Diversão e Arte

Exposição reúne obras de seis décadas de trajetória de Carlos Bracher

O caos é fundamental para dar sentido às telas do artista.

Nahima Maciel
postado em 14/06/2015 07:30
O Congresso  nos traços de Bracher: paixão por Brasília
Carlos Bracher é confessamente caótico. Tem dificuldade com a linearidade, especialmente quando se trata de pintura. ;Até que socialmente sou mais linear, mas quando vou pintar, é uma confusão danada. Entra um outro eu, que é o grande eu. O lado do expressionismo, do abismo. Pintar, para mim, é um ato de violência e amor. É um ato de nascer e renascer;, avisa.

A pintura de Bracher é cheia de pinceladas densas, camadas de tinta sobrepostas e composições de tonalidades escurecidas, quase sombrias. É de expressionismo que ele fala enquanto passeia pela galeria do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), que recebe uma retrospectiva com 103 obras realizadas entre 1961, tempo em que ainda morava em Juiz de Fora, e 2012, já instalado em Ouro Preto (MG), cidade pela qual se apaixonou no início da década de 1960.

Na entrada do CCBB, Bracher montou o próprio ateliê. Trouxe de Minas a escrivaninha, o armário com os discos que costuma ouvir enquanto pinta, o sofá no qual descansa de frente para as janelas da casa, o armário com as dezenas de tubos de pigmento e o cavalete com uma massa espessa de restos de tinta acumulada durante anos. No pavilhão de vidro, a reprodução é da casa de Juiz de Fora, cidade na qual nasceu, em 1940. Bracher ; Pintura e permanência investiga mais de seis décadas de trajetória. Hoje, aos 75 anos, ao olhar os quadros recolhidos em mais de 20 coleções particulares por todo o Brasil, o pintor brinca que já foi mais contido antes de se entregar às pinceladas revoltas.

Ao Correio, fez alguns traços a carvão com as linhas da capital que o encanta desde a juventude
Autodidata, Bracher sempre se classificou como um expressionista. No início da carreira, até arriscou uns traçados impressionistas. Uma das primeiras pinturas expostas na galeria, A máquina, retrata uma locomotiva. ;É um quadro mais certinho. Eu era mais contido, mais como um impressionista;, avalia o artista. Em Paris, onde morou em 1969 durante uma residência, fruto do prêmio no Salão Nacional de Belas Artes, se deixou contaminar pelo cubismo e pelo modernismo do início do século.
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Bracher ; Pintura & Permanência
Exposição com 103 pinturas de Carlos Bracher. Visitação até 27 de julho, de quarta a segunda, das 9h às 21h, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB - SCES, Trecho 2, Lote 22). Pintura ao vivo com Carlos Bracher, em 4 de julho, às 16h, no CCBB.

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