Diversão e Arte

Shakespeare e Serra da Capivara estão no Cena Contemporânea

Hamlet e espetáculo inspirado em desenhos rupestres são destaques da mostra

Nahima Maciel
postado em 27/08/2015 07:30

Cena do espetáculo Hamlet, dos Irmãos Guimarães: diálogo livre com Shakespeare

A programação de hoje e amanhã do Cena Contemporânea apresenta como destaque um dos textos mais famosos do dramaturgo inglês William Shakespeare, em performance criada pelo Coletivo Irmãos Guimarães, e uma dança ancestral levada ao palco pela bailarina Lina do Carmo, no espetáculo Capivara. A arte que se faz pelo corpo e improviso trazem ao festival o ritmo da contemporaneidade.

Lina do Carmo encontrou uma verdadeira arqueologia do corpo na Serra da Capivara. Nos desenhos rupestres cravados nas paredes das cavernas do parque, ela viu uma ancestralidade valiosa. A relação entre dança e arqueologia é comum na trajetória de Lina e virou tema de tese de doutorado, mas também um espetáculo delicado. A coreografia de Capivara, que estreia amanhã no Cena Contemporânea, tem a intenção de reativar uma memória ancestral de um corpo enterrado no passado, mas cuja presença ficou registrada em desenhos milenares. ;Me inspira afirmar este corpo sem data, que recria os traços da espontaneidade como segunda natureza, a natureza artística que vibra do passado no presente e rompe com estes clichês em torno de o que é arte contemporânea;, avisa a artista.

Lina do Carmo transformou em dança as imagens ancestrais da Serra da Capivara

A pesquisa da qual nasceu Capivara teve início em 1996, quando Lina esteve no parque do Piauí pela primeira vez. Ela fala em ;arqueologia da expressão; e ;temática do solo; como caminhos para compreender o corpo. No espetáculo, a bailarina dança enquanto imagens dos desenhos rupestres são projetados em seu corpo e no palco.

Radicada na Alemanha desde o final da década de 1980 e com formação em mimodrama com o mímico francês Marcel Marceau, Lina tem a própria raiz como fonte de pesquisa. Além do pé na cultura brasileira, ela tem o corpo como espaço de criação e mitologia. Na fusão entre mímica, teatro e dança, ela encontra uma linguagem própria.

O trânsito entre diferentes culturas, a coreógrafa acredita, está impresso em seus trabalhos e na sua forma de ser. ;A dança, na sua forma tradicional, vai explorar o espaço para inscrever os movimentos expressivos, e quando este espaço é condensado num espaço metafísico, creio que o corpo torna-se um simulacro dos instáveis estados de corpo que defino como o movimento-gestual.;


A matéria completa está disponível , para assinantes. Para assinar, clique aqui.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação