Diversão e Arte

'Aquarius me resgatou para o cinema brasileiro', revela Sônia Braga

Em entrevista, a atriz comenta os principais desafios da carreira e a homenagem no Festival de Gramado

Julio Cavani
postado em 24/08/2016 07:01

Atriz durante divulgação do longa no festival de Cannes

Recife ; Depois de Dona Flor, Gabriela, Tieta, Mulher-Aranha e A dama da lotação, entre outras personagens históricas do cinema brasileiro, Sonia Braga agora é Clara, a protagonista de Aquarius. Antes de voltar às telas no filme dirigido por Kleber Mendonça Filho, a atriz também será homenageada nesta semana no Festival de Gramado, onde receberá o Troféu Oscarito pelo conjunto da obra na noite de abertura na sexta-feira. Aquarius, que estranhamente teve a classificação etária 18 anos determinada pelo Ministério da Justiça, estreia no país em 1; de setembro.

Há três meses, o filme surpreendeu os críticos durante disputa pela Palma de Ouro no Festival de Cannes e fez Sonia reconquistar a atenção nacional e internacional. Ela já havia sido jurada em Cannes, já foi uma das apresentadoras do Oscar e participou de produções de Hollywood na década de 1980. Nos últimos anos, fez pontas em filmes e em seriados, como Sex and the city. Depois de Aquarius, participou da série Luke Cage (parceria da Marvel com o Netflix) e fará personagens coadjuvantes nos filmes Wonder (com Julia Roberts e Owen Wilson) e Going places (com John Turturro e Susan Sarandon).
[SAIBAMAIS]
;Sou a mesma pessoa que fez Dancin days, Gabriela e Dona Flor e seus dois maridos, mas é como se eu estivesse esquecida em Marte. A equipe de Aquarius me resgatou para o cinema brasileiro;, declarou a atriz paranaense em entrevista no Recife.

Entrevista

O que Recife passou a significar para você depois de Aquarius?
Quando fiz Gabriela, a Bahia me recebeu como se eu fosse nordestina. O Jorge me recebeu como se eu fosse filha dele. Criei essa relação com o Nordeste. Eu já tinha vindo ao Recife e já tive namorados pernambucanos, mas não conhecia a cidade. Por ter filmado com Kleber e com as pessoas que fizeram o filme, Recife passou a ser uma das cidades mais importantes da minha vida. Não como atriz, mas como pessoa.

No filme, você parece muito espontânea e natural, como se não enfrentasse
grandes dificuldades para atuar. Quais foram os maiores desafios que você
encontrou durante as filmagens?

Eu não dirijo. Eu não sei nadar. Eu não toco piano. A cena que mais me fez sofrer foi a cena do piano, em que eu toco quatro acordes. Não sei se é um trauma. Comecei a aprender piano quando eu era criança e fui obrigada a parar. Eu fui obrigada a parar de fazer muitas coisas que eu gostava muito quando meu pai morreu. Cantar em público, pra mim, também é uma dificuldade.

Em uma entrevista cedida no Festival de Cannes, você fez uma analogia entre
seu trabalho em Aquarius e figuras da religiosidade afro-brasileira. O que
você quis dizer com essa comparação?

Eu falei, mas, na mesma hora, repensei o que eu disse porque eu acho que a religião não cabe nesse filme. É apenas uma metáfora bonita, que eu continuo gostando. No candomblé, a força da religião é a natureza. São as florestas, o mar, as cachoeiras... Eu e Clara viemos de lugares diferentes. Ela é do mar, como Iemanjá. Eu sou da cachoeira, como Oxum. Quando nos encontramos, viramos uma energia só. Nós duas somos do elemento água. Eu sou agnóstica, mas quando vejo um terremoto ou um tsunami eu vejo a força que esse planeta tem. É uma coisa de um poder incrível. São coisas que podem ser incrivelmente destruidoras.

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