Diversão e Arte

Morte do ator Domingos Montagner comoveu colegas e público

O ator, protagonista de Velho Chico, morreu afogado nas águas do Rio São Francisco

Alexandre de Paula, Adriana Izel
postado em 17/09/2016 07:30

O ator, protagonista de Velho Chico, morreu afogado nas águas do Rio São Francisco

No dia seguinte à morte do ator Domingos Montagner, a emoção e a perplexidade ainda tomavam conta dos colegas e fãs. Era difícil acreditar que Montagner, aos 54 anos, havia de fato morrido por afogamento nas águas do Rio São Francisco na tarde de quinta-feira. O ator estava na região de Canindé, em Sergipe, para gravações da novela Velho Chico, em que interpretava o protagonista Santo. O enterro do ator ocorrerá hoje, segundo o irmão Francisco Montagner, em São Paulo. O sepultamento será no Cemitério da Quarta Parada, na Zona Leste da capital paulista. Antes, às 9h, haverá um velório no Teatro Fernando Torres, em Tatuapé.

Autor da novela, Benedito Ruy Barbosa afirmou nunca ter tomado um choque tão grande em toda a vida. Os rumos do folhetim, segundo o escritor, ainda são incertos, mas ele planeja homenagear Montagner. ;Para ser franco, ainda não sei o que vamos fazer. Não há como remediar. Vou me reunir com meu neto (Bruno Luperi, coautor da história) e com o diretor Luiz Fernando Carvalho para discutirmos. Quero homenageá-lo. Ainda não imaginei nada, mas o coração é que vai falar quando eu for escrever. Não podemos esquecer da novela, mas a hora agora é de pensar nessa grande pessoa que foi o Domingos;, disse ao jornal O Globo.

Porém, já está confirmado que no último capítulo da novela, que vai ao ar em 30 de setembro, haverá um minuto de silêncio em respeito à trajetória profissional e pessoal do ator. Fotos de diversos momentos de sua carreira serão exibidas sobre a imagem do mesmo rio.

Escalado anteriormente para outra novela do mesmo horário, Montagner pediu para a diretora Denise Saraceni autorização para aceitar o convite de Benedito. Ele viveria o papel do vilão da trama, que ficou para José Mayer. Segundo a autora Denise, o ator tinha um grande desejo de fazer parte de Velho Chico. ;Ele entrou na minha sala e disse: ;Denise, eu quero muito trabalhar com você, mas não vai ser agora. Eu preciso fazer Velho Chico;. Acho que ele tinha um encontro;, afirmou.

"Sempre quis fazer bem meu trabalho"

Caracterizado pelos colegas de profissão como um profissional ímpar, Domingos Montagner sempre se preocupou com a repercussão de seu trabalho. O ator concedeu entrevista ao Correio em 2012, quando estava no ar na minissérie O brado retumbante, em que viveu o seu primeiro protagonista da carreira, o personagem Paulo Ventura, um advogado mulherengo que se torna presidente de um Brasil fictício. A estreia em uma novela da Globo foi em Cordel encantado (2011) e logo Domingos ganhou ares de queridinho da emissora. No bate-papo, o paulistano falou sobre a mudança do palco para a telinha e já, naquela época, comentou os rótulos de galã, que se firmou anos mais tarde. Confira trechos da entrevista.

Domingos Montagner na minissérie 'Brado retumbante'


Por que levou tanto tempo para fazer televisão?
Nunca programei fazer tevê, em virtude do meu trabalho no teatro e no circo, que envolviam grande parte do meu tempo e da minha dedicação. Para você fazer tevê, tem de trabalhar para isso. Talvez, pela longevidade do meu trabalho, isso tenha acontecido de maneira espontânea. Fui procurado e atendi com o mesmo profissionalismo que atendi a convites em outras áreas. Demandou um esforço grande sair do teatro por um tempo para fazer televisão.

Alguns atores de teatro ainda têm preconceito em fazer tevê. Foi o seu caso?
Nunca tive preconceito. Existem excelentes trabalhos produzidos na história da teledramaturgia e fico feliz de agora ter acontecido comigo. Sempre quis fazer bem meu trabalho, desde que comecei na carreira. Isso foi uma consequência inesperada porque sou de São Paulo e venho de uma geração muito distante da tevê. Quando comecei minha carreira, a tevê era impensável porque o maior núcleo de teledramaturgia estava e está no Rio. Não tinha tempo de pensar nessa projeção. Minhas expectativas sempre foram ligadas ao teatro. Com o tempo, houve uma procura dos diretores de tevê pelos atores de teatro e a busca por essa diversidade. Aí, acabou acontecendo comigo.

Imaginava ter um percurso tão rápido na tevê?
Fazer o Paulo Ventura me gerou uma ansiedade e um senso de responsabilidade bem aguçados. Fiquei feliz e emocionado por, logo no meu segundo trabalho de destaque na tevê, viver o protagonista. Fiquei sinceramente lisonjeado e feliz porque a minissérie e o assunto são muito bons. E o papel também.

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