De Ricardo Darín a produções brasileiras. De Clube de compras Dallas a O grande hotel Budapeste. Confira alguns destaques nas telonas durante o ano que chega ao fim.
Expressão hispânica
Encabeçando a comédia espanhola O que os homens falam, o argentino Ricardo Darín deu vazão a complexidade da lida de sentimentos ocultada pelos homens. Presença forte em 2014, Darín viu repercutir Relatos selvagens (de Damián Szifrón), em que a expressão ;caldeirão explosivo; raras vezes fez tanto sentido, frente à ciranda de desrespeitos alardeada por personagens. Com maturidade, a atriz Paulina Garcia fez jus ao título Gloria, do chileno Sebastian Lelio, que chegou com atraso à capital. Animação produzida pelo mexicano Guillermo del Toro, Festa no céu perpetuou nas telas, com direito a números musicais, a celebração do Dia dos Mortos. O circuito de Brasília acolheu dois enormes êxitos nos respectivos países de origem: Los nobles ; Quando os ricos quebram a cara, segundo título mexicano mais assistido por lá e o paraguaio 7 caixas que, ambientado em feira de Assunção, fez filas por cinco meses no Paraguai.
Brilho no berço do cinema
Exploradas em dose dupla, a bipolaridade e as euforias de Yves Saint Laurent ganharam versões dos diretores Pierre Ninney e Bertrand Bonnello (com filme pré-indicado ao Oscar). Sinal da força e do prestígio do cinema francês que contabilizou, em Brasília, nova versão para a ótima iniciativa do Festival Varilux, de difusão da cultura francesa. Cinco prêmios César deram lastro para Guillaume Gallienne (uma espécie de Paulo Gustavo francês) que deu graça a Eu, mamãe e os meninos. Ainda no Varilux, e depois, no circuito comercial, o veterano Daniel Auteuil brilhou em Antes do inverno, sobre um médico tão empenhado na profissão a ponto de esquecer da vida. No campo da excelência, Bérénice Bejo (de O passado) foi consagrada melhor atriz, em Cannes, enquanto Isabelle Huppert teve dose dupla de celebração de talento (Um amor em Paris e Uma relação delicada).
A perda da inocência
Ainda que até hoje siga inédito em Brasília, o criativo e vivaz Boyhood ; Da infância à juventude já fez história ao acompanhar atores, anos a fio e conquistar indicações ao Globo de Ouro de melhor filme, diretor e roteiro. O longa segue diversas fases da vida do personagem Mason (Ellar Coltrane).
Também disposta no tempo ficou a trajetória da incendiária protagonista da obra do polêmico e instável Lars von Trier Ninfomaníaca (em dois volumes). Passados anos desde os sofrimentos nas telas de Bj;rk (Dançando no escuro), von Trier, agora, sujeitou Charlotte Gainsbourg a encarnar Joe, dona de uma alta perversão: tenta a todo custo não reincidir nos prazeres de outrora.
[SAIBAMAIS]Sexo desenfreado foi ingrediente para outro sucesso de 2014: O lobo de Wall Street. Com performance impecável no filme de Martin Scorsese, Leonardo DiCaprio afronta ética e bons costumes ao interpretar o especulador financeiro Jordan Belfort.
O ano pode ter trazido a esperada adaptação de A menina que roubava livros, vinda do best seller de Markus Zusak, mas foi outra a menina que roubou os holofotes: Shailene Woodley derreteu corações, ao lado de Ansel Elgort, em A culpa é das estrelas (baseado em John Green), antes de dar vida à heroína de Divergente (baseado em texto de Veronica Roth).
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