Diversão e Arte

Terceiro disco da carreira de Cicero é inspirado na leveza da praia

"Vejo que o Rio tem uma onda de informalidade, meio bagunçado até, no bom sentido. Já São Paulo é uma cidade que funciona, as pessoas têm horários certos, é pragmática", conta

postado em 13/04/2015 08:03


;Nunca liguei para a praia. Nunca fui uma pessoa que ia à praia com frequência. Morei a vida inteira no Rio de Janeiro e só fui perceber o quanto morar perto do mar muda o humor e o temperamento das pessoas quando me mudei para São Paulo;, conta o jovem cantor e compositor Cícero Rosa Lins, ou apenas Cícero. O foco do novo disco do carioca é, justamente, a praia, título do terceiro álbum do artista, que tem se tornado um dos principais nomes da atual música popular brasileira.

Após um segundo álbum denso e pesado, intitulado Sábado, Cícero quis alcançar o contraponto, dando um tom mais suave à própria obra. ;Queria que fosse leve, chegar a um estado de espírito que levasse paz às pessoas. Quis fazer um disco que as pessoas ouvissem enquanto estivessem indo à praia.; O objetivo era de continuar as pesquisas de harmonia e melodias, a fim de atingir uma fluidez maior no terceiro CD. ;A ideia surgiu de um astral que queria passar, depois vieram as letras e as melodias.;

Ao mesmo tempo que as intenções seguiram rumos diferentes, a sonoridade do terceiro disco do artista mostra uma unidade com as experimentações realizadas em Sábado.

;Meu segundo álbum é difícil entender, é um trabalho que você precisa aumentar o som para perceber e ouvir tudo. Não é uma relação fácil. Desta vez, quis manter a profundidade e alcançar uma simplicidade e ter a leveza do Canções de apartamento (primeiro CD do cantor, lançado em 2011).;

Após a saída do Rio de Janeiro, Cícero conta que assistiu a uma mudança no próprio temperamento, assim como na relação das pessoas com a cidade. ;Vejo que o Rio tem uma onda de informalidade, meio bagunçado até, no bom sentido. Já São Paulo é uma cidade que funciona, as pessoas têm horários certos, é pragmática. Os dois são bons e ruins ao mesmo tempo, acabei me adaptando às circunstâncias, assim como minha música.;

O terceiro álbum de Cícero passou por um processo inédito até então na carreira do artista: pela primeira vez, as gravações não foram feitas por celulares ou notebooks. A praia foi o primeiro disco do carioca gravado em estúdio: ;Foi diferente, pois antes a capacidade de produzir os sons das músicas ficava limitada a mim. Agora, se eu quisesse colocar um violino em alguma música, era possível. Além disso, tinha toda pressão dos técnicos de som te olhando, entrar em cena com tempo cronometrado.;

Quando questionado sobre as narrativas presentes em cada um de seus trabalhos, Cícero explica que é possível passar um paralelo entre a obra e a própria vida, mas que os comentários e suposições a respeito disso o incomodavam no começo.

;Aprendi a lidar com esse tipo de reação. A pessoa que está te ouvindo cria uma intimidade contigo, mas acaba sendo unilateral. A minha busca é pelo bilateral. Filtro muito o que chega até mim, estou mais esperto hoje em dia com essas reações. Recebo aquilo que vem das pessoas que amo e desencano com o que não acrescenta.;

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