Diversão e Arte

Aumento do consumo de música por streaming se torna solução da indústria

Mas serviço ainda esbarra em obstáculos, como direitos autorais

Adriana Izel
postado em 30/03/2015 08:03
Mas serviço ainda esbarra em obstáculos, como direitos autorais
Com o passar dos anos, as formas de consumir música mudaram. Se até o início dos anos 2000, o público escutava seus artistas preferidos em discos, LPs, fitas cassetes e CDs, hoje, esse simples ato de comprar álbuns em forma física soa extremamente incomum. Essa transformação de comportamento tem relação direta com os avanços tecnológicos que possibilitaram a criação do MP3 player e a troca de arquivos entre usuários.

[SAIBAMAIS]A pirataria devastou as vendas e obrigou a indústria a buscar a reinvenção, que ocorreu primeiro com as plataformas de download pago. ;O principal ponto do crescimento do serviço de streaming foi a necessidade do usuário, algo que só ficou disponível recentemente. O surgimento do Napster nada mais foi do que uma mensagem do público de que eles não estavam de acordo com o serviço e o produto que era dado para eles;, explica Gustavo Diament, diretor-geral do Spotify para América Latina.

No entanto, há algum tempo, surgiram os serviços de streaming. ;O mercado teve que se adaptar. O primeiro desafio da indústria foi combater a pirataria e a saída que eles encontraram foi o mercado digital. Com a expansão da banda larga, os players de streaming estão se intensificando;, explica Ricardo Sanfelice, vice-presidente de marketing da GVT, que lançou o GVT Music.

Pela primeira vez na história, as plataformas de audição de música em streaming conseguiram arrecadar mais do que a venda em formato físico nos Estados Unidos, com faturamento de US$ 1,867 bilhão contra US$ 1,85 bilhão. Além disso, a tecnologia cresceu 300% nos últimos cinco anos, enquanto o download permaneceu estagnado no mercado.

Na Europa e nos Estados Unidos, o streaming já é uma realidade. No Brasil, o serviço vem se intensificando, principalmente, por conta das facilidades aos usuários. ;A forma prática de consumo e o custo são pontos fortes do serviço. Para o mercado fonográfico, ainda existe a vantagem de relançar produtos antigos;, explica o especialista em mídias digitais, Celso Fortes.

Três perguntas // Gustavo Diament, diretor-geral do Spotify para América Latina


A que você atribui o sucesso dos serviços de streaming?
O principal ponto do crescimento do serviço de streaming foi a necessidade do usuário, algo que só ficou disponível recentemente. O surgimento do Napster nada mais foi do que uma mensagem do público de que eles não estavam de acordo com o serviço e o produto que era dado para eles. É uma pena de que era algo ilegal. Quando o Spotify foi lançado há seis anos tinha essa dúvida de como pegar o que o usuário estava querendo e como fazer isso ser bom para a indústria.

Com funciona o remuneramento dos artistas?
Durante esses seis anos, o Spotify já remunerou mais de US$ 2 bilhões, deste valor, só no ano passado foram US$ 1 bilhão e só tende a crescer. 70% do nosso faturamento é destino ao pagamento de direitos autorais, mas também vem de publicidade, que é o que sustenta o serviço grátis. O nosso modelo é uma união do serviço grátis com o pago, não adianta querer separar porque não dá. Antes do Spotify, várias empresas tentaram resolver a pirataria só com o serviço grátis ou só com o pago, mas não funcionava. Hoje temos 25% dos usuários pagos e destes 80% vieram do serviço grátis. Além dos 70% do faturamento, há o proporcional ao número de stream que cada música gera. Nosso pagamento é direto com as gravadoras e as distribuidoras, que repassam aos artistas.

Já existe um futuro além do streaming?
O que acredito é que o streaming em geral ainda é pouco maduro globalmente. O streaming é uma maneira de consumir música e mídia, de forma geral. Os materiais físicas não vão desaparecer, mas vão perder a importância. Porque a música foi e sempre será um produto.

