Diversão e Arte

Artista brasiliense expõe desenhos que vão muito além da pornografia

Fernando Carpaneda faz exposição em Brasília com série de desenhos realizados em Nova York com voluntários anônimos

Nahima Maciel
postado em 28/05/2016 07:05

Temas tabus sempre estiveram na mira do artista plástico

Um desafio levou o artista brasiliense Fernando Carpaneda aos desenhos da exposição Apenas pênis, em cartaz a partir de hoje na Galeria Arte XXX. Conhecido pelas esculturas de personagens da cultura underground retratados nus, o artista queria um novo desafio. Radicado em Nova York há 16 anos, Carpaneda publicou anúncios em jornais de Manhattan à procura de voluntários que topassem expor o pênis para que o artista pudesse desenhá-lo. O resultado é três séries de 16 desenhos e 67 fotografias nas quais retrata o órgão masculino em uma textura aquarelada e crua, sem cores, na maioria das vezes num tom acinzentado.

A ideia surgiu em 2009. ;Queria fazer uma série de desenhos, mas algo que fugisse um pouquinho do meu trabalho de nu masculino, porque geralmente construo a figura inteira quando estou esculpindo ou pintando. Então pensei, ;por que não desenhar só os pênis dos modelos, seria algo que eu ainda não tinha explorado na minha obra;. Mas não queria usar modelos convencionais, modelos pagos;, conta o artista. A história dos personagens é sempre importante na obra de Carpaneda. Para todas as figuras retratadas nas esculturas há um relato que justifica o contexto. Alguns são figuras famosas do mundo punk, da música e do universo underground. Prostitutas, travestis e músicos sempre estiveram na mira do artista, que os retratava em esculturas de gesso hiper-realistas nas quais sempre incluía um detalhe pessoal do retratado, como um fio de cabelo, sêmen ou um pedaço de tecido de uma roupa.

A experiência de Apenas pênis foi completamente diferente. O artista não manteve o controle sobre os tipos retratados. Homens de todas as idades e aparências físicas posaram em quartos de hotéis, suas próprias casas e até em escritórios de trabalho. Houve de caixa de banco a skinhead, de parente de artista famoso a exibicionistas. Os desenhos podem ser mais explícitos ou mais velados, mas não chegam a ser pornográficos. ;Eu vejo os trabalhos como uma obra de arte. Vejo além dos falos. Mas essa é minha visão como artista e eu sempre esqueço que o tema ;pênis; ainda é um tabu na sociedade. Não vejo nada de mais em retratar criações feitas por Deus;, diz.

A matéria completa está disponível , para assinantes. Para assinar, clique .

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação