Diversão e Arte

Morrissey fala ao Correio antes do show na capital

Em entrevista exclusiva, o artista inglês fala sobre política, critica a indústria fonográfica e comenta o legado do The Smiths

postado em 01/11/2015 06:10

Em entrevista exclusiva, o artista inglês fala sobre política, critica a indústria fonográfica e comenta o legado do The Smiths

Em termos de atitude, nada se compara a Steven Patrick Morrissey. O artista inglês, considerado um dos mais influentes nomes da cena alternativa e independente mundial, nunca hesitou em defender as convicções que o carregam. Sem receios e completamente imperturbado com críticas, Moz se assumiu vegetariano, falou sobre relações bissexuais, criticou a monarquia inglesa, questionou as tendências fonográficas, disse ter experimentado um período celibatário, entre tantas outras provocações reveladas ao longo de mais de três décadas de carreira.

Mas foi pela música, primordialmente, que ele deu muita porrada e gerou debates pungentes. Líder da lendária banda The Smiths, Morrissey subverteu o cenário musical dos anos 1980 e surgiu como alternativa ao panorama do pop norte-americano instaurado. Os cinco anos em atividade foram o suficiente para tornar o grupo um dos mais celebrados nomes do rock alternativo.

Em carreira solo, continuou a se destacar pelo discurso contrário ao mercado e lançou discos contundentes. Recentemente, soltou uma autobiografia ; um dos maiores sucessos editorias da Inglaterra ; e voltou às páginas da imprensa mundial por conta de um câncer no esôfago, do qual afirma estar curado.

O Correio teve a rara oportunidade de conversar com um dos mais controversos artistas da atualidade. Antes de se apresentar por aqui, em 29 de novembro, Moz se deixou questionar sobre o The Smiths, as posições políticas e os arrependimentos acumulados. Quanto ao show, não demonstrou qualquer apreensão ao encarar uma cidade pela primeira vez e se limitou a dizer aos brasilienses: ;Mal posso esperar;. O sentimento é recíproco.



1987
Ano em que o The Smiths termina

entrevista Morrissey

Você já esteve no Brasil algumas vezes. Alguma lembrança atípica?

Atípica? Bem, eu costumo me lembrar de São Paulo, onde uma garota cega subiu no palco e veio ao meu encontro. Ela me entregou um bilhete que dizia: ;Não posso te ver, mas te amo;. Não acho que seja algo que tenha acontecido com o pessoal do Abba, por exemplo.

Podemos esperar sua aposentadoria? Você mencionou a possibilidade em ocasiões passadas...
Estou exausto da falta de interesse de gravadoras. Chega uma hora em que parece irrelevante manter alguma esperança de que alguém vai dar as caras e reconhecer seu valor.

Você nunca hesitou em compartilhar suas convicções políticas. Como artista e figura pública, sente-se obrigado a se posicionar?
Todos temos esse anseio. Todos estamos envolvidos em uma vida política e sofremos as consequências de governos ruins. Se você parte do pressuposto de que políticos possuem algum tipo de poder intelectual divino, você está bem enganado.

Há algo ainda a ser alcançado, enquanto artista?
Tenho um repertório que amo e conto com a plateia mais leal do planeta. Meu sucesso é único e não sou confundido com qualquer outro artista. Nunca tirei vantagem da minha posição e nunca me deixei ser explorado. Minhas canções foram regravadas por grandes artistas e eu posso tocar em quase todo o mundo. Mesmo hoje, 33 anos depois e contando. Sou abençoado de todas as maneiras.

Diria que foi completamente compreendido?
Sim, mas isso é uma faca de dois gumes. Sempre haverá quem desgoste de você, mas não porque não te entenda, mas porque você atinge lugares dentro dessas pessoas dos quais elas próprias não gostam. Portanto, criticam.

A matéria completa está disponível , para assinantes. Para assinar, clique .

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação