Diversão e Arte

Jornalista sueco mostra em livro um olhar estrangeiro sobre Brasília

O lançamento do livro uma semana antes do aniversário da cidade também é uma forma de comemorar a data

Rebeca Oliveira, Luiz Calcagno
postado em 19/04/2015 08:05
O lançamento do livro uma semana antes do aniversário da cidade também é uma forma de comemorar a data

;Meu primeiro encontro com o modelo de cidade do modernismo foi como pousar na lua. Fui confrontado por um lugar como nenhum outro, um Brasil anos luz do outro Brasil;. É assim que o jornalista sueco Henrik Brandão J;nsson descreve o primeiro encontro que teve com Brasília, em 2002, na cobertura da posse do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desde então, o correspondente do jornal sueco Dagens Nyheter na América Latina se apaixonou pela cidade. Ele a visitou diversas vezes. Semana passada, esteve de volta à capital federal para lançar o livro Fantasy Island ; Brave new heart of Brazil (Ilha da fantasia ; O admirável coração jovem do Brasil). J;nsson entrevistou pessoas de variadas classes sociais. Falou com empregadas domésticas, políticos, juízes e prostitutas. Colheu depoimentos de figuras conhecidas da cidade tais como o poeta Nicolas Behr e o fundador do Açougue Cultural T-Bone, Luiz Amorim. ;Brasília tem o centro, as Superquadras, mas a uma pequena distância do Palácio do Planalto, temos cidades abandonadas, tomadas pelo tráfico e a violência;, aponta. A seguir, o escritor faz uma análise apurada, porém estrangeira da capital, às vésperas de completar 55 anos. Para Henrik, o lançamento do livro uma semana antes do aniversário da cidade também é uma forma de comemorar a data. Essa edição virá em inglês. No fim do ano, ele retornará com uma versão traduzida.

Quais as semelhanças entre Brasília e V;llingby, subúrbio sueco fora de Estocolmo, que, segundo o livro, inspirou Lucio Costa na criação do projeto urbanístico de Brasília?
V;llingby foi construída nos anos 1950 porque a Suécia foi um dos únicos países da Europa que não sofreram diretamente com a Segunda Guerra Mundial. Por isso, as ideias modernistas propagaram-se por lá e no Brasil, que também não passou por grandes guerras. Lucio Costa visitou V;llingby e se inspirou no cruzamento entre dois grandes eixos. E a Rodoviária, onde as pessoas podem caminhar na plataforma superior e pegar escadas para a inferior, onde tomam o ônibus ou metrô. Lá, existe esse eixo exatamente igual. Outro conceito importado foi o de superquadras, onde cada uma tem direito a um banco, uma padaria, uma loja. A ideia foi a mesma. Chamamos a cidade de lugar onde se tem trabalho, moradia e lazer. Tudo setorizado.

Houve um intercâmbio cultural entre as duas cidades, depois de Lucio Costa se inspirar no projeto sueco?
Lucio Costa era inspirado no modernismo. Às vezes, parecia que ele tinha mais amigos na Europa do que no Brasil. Ele viajou muito por lá. Sei que ele visitou a Finlândia, que também tinha grandes arquitetos modernos. Estava procurando inspiração dos outros modernistas, porque no Brasil, havia praticamente só ele e as pessoas já estavam julgando-o como moderno demais.

Como foi o seu primeiro contato com a capital?
Fui enviado em dois momentos, em 2002. À primeira vista, tive um choque. Brasília é muito parecida com a Suécia, é Suécia dentro do Brasil. No começo, não ia escrever o livro, só uma reportagem, mas vi que a cidade era complexa e passei um período de dois anos entre a capital e o Rio de Janeiro. Fiquei muito tempo com Nicolas Behr e ele me ajudou bastante. Foi uma boa mistura entre um estrangeiro e um brasiliense que tem amor pela capital.

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