Diversão e Arte

Malinês Salif Keita conversa sobre música, fundamentalismo e albinismo

Considerado a voz de ouro da África, músico é referência da produção africana

Irlam Rocha Lima
postado em 30/09/2015 07:30


Chamado de ;a voz de ouro da Àfrica;, o cantor e compositor malinês Salif Keita, 66 anos, foi um dos primeiros a extrapolar as fronteiras da música do seu continente na direção do rock, do funk e do jazz. A história de vida desse artista é supercuriosa. Nascido às margens do Rio Niger, em 1949, teve uma infância solitária e cheia de empecilhos por ser albino.

[VIDEO1]
A sociedade em que cresceu atribuía poderes malignos ao albinismo. Além do preconceito, Keita, como descendente direto do fundador do Império Mali, jamais poderia se tornar um músico, manifestação artística reservada apenas para uma casta chamada Griot.

Mas ele, com o timbre claro e potente, forjado nos campos, abraçou o sonho de construir uma sólida carreira musical, a partir da capital Bamako, para onde se mudou. Lá, passou a se apresentar em cafés e casas noturnas, até ingressar na Rail Band, liderada pelo saxofonista TidianiKoné.

Keita volta ao Brasil para fazer show, no próximo sábado, em Paraty (RJ), no Mimo Festival, em 1970, criou o Les Ambassadeus, que propunha a mistura de instrumentos africanos, como kora, n;goni e balafon, com as guitarras e saxofones. Devido à instabilidade política no Bali, o grupo transferiu-se para a Costa do Marfim, e passou a investir em ritmos de Cuba e do Zaire.

Depois, viajaria para os Estados Unidos e a França. Em Paris, destacou-se cantando na noite e ao participar do Festival des Musiques Métisses d;Angoulême. Keita já havia gravado dois discos, quando veio a consagração com Soro, álbum lançado em 1984 que o projetou internacionalmente.

Dezoito títulos integram a discografia do cantor, e o mais recente é Talé, de 2012, produzido por Philippe Cohen, pelo Gotan Project. O artista malinês, que tem parceria com o guitarrista mexicano Carlos Santana e com o saxofonista norte-americano Wayne Shorter, se apresenta no Mimo, acompanhado por banda formada por quatro músico e duas backing vocals.

Entrevista // Salif Keita

Mestre, como, quando e onde ocorreu sua iniciação musical?
Aprendi a cantar nos campos da minha família. Comecei a cantar quando cheguei a Bamako com o meu irmão. Depois, comecei a tocar em mercados, café e casas noturnas. Depois entrei na banda Rail, uma big band em que aprendi bastante com grandes músicos, como o saxofonista Mory Koné Tidiani e, claro, o meu amigo Kante Manfila.

O interesse por estilos musicais como rock, funk e jazz e ritmos cubanos foi despertado quando?
Desde que começamos a tocar com a banda Rail, escutamos muitos repertórios e meu ouvido foi acostumado com estes estilos. Nós amamos misturar estilos e histórias de cada um.

Ser albino trouxe problemas ou benefício à sua vida e à sua arte?
Devemos, naturalmente aprender a lutar para conseguir um lugar em qualquer profissão quando somos albinos. Não tive nenhum benefício, particularmente.

A matéria completa está disponível , para assinantes. Para assinar, clique aqui.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação