Não há dúvidas de que a franquia Cinquenta tons de cinza se tornou um fenômeno mundial. Há quatro anos, quando o best-seller de E L James foi lançado, a obra vendeu mais de 100 milhões de cópias. Neste ano, o livro ganhou as telonas na adaptação dirigida por Sam Taylor-Johnson, logo se tornou assunto do mundo. Estreou com recorde de arrecadação ao atingir a renda de US$ 240 milhões no primeiros dias de exibição, deixando Avatar e Matrix para trás. Só no Brasil, o longa-metragem lucrou aproximadamente R$ 24 milhões. Mas, por que Cinquenta tons de cinza virou o tema do momento na internet e nas rodas de bate-papo? As especulações são diversas: a temática está entre as mais fortes delas. O Correio buscou especialistas de diferentes áreas para explicar o fascínio pela história apimentada de Christian Grey e Anastasia Steelede, seja positivo, seja negativo.
[SAIBAMAIS]Conteúdo sexual
A psicóloga Flávia Bússolo acredita que a forma instigante e sedutora do conteúdo sexual da franquia é uma das partes importantes para que tenha se tornado um fenômeno entre o público, principalmente, o feminino. ;Mexe com o imaginário ao despertar desejos e as mais variadas fantasias. Penso que a grande polêmica em torno da trama é a abordagem do fetichismo que se caracteriza pela obtenção de prazer e excitação por meio do uso peculiar de roupas, adornos ou objetos e pela prática sadomasoquista, onde a excitação encontra-se ligada ao ato de produzir, na realidade ou fantasia, dor e humilhação;, afirma.
Para a especialista, a polêmica em torno do filme, que desagradou algumas pessoas, tem a ver com a questão cultural. ;A vida sexual de cada pessoa é extremamente atrelada à vida afetiva, à personalidade, aos valores e crenças e aos símbolos culturais que geram as fantasias e até impõe limites para vivência da prática sexual. O que é normal para uma pessoa ou cultura, pode ser totalmente estranha à outra;, explica.
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Conto de fadas adulto
A roteirista e produtora Luciana Teixeira pensa que o atrativo de Cinquenta tons de cinza para o público tem a ver com o fato de que o filme nada mais é do que um conto de fadas moderno. ;Anastasia é a Cinderela moderna. Apesar do sadismo, o Grey é um homem fascinante, sedutor, que toda mulher quer. É um príncipe encantado em cenas mais picantes, que alcançam o público feminino. Sem a parte sexual, não teria esse sucesso. É importante perceber que é uma obra que fala com as mulheres e que foi feito para elas;, afirma.
Luciana ainda compara a repercussão da trama com 9 1/2 semanas de amor, longa de Adrian Lyne dos anos 1980. ;É um paralelo interessante porque é a mais ou menos a mesma ideia. O protagonista John (Mickey Rourke) é um macho alfa, rico, poderoso e protetor como Grey e essas são algumas características que fascinam as mulheres;, diz. Luciana Teixeira também enxerga a importância da criação de uma obra que fale diretamente com o público feminino, que, na opinião dela, costuma ser desprezado.
Identificação com as fãs
A estudante Janaina Cavalcante, 25 anos, é uma das inúmeras fãs da franquia que leu a trilogia de livros e conferiu a adaptação cinematográfica. Para a jovem, a obra é sucesso porque a trama tem a ver com o fato de instigar a fantasia no público. ;Fala de sensualidade e de sexo de maneira extremamente aberta. A autora não economiza nas palavras e não tem papas na língua nas descrições do livro. Acho que todo mundo que leu ou assistiu desejou também um quarto vermelho, não para sentir dor, mas para realizar qualquer fantasia sem preconceito;, conta.
Janaina ainda acha que a mistura de sensualidade com ;príncipe encantado; é o que leva as mulheres se apaixonarem pelo protagonista: ;Você lê e acha que o Grey é louco e a Anastasia também por aceitar tudo aquilo. Só que ao mesmo tempo entende a curiosidade dela em continuar e acaba torcendo por ela e se apaixonando pelo Christian Grey;.
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