Diversão e Arte

Artistas de Brasília revelam seus sambas favoritos

No ano em que o samba comemora o seu centenário, o Correio ouviu personalidades do DF e quis saber delas o que guardaram na lembrança em relação ao ritmo

Irlam Rocha Lima
postado em 24/04/2016 07:45
No ano em que o samba comemora o seu centenário, o Correio ouviu personalidades do DF e quis saber delas o que guardaram na lembrança em relação ao ritmo
Desde que, em 1917, Donga gravou Pelo telefone, tido como o marco inicial do gênero mais popular e de maior representatividade da MPB, são incontáveis os sambas que entraram para a história e passaram a fazer parte da memória afetiva dos brasileiros. Criações de Noel Rosa, Ary Barroso, Cartola, Paulinho da Viola, Chico Buarque ; só para citar alguns mestres ; e de tantos outros compositores, estão reunidas em antologias, não necessariamente impressas, mas presentes no imaginário popular.

No ano em que o samba comemora o seu centenário, o Correio ouviu personalidades ligadas às artes em Brasília e quis saber delas o que guardaram na lembrança em relação ao ritmo de origem africana. A reminiscência de todos está ligada a algum momento que se tornou marcante em sua vida ; por razões diversas ; como algo indelével.

;Aquarela do Brasil, nosso segundo hino, faz parte do repertório que o Choro Livre apresenta em shows no exterior. Da China aos Estados Unidos, dos Emirados Árabes à Europa, é impressionante a empatia que o samba-exaltação de Ary Barroso desperta no público. Em nosso país, sinto que as pessoas se identificam com aspectos do cotidiano retratado pela letra, mesmo com o que, alguns, veem como redundância.Um exemplo disso é ;esse coqueiro que dá côco.;
Reco do Bandolim, presidente do Clube do Choro

;Sempre tive profunda admiração por Foi um rio que passou em minha vida. Paulinho da Viola é hoje um sambista consagrado, quando fez esse clássico, dedicado à Portela, estava triste e vivia uma fase de desesperança. A partir dali, houve uma transformação em sua carreira artística, passando a ser considerado um dos nossos maiores compositores. Fico emocionada sempre que ouço esse samba imortal. Conversei uma vez com o Paulinho e vi percebi uma pessoa linda.;
Maria do Carmo Manfredini, mãe do roqueiro Renato Russo

;Considero Piano na Mangueira um samba inspiradíssimo. A bela melodia criada por Tom Jobim se casa perfeitamente com a letra de Chico Buarque. Em 2002 eu era spalla da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional e participei da gravação de Piano na Mangueira, sob a regência do maestro Sílvio Barbato, que resultou no CD Clássicos do samba, que tinha Jamelão como intérprete.;
Cláudio Cohen, maestro da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional

;Adoro Retalhos de cetim, de Benito da Paula, que faz a condução da harmonia de um tom menor para um tom maior. Considero a letra desse samba bem construída e á uma música boa de cantar em reuniões de amigos e mesmo num show em bar. Ultimamente, tenho me dedicado totalmente à música clássica e por isso não tenho voltado a Retalhos de cetim.;
Janette Dornellas, cantora lírica

;Conversa de botequim, de Noel Rosa e Vadico, sempre me emociona. É um samba extraordinário, coisa de gênio, que cinematograficamente faz você visualizar o ambiente de um botequim, com a presença de Noel ali sentado numa damesas, falando para o garçom: ; Não se esqueça de me dar palitos/ E um cigarro pra espantar mosquitos/ Vá dizer ao charuteiro/ Que me empreste uma revista/ Um isqueiro e um cinzeiro...;
Márcio Penna Lacombe, radialista

;Quando ouço samba me lembro com saudade da minha irmã Bia Reis, que apresentava o programa Memória musical, na Nacional FM. Recordo que nas reuniões familiares ela gostava de cantar o hino da bossa nova Chega de saudade, samba clássico de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Sempre vou ligar essa música à querida Bia.;
Guilherme Reis, secretário de Cultura

;Sempre que ouço Tô voltando (Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro), na voz da Simone, tenho vontade de fazer feijoada, porque a letra fala em preparar um feijão preto e colocar a cerveja pra gelar. Esse samba abre todas as feijoadas do Universal. Devido ao sucesso da que promovi no carnaval, farei outra em breve.;
Mara Alcamim, chefe de cozinha

;Desde que o samba é samba, de Caetano Veloso, já nasceu clássico. Pela melodia e pela letra, o vejo como um samba na linhagem do compostos por Noel Rosa, mas tem alguma coisa de Novos Baianos.
André Luis Oliveira, cineasta

"Cartola tem um dom genuíno. É um compositor que se expressa de forma criativa, lírica. Suas letras trazem verdades, com um sentimento humano que o faz próximo das pessoas. Acontece é um de suas composições que mais me enternece. Cantei esse samba certa vez, num show do projeto Móveis Convida, que teve a participação do Hamilton de Holanda. Foi emocionante.;
André Gonzales, do Móveis Coloniais de Acajú

;Mangueira teu cenário é uma beleza/ Que a natureza criou/ O morro com seus barracões de zinh/ Quando amanhece que esplendor/ Todo mundo te conhece ao longe/ Pelo som dos tamborins e o rufar do seu tambor/ Chegou, ô, ô, ô/ A Mangueira chegou, ô, ô, ô. Taí um samba de letra simples e melodia bonita, que é pura empolgação, na voz de Jamelão. Não por acaso, Exaltação à Mangueira (Eneas Brito e Aloísio Augusto) é sempre ouvido antes da Mangueira iniciar os desfiles.;
Ralph Gehre, artista plástico

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