É consenso que a axé music já não faz mais tanto sucesso quanto fez outrora ; nos anos 1990, por exemplo. Segundo o historiador Milton Moura, na Bahia, o gênero hoje divide a preferência da plateia com outros estilos, como pagode baiano, o arrocha e o forró eletrônico. ;Não sei se isso é um momento de transição. Prefiro dizer que é uma flexibilização para fazer sucesso diante de públicos mais diversificados e específicos;, pondera ele.
Para Milton, o fator econômico diretamente ligado ao axé também deve ser destacado. ;É um estilo que tem significado emprego e renda para muita gente. O público, às vezes, vê apenas o intérprete, sua banda e o caminhão elétrico. Na verdade, há uma grande variedade de ocupações e desempenhos envolvidos;, comenta. ;Isso pode ser verificado hoje, seja no carnaval, seja nos festivais que são realizados.;
[SAIBAMAIS]O jornalista Hagamenon Brito, criador do termo axé music, afirma que o estilo musical encolheu diante de outros ritmos. Entre os fatores que levaram a isso, ele cita o envelhecimento do gênero. De acordo com Brito, os últimos novos talentos a surgirem da axé foram Claudia Leitte e Saulo Fernandes, que têm mais de 10 anos de carreira.
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;Começou a diminuir com a crise fonográfica, perdeu a capacidade de renovação e também tem uma mistura de egoísmo artístico. Houve certo cansaço. Não temos ninguém de 20 e poucos anos fazendo sucesso nacional. Mas acho que os motivos de crédito são maiores do que os problemas. A axé-music se inseriu na cultura baiana e nos deu uma estrela como Ivete Sangalo e uma mente como a de Carlinhos Brown;, comenta.
Orgulho
Para Paulo Miguez, professor de estudos socioeconômicos da cultura da Universidade Federal da Bahia, as três décadas de axé music são motivo de orgulho e merecem ser celebradas. ;O axé foi e continua a ser muito importante para a vida cultural da Bahia e do Brasil;, observa. Contudo, o estudioso acredita que é preciso separar o movimento musical do mercado que se criou em torno dele. ;Às vezes, critica-se uma coisa e se atinge a outra. Uma crítica pura e simples ao mercado pode acertar o gênero, que é extremamente importante.;
Foi o surgimento do axé que fomentou o mercado de festa que se tornou o carnaval de Salvador, um dos principais do país. ;Havia os blocos de rua que cobravam para desfilar, mas em uma base amadora. O axé transforma isso de maneira radical e atinge a festa como um todo. O mercado se consolidou e tem experimentado mudanças nos últimos anos: começam a sair de cena como grande produto os blocos de trios elétricos e o camarote entra no lugar. Contudo, o forte atrativo continua a ser as estrelas que o axé produziu;, detalha Miguez.
Apesar de louvar a emergência de um mercado da festa, Miguez critica o fato de que as práticas mercantis tendem a subordinar os interesses culturais propriamente ditos. ;Essa relação é muito problemática. O tecido da cultura é muito frágil. É preciso impedir que o mercado dê as cartas e que seja maior que as outras dimensões. Enfrenta-se isso com regulação e políticas culturais;, defende.
O que dizem os artistas
;O axé music é uma grande riqueza. Penso que mudanças e inovações são necessárias, e acontecem de forma muito natural;, diz Denny, vocalista da Timbalada.
;Como todo movimento, o axé-music é cíclico. Acredito que estamos numa fase de renovação, de mudanças e de reestruturação;, prevê Bell Marques, ex-Chiclete com Banana.
;A verdade é que o axé não está em crise. Temos nomes como Ivete Sangalo, Claudia Leitte e Daniela Mercury, como dizer que estamos em crise?;, afirma Carla Cristina, ex-As Meninas.
;A essência original do axé se perdeu. Não houve renovação. Quem quer ouvir boas músicas tem que vasculhar o tempo e ir buscá-las lá atrás, numa época em que se fazia axé por axé;, relembra Netinho, ex-Banda Beijo.
Confira alguns sucessos do gênero:
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