Diversão e Arte

Maestro Zvonimir Hacko é convidado da Orquestra Sinfônica

Repertório apresentado pelo croata vai de clássico do século 19 a peças contemporâneas

Nahima Maciel
postado em 07/07/2015 07:32

Zvonimir Hacko é o convidado de hoje da Orquestra do Teatro Nacional

Croata naturalizado americano, Zvonimir Hacko é um entusiasta da música contemporânea. Já estreou peças de Arvo Part, Henryk Gorecki, John Adams e Giya Kancheli, para citar quatro dos mais importantes compositores eruditos do século 20. No entanto, para apresentar o que se faz de mais moderno no mundo é preciso uma boa dose de coisas antigas. O repertório que o maestro croata-americano apresenta hoje como convidado à frente da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro (OSTNCS) tem Anton Dvorak e Samuel Barber. O primeiro é um dos compositores mais conhecidos do fim do século 19, e o segundo, nome importante da música contemporânea norte-americana.

;A música nova é um desafio para a audiência geral porque é uma música de ruptura e utiliza uma linguagem que a audiência, geralmente, não entende e talvez será mais bem compreendida em 50 ou 100 anos. Mas acho que exposição é a chave. Eu gosto de introduzir uma nova peça de música na maioria dos meus programas para expor a audiência a essa linguagem;, diz o maestro.

Samuel Barber seria a nova peça do concerto de hoje. Morto em 1981, o compositor foi um neorromântico e autor de harmonias muito melódicas que não vão causar nenhuma estranhamento ao ouvinte. Barber ganhou um prêmio Pultizer por uma ópera chamada Vanessa, mas é o Concerto para violino, executado pela solista Carla Trynchuk, que o maestro escolheu tocar em Brasília como parte do programa de celebração dos ;200 anos de amizade Brasil-EUA;, promovido pela embaixada norte-americana. De Dvorak, a orquestra faz a Sinfonia do Novo Mundo, a mais conhecida do compositor. ;Barber e Dvorak são parecidos no sentido de que ambos são românticos;, avisa Hacko. ;Mas o mais importante é que as duas peças são a quintessência do espírito americano, em gesto e em som. E elas também têm uma sonoridade incrível quando tocadas uma depois da outra porque são contrastantes. O diálogo, se houver um, é entre o compositor e a audiência, não tanto entre as peças. São ambos os trabalhos muito poderosos com muita substância e uma paleta musical muito ampla.;

Diretor artístico da Orquestra Sinfônica da Áustria, Hacko, que já gravou boa parte dos contemporâneos e atuou à frente de orquestras como a de Istambul, México, Haifa e várias dos Estados Unidos, acredita que o maestro precisa ser um líder capaz de mobilizar a massa de músicos que tem à frente com conhecimento musical e inteligência. ;Eu diria que um maestro é um cara que pode andar à frente de cinco faixas de trânsito e parar a circulação com sua presença. A força de personalidade que vem da servidão à arte da música, o verdadeiro conhecimento do material que ele está regendo ; é isso que faz um bom maestro. Uma convicção sobre uma verdade artística. Verdadeira liderança é a servidão à música e proporciona a convicção de estar mantendo algo vivo;, garante.

[SAIBAMAIS]A formação de Hacko está ancorada em duas culturas. Do leste europeu, ele diz herdar o fogo, a paixão e o comprometimento com a arte. Nos Estados Unidos, aprendeu a alimentar o fogo e torná-lo eficiente. ;Levei muitos anos para chegar ao ponto do equilíbrio ; a sincronia lógica entre controle e paixão. Foi na América que aprendi uma técnica consistente de regência e uma economia eficiente de ensaios, alto nível de organização e inteligência, não apenas trabalho emocional;, conta. Hacko acredita que a música deve ser vívida e deve arrebatar o ouvinte. O papel do maestro é fazer a orquestra crescer e atingir o mais alto nível musical possível, mas, ao fim, ele garante, a única coisa que conta é a própria música.


SERVIÇO
Concerto de 200 anos de amizade Brasil-EUA
Com Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro. Regente: Zvonimir Hacko. Solista: Carla Trynchuk. Hoje, às 20h, no Centro de Convenções.

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