Diversão e Arte

Juliana Cortes lança disco com composições de grandes nomes da música

'Gris' foi produzido pelo paulistano Dante Ozzetti, grande nome da vanguarda paulista

Adriana Izel
postado em 01/10/2016 07:32
'Gris' foi produzido pelo paulistano Dante Ozzetti, grande nome da vanguarda paulista

Em 2013, a curitibana Juliana Cortes estreou no mundo da música com o disco Invento. Três anos depois, a cantora retorna ao mercado com mais maturidade em Gris. Produzido pelo paulistano Dante Ozzetti, o disco tem 10 faixas que se interligam contando o percurso de alguém, algo mais relacionado a questão existencial. ;Quando comecei a fazer a produção de Gris, eu não tinha um repertório inteiro escolhido. Eu queria músicas que inicialmente não falassem de amor. A primeira canção foi Uma carta uma brasa através, de Vitor Ramil sobre um poema de Paulo Leminski, e essa música foi desenhando as outras canções;, explica. Até por isso, o álbum tem Mismo, letra de Leo Minax sobre poema de Estrela Leminski (filha de Paulo) e À você amigo, de Paulo Leminski.

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Se no primeiro disco, a cantora tinha uma forte referência do Sul, dessa vez, ela também dialoga com outros lugares e outros movimentos artísticos, como a música argentina, presente em Mismo, parceria com Paulinho Moska, e em Bandida, que contou com um trio de tango formado Diego Schissi, Juan Pablo Navarro e Santiago Segret. ;Eu queria que fosse um disco de narrativas, que as canções levassem até uma história. O percurso de alguém, mas que não fosse eu e nem necessariamente uma relação de amor;, afirma.

Entrevista // Juliana Cortes

Há três anos você lançou Infinito. O que mudou no lançamento de Gris?

Os processos dos dois álbuns são muito diferentes. O primeiro nasceu de um show. Foi gravado praticamente ao vivo. O segundo álbum foi gravado em etapas, em camadas, durante o ano inteiro de 2015. O primeiro também tinha uma referência muito forte com o Sul, o segundo, apesar de ter algo do Sul, ele dialoga com outros lugares e movimentos artísticos. São albuns que se complementam, apesar de distintos.

No encarte de Gris, há varias ilustrações. Do que se tratam?

São ilustrações da Adriana Alegria (designer gráfica). As imagens representam eu e o Dante (Ozzetti, produtor do disco). Ele é o pássaro e eu a moça. É sobre esse nosso encontro. Sou uma pessoa muito voltada para o movimento artístico do Sul e o Dante é um dos grandes nomes da vanguarda paulista. De repente, a gente se encontra nesse álbum para olhar na mesma direção.

Como você vê o cenário da música independente no Brasil?
Essa pergunta é difícil. Eu acho que a gente está num momento de produção musical muito importante, significativo. Saiu recentemente a indicação do Grammy Latino e tem indicações de trabalhos brasileiros de selos e trabalhos independentes. Estamos num momento muito bom de criação, embora eu acho que a gente tem dificuldade de entrar num ritmo de mercado, de show e de se manter tocando na rádio... Isso ainda é uma dificuldade.

Crítica // Gris ###
Segundo álbum de Juliana Cortes, Gris apresenta um repertório de respeito. Vitor Ramil, Dante Ozzetti, Luiz Tatit, Arrigo Barnabé, Maurício Pereira, a lista de compositores é quase que só de nomes consagrados e cultuados na música brasileira. Com essa turma, é difícil imaginar que possa vir um disco ruim. E, de fato, não vem. Juliana Cortes apresenta interpretações muito corretas, sem deslizes. A voz agradável encaixa bem com os arranjos acertados e a produção primorosa de Dante Ozzetti. Falta ao disco, no entanto, apenas alguma dose de emoção, de risco. A voz competente, os bons arranjos quase chegam lá, mas fica faltando aquela pontada certeira. (Alexandre de Paula - Especial para o Correio)

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