Diversão e Arte

Manoel de Oliveira, cineasta português, morre aos 106 anos

O diretor, que sofreu uma parada cardíaca neste quinta-feira (2/4), fez mais de 60 filmes

postado em 02/04/2015 10:45
Ao longo de sua carreira, Manoel de Oliveira realizou mais de 60 filmes

O diretor português Manoel de Oliveira, morreu nesta quinta-feira (2/4), aos 106 anos, depois de sofrer uma parada cardíaca. A informação, confirmada por uma produtora envolvida em seus últimos filmes, representa uma ruptura no cinema internacional, especialmente no europeu.

[SAIBAMAIS]Nascido em Porto, à beira do rio Douro, em 1908, Manoel se envolveu com o prática do atletismo e do circo até começar a frequentar o mundo do cinema e se interessar pela expressão.

A sétima arte, que ainda caminhava seus primeiros passos com calma e precaução, mesmo já contando com a energia inovadora do americano David W. Griffith, o alemão Wilhelm F. Murnau e o soviético Sergei M. Eisenstein, capturou o português que, em 1928, matriculou-se em uma escola de atores fundada pelo realizador Rino Lupo.

No período, Manoel chegou a se arriscar na atuação, mas em declarações públicas, afirmou que o ofício de ator não lhe servia.

Sua estreia como diretor foi com o documentário em curta-metragem Douro, faina fluvial, de 1931, gravado em preto e branco e mudo, que só estreou em 1942.

Seu primeiro filme em cores foi em meados dos anos 1950, O pintor e a cidade, um marco na cinematografia portuguesa, sendo o primeiro filme a cores realizado no país.

Uma das maiores indignações do cineasta estava na falta de investimentos do governo português na produção fílmica, o que resultou em um grande número de projetos não-realizados. O cenário só foi mudar para o realizador depois de Amor de perdição, de 1978, quando foi reconhecido e consagrado internacionalmente, atraindo prêmios como o de Cannes, Veneza, Berlim e da Mostra internacional de São Paulo.

Com 84 anos de carreira, 62 filmes dirigidos - entre ficções e documentários - e 47 prêmios, Manoel foi considerado pelo Guinness, em 2001, o mais longevo cineasta em atividade do mundo.

Seus últimos trabalhos foram O velho do restelo e Chafariz da virtude, de 2014, lançados em comemoração ao seu 106; aniversário. A sua filosofia, de que o cinema era a fixação da literatura através do teatro da palavra, marcou seu estilo rigoroso e reflexivo, sustentado por fortes influências literárias, e de sua terra natal.

Vida pessoal

Manoel, desde 1940, era casado com Maria Isabel Carvalhais, com quem teve quatro filhos. Além a outra paixão do cineasta, era com automóveis de corrida, ele chegou a participar e ficar em terceiro lugar no Circuito da Gávea, no Rio de Janeiro, equivalente ao que é, hoje, a Fórmula 1.

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