Diversão e Arte

Livro mistura prosa e lirismo

Coletânea revela a dimensão poética da produção de Virginia Woolf ao discorrer sobre Montaigne, a arte de ler, a pintura e o cinema

Severino Francisco
postado em 27/08/2016 07:34
Virginia Woolf considerava que a melhor prosa é a mais plena de poesia
Virginia Wooff se destacou na literatura moderna com Orlando, Mrs. Dalloway e Ao farol, em uma escrita impressionista, colorida, fluída e musical. Há autores que se transfiguram ao passar da ficção para o ensaio e assumem uma postura mais austera e menos imaginativa. Não é esse o caso de Virginia Wooff; ao se exercitar no ensaio, ela levou para o gênero todas as qualidades e as liberdades da ficção. É o que podemos apreciar na coletânea de ensaios O sol e o peixe (Ed. Autêntica). Ela reúne uma seleção de nove textos, enfeixados em três blocos: a vida e a arte, a rua e a casa, e o olhos e a mente.

São prosas verdadeiramente poéticas. E a própria Virginia Wooff se encarrega de estabelecer uma estética para a prosa, ao comentar o estilo natural de Montaigne, o criador do gênero ensaio: ;Ao escrever, escolha as palavras comuns; evite a rapsódia e a eloquência ; mas, é verdade, a poesia é deliciosa; a melhor prosa é aquela que está mais plena de poesia;.
[SAIBAMAIS]

No primeiro segmento, é possível destacar dois ensaios que são pequenas obras-primas: Montaigne e A paixão da leitura. Escrever sobre si mesmo parece a tarefa mais fácil do mundo, no entanto, quando nos lançamos ao empreendimento, ele se revela permeado de armadilhas, dificuldades e desafios.

Esse é o segredo de leMontaigne, o criador do gênero ensaio, o homem que transformou em arte o exame severo da própria alma: ;Mas falar de si mesmo, seguindo as suas próprias veleidades, fornecendo o mapa inteiro, o peso, a cor e a circunstância da alma em sua confusão, sua variedade, sua imperfeição ; essa arte pertenceu a um homem apenas: Montaigne;.

É por essa razão, segundo Virginia, que Montaigne distingue-se e permanece vivo através do tempo. Ele se revelava inteiro, com seus defeitos e erros:;Não podemos nunca ter dúvidas de que seu livro era ele próprio. Ele se recusou a dar aula; ele se recusou a pregar; insistia em dizer que era exatamente como outras pessoas;.
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