Diversão e Arte

Lenine grava refinados CD e DVD com a prestigiada Martin Fondse Orchestra

Gravado na Holanda, álbum dá nova vida a antigas canções, como Paciência, Leão do norte, Jack soul brasileiro e Hoje eu quero sair só

Larissa Lins
postado em 28/09/2016 07:04

Lenine e a Martin Fondse Orchestra: parceria com o maestro holandês que surpreendeu

Aos cantores de baladas populares que se apresentam acompanhados de orquestra, atribui-se muitas vezes o epíteto de crooner. É assim que Lenine se refere a si mesmo, como um crooner, diante do projeto The bridge: Lenine & Martin Fondse live at Bimhuis (Coqueiro Verde, R$ 24,90), que será lançado, em CD e DVD, em outubro. O pernambucano não quer protagonismo, mas reinvenção. No repertório do álbum, gravado na Holanda, dá nova vida a antigas canções, como Paciência, Leão do norte, Jack soul brasileiro e Hoje eu quero sair só. Transforma, ainda, faixas do último disco autoral, Carbono (2015). Dá às próprias letras sonoridade diferente e, nelas, se refaz.
The bridge sintetiza, sob direção de Flora Pimentel e Gustavo Tolhuizen, três anos da trajetória partilhada entre o músico pernambucano e o maestro holandês. É ponte. ;Para onde ela leva não interessa muito, contanto que ela ligue alguma coisa a outra. O melhor de tudo é saber que o que eu faço pode ter função de ponte. De comunicação, de consonância, de coletivo. Saber que, independentemente do lugar onde estou e de onde eu vim, a música que eu faço dialoga com qualquer parte do planeta. Essa é a ponte mais bacana;, destaca Lenine.

O estúdio

O Bimhuis, templo do jazz. Quando a gente estava começando a parceria e íamos tocar no Music Meeting, realizamos encontros e ensaios em Amsterdã. E Martin, de maneira muito bacana, generosa e parceira, me apresentou a cidade por um viés diferente, de barco. Então, eu conheci Amsterdã pelos canais, andando de barco com ele. E passamos junto do Bimhuis, próximos ao estúdio, e ele disse: ainda vamos tocar juntos aqui. Então ele, de alguma maneira, previu isso aí. E de alguma maneira, também, foi bacana termos podido tocar lá, termos capturado o concerto e tornado material o nosso encontro, justamente nessa casa que ele idealizou para tocar comigo.

Os músicos

Para mim, eu é que fui escolhido, eu fui crooner da orquestra. A orquestra já existe há muito tempo, tem uma autoralidade por causa do Martin Fondse. E é por isso que é a Martin Fondse Orchestra. E esse ambiente sonoro que o Martin tem à disposição dele é muito bacana. São dois violinos, um cello e um contrabaixo, uma bateria. E um naipe muito interessante de sopros. Mas que abrange muitos outros instrumentos. Além dele como pianista, que ainda toca outras coisas. Tem um relevo sonoro que é muito característico dele. Então, toda a equação que foi descobrir repertório, tudo era em função dessa assinatura sonora que a Martin Fondse Orchestra tem. Eu só entrei ali com as canções. E disposto a me jogar naquele conceito musical. E foi isso que aconteceu.

Os arranjos

Os diversos arranjos couberam todos ao Martin. Eu só fui cobaia na experimentação dele e na adaptação que ele fez das minhas canções para o universo sonoro da orquestra dele. Eu estava lá praticamente como crooner das minhas composições, evidentemente. Teve essa coisa da confiança, cara. De dizer: divirta-se, Martin. Faça para você se divertir. Que eu me divirto também. Foi isso. Os arranjos são todos dele. As escolhas das canções nós fizemos juntos. Mas já nesse processo de escolhas, a gente estava pinçando canções que já na gravação original continham elementos sonoros que poderíamos explorar dentro daquela orquestra Nós tivemos um período em que ficamos bem próximos, trabalhando juntos. Depois, ele simplesmente me mostrava tudo quando já bem adiantado.

As canções

É um registro diferente das minhas canções. Dá um orgulho por ter a paternidade dessas canções, perceber que elas transitam por universos tão diferentes e continuam as mesmas canções. Isso é o melhor da coisa. Reafirmar esse repertório é muito bacana. E, de alguma maneira, dá um frescor às canções. E elas ganham novas dimensões, graças a essas novas roupagens que a gente fez.

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