Curiosidades


>> A primeira transmissão de um show ao vivo na internet por streaming foi da banda californiana Severe Tire Damage, em 24 de junho de 1993, apenas para a Austrália.

>> Em 1995, uma publicação norte-americana disponibilizou trilhas sonoras para serem ouvidas sem precisar do download.

>> Um dos maiores eventos transmitidos em streaming no mundo foi o Woodstock ;99, concebido pelo precursor desse tipo de transmissão em larga escala Marc Scarpa.

>> O novo álbum de Kendrick Lamar To pimp a butterfly (foto) é o atual recordista de audições em streaming em um único dia. Na estreia, o disco foi ouvido na íntegra 9,6 milhões de vezes.

>> A banda Jota Quest foi o primeiro grupo brasileiro a fazer um show ao vivo e transmiti-lo por streaming.

>> Pesquisa realizada pelo Comitê de Desenvolvimento da Música Digital, que reúne Deezer, Google Play Music, Napster, Rdio e Spotify, mostrou que o hábito de baixar conteúdo ilegal é 31% menor por quem consome conteúdo via streaming.

>> No fim de 2014, a cantora Taylor Swift (foto) exigiu que todos seus álbuns fossem excluídos do Spotify por considerar que a plataforma não paga o suficiente para os artistas. No último dia 24, a artista fechou uma parceria com o serviço de streaming do rapper Jay Z (Tidal), além disso, diversos conteúdos da cantora estão disponíveis no YouTube.

>> Por conta da concorrência, a Apple está investindo em um serviço de música por assinatura. A plataforma, que está sendo chamada de iTunes Radio, deverá ter programação adaptada para cada mercado regional.

Saiba mais

Pioneiro
O primeiro serviço a utilizar o streaming foi o Muzak, criado por George O. Squier, em 1920, que utilizava as linhas de energia para a transmissão e distribuição de áudio, sem precisar do rádio. A partir dos anos de 1990, quando a internet se estabilizava nos lares norte-americanos, as empresas de tecnologia passaram a criar softwares que possibilitavam a transmissão em fluxo ; nasciam o Quicktime, o Windows Media Player e o Real Player. Foi só com a chegada do YouTube que os vídeos passaram a ter um site aberto e gratuito próprios para as transmissões sem armazenamento no HD.

O que é streaming
Streaming é hoje a forma mais comum de transmissão de vídeo e som na internet. No streaming, também conhecido como fluxo de mídia, os dados não são armazenados no HD do computador ou na memória do celular ; há apenas um armazenamento nos arquivos temporários para fins de reprodução mais rápida, mas que não ocupam tanto espaço. Como exige uma troca de informações com o servidor é necessária a conexão com a internet. Serviços como o Netflix, de filmes e séries, ou Spotify, de música, fazem uso da tecnologia.

Modo offline no streaming
Alguns serviços possibilitam a opção de audição offline. O serviço funciona da seguinte forma, o usuário escolhe uma playlista, um disco ou as músicas que gostaria de ouvir sem conexão com a internet. Os arquivos são sincronizados com o aparelho e ficam gravadas no aplicativo. É uma forma de download, no entanto, as músicas ficam codificadas o que impede a transmissão para outros usuários.

Diferença entre streaming e serviços de vendas on-line
A diferença está, principalmente, no armazenamento. Enquanto os serviços de streaming não armazenam o vídeo ou o áudio nos computadores, nos smartphones e nos tablets, as lojas on-line, como Google Play, iTunes e App Store, baixam o conteúdo para os aparelhos, possibilitando a exibição a qualquer momento, mesmo sem conexão com a internet.

YouTube é um serviço de streaming
O YouTube também é um serviço de streaming, pois o segue o conceito de fluxo de mídia, onde os dados ; ou o arquivo de vídeo ; não ficam armazenados no computador. Fica mais fácil enxergar isso quando há uma transmissão ao vivo de algum evento. Recentemente, o YouTube lançou um serviço exclusivo para o streaming de músicas, o Music Key, disponível apenas nos Estados Unidos.

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