Diversão e Arte

Claudia Giudice conta em 'Uma vida sem crachá' como sobreviver a demissão

Em tempos de instabilidade econômica, a autora conta como buscar um plano B

Rebeca Oliveira
postado em 03/09/2015 07:30
De uma grande metrópole ao litoral baiano: Claudia Giudice mostra, na prática, como se recuperou após ser desligada de uma grande empresa
Era uma segunda-feira comum. Uma tarde de agosto como outra qualquer. A rotina de trabalho se parecia com a de sempre. Mas há dias, Claudia Giudice, que ocupava o cargo de diretora na maior editora do país, estava se perguntando o que faria se perdesse o emprego. Como uma espécie de premonição. Viver sem folha de ponto, e-mails corporativos, planejamento orçamentário, metas a cumprir. O fantasma da demissão parecia assustador. Até que aconteceu. No ano passado, a executiva perdeu o emprego de forma sumária entre uma série de cortes adotados na empresa onde trabalhou por mais de 20 anos. Em vez de se lamentar, Giudice decide tocar um sonho antigo: administrar uma pousada no litoral norte de Salvador. O que era plano B, virou o plano A. Da experiência, surgiu o blog A vida sem crachá, que, agora, sai em livro pela editora Agir.

Com taxa de desemprego batendo recordes no Brasil e no mundo, aumenta a quantidade de produtos culturais com coluna dorsal semelhante ao livro da escritora e empresária. São histórias de profissionais que se viram desempregados e, aparentemente, sem rumos. Alguns, com mais de três décadas de experiência e prestes a se aposentarem. A corda bamba é generalizada. No entanto, o tom trágico acaba por aí. Com criatividade e um pouco de inovação, estas pessoas tomaram outro rumo. Assim como a jornalista, escritores e artistas, por opção ou falta dela, abandonaram uma carreira sólida em busca do novo.

Em entrevista ao Correio, Claudia explica que nem nas piores expectativas poderia imaginar que ;a situação econômica do país influenciaria na criação do livro;, em que fala mais de experiências pessoais do que de corporativismo e economia. A trajetória foi se desenhando de maneira empírica. Claudia não tinha um plano estratégico. ;Minha preocupação em boa parte da obra era me concentrar no depois. Superado o luto da demissão, o que fazer da vida?;, indagou-se. ;Percebi que o plano B não necessariamente significava abrir um negócio próprio, mas procurar outra forma de tocar a carreira, de me remunerar. Afinal, é possível viver sem crachá, mas não sem o mínimo de dinheiro;, afirma. ;Ao sair de uma grande empresa, percebi que dava para me sustentar com menos, que não precisava de altos salários;, acrescenta.

Em tempos de instabilidade econômica, a autora conta como buscar um plano BA vida sem crachá
A dor de perder o emprego e a experiência de dar a volta por cima com um plano B. De Claudia Giudice. Agir, 192 páginas. Preço médio: R$ 30.

A procura de um plano B? Leia dicas de Claudia Giudice.

Em A vida sem crachá, Claudia Giudice fornece importantes conselhos pessoais e profissionais a quem se encontra em momentos de transição. ;Estou livre. Estou perdida; foi um dos sentimentos permeados por dualidade que ela registra na obra. Ao Correio, a escritora dá algumas dicas a quem está pensando em investir no plano B.

>> Pensar no que se gosta é meio caminho andado. Procure algo que você entende, e tenha preparo para começar a pesquisar sobre aquele assunto. Qualquer tipo de plano B exige muito conhecimento para que depois dê certo.

>> O grande erro das pessoas é fazer um investimento sem pesquisa. Quando se compra um apartamento, é preciso levar vários fatores em consideração. No caso do plano B, pense do mesmo jeito: você vai viver daquilo pelos próximos anos.

>> Não existe aquela fantasia que não há patrão. Quando se é o único responsável por suas escolhas, é preciso trabalhar muito. No próximo feriado, em 7 de setembro, eu estarei de plantão na pousada, onde preparo quase tudo, inclusive o suco do café da manhã dos hóspedes.

Sem crachá, mas plena

Mais que uma obra de autoajuda profissional, o livro recém-lançado por Claudia Giudice levanta pontos importantes para entender a atual conjuntura brasileira. A jornalista, para citar um exemplo, foi demitida aos 49 anos, meses após conseguir a aposentadoria. ;Existe uma questão a tratar que é a longevidade. Uma pessoa com 50 anos não vai parar de trabalhar, porque ainda tem muitos anos de vida. Algumas têm filho pequeno, e precisam sustentá-los. Não é como no passado, quando, com essa idade, já se estava pronto para colocar o pijama;, observa.

;Outro dia, li em um blog que recomendava 20 livros para conferir antes de pedir demissão. Um deles contava a história de uma arquiteta que decidiu pedir as contas porque percebeu que se continuasse trabalhando no mesmo escritório, nunca teria dinheiro suficiente para comprar os apartamentos que projetava. Este é um daqueles momentos em que repensamos a carreira;, exemplifica.

Ideias como o consumo sustentável e a mobilidade urbana, temas recorrentes na sociedade contemporânea, também tem mais a ver com o estar desempregado do que se imagina. ;Quando se perde o emprego, começamos, logo de cara, a reduzir os custos pessoais. Para isso, começamos a repensar o consumo. Essa autoindulgência te leva para uma revolução no pensamento. As pessoas começam a olhar para o lado e percebem que há uma economia paralela acontecendo ali, bem na frente delas .;

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