série constuma provocar tanto os americanos como outros países. O caráter de criticidade é algo que também chama a atenção, além do investimento financeiro na animação ser muito grande. Além disso, há 16 intelectuais produzindo cada episódio, assim conseguem manter sua atualidade com temas sempre recentes;, explica.
Polêmicas
Levantar questionamentos históricos importantes é um dos principais diferenciais da animação. ;Nos anos 1960, a ideia é ser politicamente incorreto. Então, a característica da contra-cultura era de se posicionar contrário a ordem vigente, ora Estado ora família. Como o desenho se posiciona contra o país, as pessoas acabam se divertindo com esse humor, uma das marcas centrais, a questão da incorreção, e se identificando com os personagens;, afirma o Alessandro de Almeida.
Depois de 25 anos de história, os episódios polêmicos são muitos. Os personagens assumem posicionamento questionável diante dos tabus apresentados. Os Simpsons é um dos programas favoritos de Walter Bittar, 26 anos, consultor político, principalmente, por sem um desenho crítico e humor ácido. ;Gosto do episódio que Springfield legaliza o casamento gay para ativar o turismo, de outro que menciona outro desenho Family Guy (Uma família da pesada) como plágio, de outro que trata de países e seus problemas socioculturais de uma forma ácida e exagerada: Austrália e Brasil; e de quando de forma muito justa nesse caso sobre a Coreia do Norte, que é uma país sem liberdade nenhuma regida por uma ditadura hierárquica comunista: nesse caso qualquer crítica é pouco;, lembra.