Diversão e Arte

Mulheres conquistam espaço nas picapes de Brasília; conheça algumas DJs

Nomes como Unicornians e New chicks on the block estão na lista

postado em 14/12/2015 07:22

Mulheres como as Unicornians têm ganhado espaço na discotecagem em Brasília com profissionalismo, qualidade e inovação
C4Ju4n4, Donna, Unicornians, Ana Ramos, Janna e New chicks on the block são alguns dos nomes que estão mudando o cenário predominantemente masculino da discotecagem em Brasília. Cada vez mais presentes na cena cultural, as DJs mulheres têm quebrado o esteriótipo de que ;está ali porque é bonitinha ou gostosinha, de que alguém a colocou em cima do palco, de que não tem técnica, pesquisa musical e mal sabe ligar os cabos do próprio equipamento;, como explica Fernanda Duarte, a DJ C4ju4n4. Primeira mulher a tocar favela bass na capital - um ritmo derivado do funk ;proibidão; e do trap - ela é um dos nomes que se destacam nas line-ups.

O coletivo New chicks on the block (NCOB) caiu de paraquedas. DJs há pouco mais de um ano, as amigas Nice Moanna, Tatiana Fonseca e as irmãs Manuela e Mariana Acioli começaram a tocar de brincadeira. ;Tínhamos alguns amigos DJs e eles nos chamavam para aprender nas festinhas que tocavam para conhecidos;, conta Nice.

Já o duo Unicornians está imerso na música desde a infância, quando Ananda Streit começou a tocar piano clássico e Athena Ilse aprendeu violão. As amigas juntaram-se para discotecar há quase dois anos pela afinidade de gostos, mas não tinham a pretensão de se profissionalizar. Elas se lançaram em concursos de caça-talentos de algumas festas e, logo que conquistaram certo prestígio, também começaram a produzir festas.

Tem cada vez mais mina aparecendo na cena, fazendo seu corre, querendo participar, tanto como DJ quanto na produção. E essa coragem de botar a cara no sol é linda!”, afirma a DJ Ana Ramos. Ela ressalta que, até pouco tempo atrás, Brasília tinha poucas mulheres cujos nomes eram lembrados e, agora, existem várias.

Mesmo assim, a igualdade está para acontecer. ;Inúmeras DJs são impecavelmente mais talentosas, tocam tracks bem melhores que muitos DJs homens, mas continuam na sombra deles;, destaca Ana.

O preconceito

Contra o preconceito que afirma ter sofrido para se inserir no meio, a DJ C4ju4n4 decidiu criar a própria produtora, formada exclusivamente por mulheres. ;Sempre quis produzir e nunca credibilizaram, acreditaram ou ouviram minhas ideias, justamente por ser mina;, conta. Hoje, a ANTD tem feito sucesso com a festa que deu nome ao empreendimento: As novinhas tão Disney.

Sinto que as pessoas, em geral, tendem a respeitar e a valorizar mais o sexo masculino como profissionais;, comenta Athena. Como exemplo, ela cita os seguranças e técnicos de som, que costumam aceitar mais facilmente demandas vindas de homens. A parceira de picape, Ananda, conta que já passou por situações de desconforto e insegurança enquanto organizava uma festa. ;Tenho a sensação de que mulheres no comando podem deixar alguns homens incomodados. Isso é muito ruim porque desmotiva o nosso trabalho;, explica.

A DJ Ana Ramos também conta que já foi barrada pelo segurança da festa onde iria tocar por não acreditar que estaria ali a trabalho. ;Produtores já me destrataram e me diminuíram e DJs homens me subestimaram;, conta. Ela lembra que o desrespeito pode vir, também, de mulheres que tocam há mais tempo.

Respeito conquistado

Para conquistar espaço em algumas das festas mais bombadas de Brasília, a maioria das DJs contou com o apoio de amigos e conhecidos do meio. ;Não foi uma caminhada só nossa e, felizmente, ninguém nunca nos virou as costas;, conta a DJ Nice. Assim também foi com veterana Donna, que começou a tocar há 15 anos, quando quase não havia mulheres comandando as picapes.

Após um ano de prática com toca discos de amigos, foi a única mulher de Brasília selecionada para o curso da Red Bull Music Academy. Mas o reconhecimento só chegou quando Donna montou a própria pista na extinta Festa Ambulantes e tocou ao lado do DJ Celsão, precursor da discotecagem de black music no Distrito Federal.

Na época, a DJ não tinha condições de comprar um toca discos e, por isso, tocava no CDJ, um aparelho que mixa CDs. Ela conta que foi um período complicado para ser reconhecida. ;Ou você tocava em vinil ou era desprestigiado. Eu não tinha nome e tocava no CDJ;, conta. Hoje, ela é uma das pouquíssimas mulheres que trabalham com os bolachões em Brasília.

Parceira de projetos e de treinos, a DJ Janna também é uma delas. Há quatro anos na cena, foi a primeira mulher a tocar trap na cidade, mas garante que conquistar um espaço sozinha não é tarefa simples, especialmente no hip-hop: ;Ainda rola uma resistência para as mulheres serem tratadas de igual pra igual;. Juntas, as DJs estão envolvidas em um projeto que deve chegar em fevereiro de 2016: a festa Boombap, cujo nome é onomatopéia para a base do hip-hop underground.

Para manter o respeito e se destacar nas line-ups, todas elas ressaltama importância de pesquisar lançamentos, de treinar técnicas de mixagem, de aguçar os ouvidos e estudar música. Também é comum o interesse pela mistura de músicas conhecidas com outras nem tanto. ;Tocar o que todo mundo já ouve é fácil. Bom mesmo é colocar uma música pela primeira vez;, conta a DJ Nice.

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