Diversão e Arte

Marchinhas tradicionais continuam fazendo parte da cultura do carnaval

'Me dá um dinheiro aí' e 'Ó abre alas' ainda são bastantes executadas em bailes e blocos

Adriana Izel
postado em 08/02/2016 07:25
Rodrigo Faour defende a volta das marchinhas às rádios
É uma trajetória que começou em 1899, teve seu auge nos anos 1930 e 1940 e se confunde, até hoje, com a própria história do carnaval e da cultura popular brasileira. As marchinhas, apesar de já não gozarem mais do apelo comercial e da produtividade que tinham na metade do século passado, continuam sendo parte integral dos bailes e blocos espalhados pelo país. Canções como Ó abre alas, de Chiquinha Gonzaga, ; a primeira marchinha composta de que se tem notícia ;; Me dá um dinheiro aí (Homero Ferreira/Ivan Glauco), de 1952; Roubaram a mulher do Rui (José Messias), de 1962; e inúmeras outras, passaram no teste do tempo e continuam funcionando como as trilhas sonoras perfeitas para uma das festas preferidas dos brasileiros, sendo cantadas e festejadas por diferentes gerações.


Além de servirem para embalar com propriedade a folia, canções de grandes compositores como Lamartine Babo, Braguinha e Haroldo Lobo são verdadeiros documentos dos costumes, da política e do espírito dos brasileiros entre os anos 1920 até 1960, quando as marchinhas começaram a se tornar algo mais pontual, muito em razão da ascensão do samba-enredo como estilo símbolo do carnaval, a partir de 1970 e 1980. ;Até hoje, são realizados concursos de marchinhas de carnaval no Rio de Janeiro, mas não há mais apelo comercial e interesse das gravadoras. Sem isso e sem tocar nas rádios, não há como ter um revival;, analisa o jornalista, crítico musical, produtor e pesquisador Rodrigo Faour em entrevista ao Correio.


Considerado um dos reis das marchinhas e responsável pela composição de sucessos como Cabeleira do Zezé, Mulata iê-iê-iê, Maria Sapatão e Bota a camisinha, João Roberto Kelly também acredita que a ausência da forte presença do estilo nos carnavais tem a ver com a falta de apoio. ;Não quero entrar no mérito da qualidade das marchinhas, porque sempre há produções boas e ruins em qualquer safra; O que está faltando é divulgação. Nos anos 1960, 1970 e 1980, quando fazíamos as marchinhas, havia muitos programas de televisão que apoiavam os artistas;, relembra.


[SAIBAMAIS]O compositor afirma que, naquele período, as próprias gravadoras eram grandes incentivadoras das marchinhas, lançando anualmente em novembro discos de 10 a 12 faixas inéditas. ;Essas músicas começavam a ser divulgadas. Havia todo um clima em cima das canções;, explica. Por isso, João Roberto Kelly descarta pensamentos de que exista uma falta de renovação de compositores. ;Acho que o que está faltando é o apoio, porque há sim pessoas fazendo marchinhas e se esforçando para manter a tradição;, comenta.

Ele cita o Concurso Nacional de Marchinhas Carnavalescas promovido anualmente pela Fundição Progresso, no Rio de Janeiro. ;É um esforço que eu louvo, mas, infelizmente, ainda é pouco. Não adianta fazer um concurso, premiar e não ter uma repercussão. Também acho que é feito muito tarde, antigamente, as músicas eram divulgadas em novembro, as pessoas tinham muito tempo para aprender a letra;, completa. O concurso chegou neste ano à 11; edição. A vencedora das 10 marchinhas selecionadas foi anunciada domingo (7/2) no evento Rio Marchinhas ; Carnaval da Lapa.

A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação