Diversão e Arte

Movimento Internacional de Dança chega a Brasília com diversos espetáculos

Serão cinco apresentações internacionais, duas nacionais e cinco locais

postado em 06/10/2016 10:23

Performance do espetáculo 'Proibido elefantes'
No decorrer das próximas semanas, o Distrito Federal será tomado por todas as vertentes da dança. O grandioso Movimento Internacional de Dança, que já recebeu o apelido de MID, ocupa o centro da cidade, mas também se alastra por outras regiões do DF. Ao todo, serão cinco espetáculos internacionais, dois nacionais, além de outros cinco trabalhos locais.

Focado na formação de plateia e no envolvimento do público, o MID não dá as caras somente por meio das apresentações. Entre as várias iniciativas previstas, há horários de aulas abertos para o público em geral. Quem deseja aprimorar as habilidades em tango, passinho e sertanejo terá a oportunidade.

Outro legado, talvez o mais importante, será o intercâmbio promovido entre o festival e um público jovem que sempre pode se beneficiar do contato com a arte. Mais de 500 alunos com algum grau de deficiência intelectual, vindos de Taguatinga, Ceilândia e Brazlândia, estarão envolvidos em atividades pedagógicas, assim como os professores que trabalham com essas crianças. O MID, dessa maneira, envolve a dança em um propósito maior: o social.

Atrações

A curadoria internacional da francesa Anita Mathieu traz atrações elogiadas no exterior e que devem agradar ao público brasiliense, como Bang, duo de Herman Diephuis; e Sacre, de David Wampach. Os dois espetáculos nacionais também merecem atenção, com destaque para Proibido elefantes, da Companhia Giradança, que traz integrantes portadores de necessidades especiais.

O repertório se completa com os artistas do DF que não deixam por menos e aparecem como protagonistas do festival. Os espetáculos Aurora (Eliana Carneiro), Corpo em obra (Larissa Ferreira), De Carne e concreto (Anti Status Quo), Velejando desertos remotos (Marcos Buiati) e Similitudo (Projeto Pés) traduzem o melhor da dança produzida e disseminada na capital federal, com lampejos contundentes e sensíveis. E se a ordem é diversificar, o MID acerta ainda ao convocar uma batalha de break, cuja seleção ficou a cargo do dançarino e produtor Alan Jhone, mais conhecido como Papel. Em Ceilândia, Papel é um dos mais expressivos nomes do hip-hop. Agora, ele carrega as rimas de lá para o centro da cidade. E bora dançar.

MID ; Movimento Internacional de Dança

Festival de dança promovido pelos parceiros France Danse Brasil 2016, Instituto Francês, Embaixada da França e FAC ; Fundo de Apoio à Cultura. Curadoria local por Sérgio Maggio, Yara de Cunto e Giselle Rodrigues. Até 24 de outubro. No Centro Cultural Banco do Brasil (SCES, Trecho 2) e nos Sescs de Ceilândia, Taguatinga e Gama. Confira a programação completa em www.movimentoid.com.br.

Três perguntas / Sérgio Bacelar

Como nasceu o MID e o que ele traz de diferente em relação a outros festivais de dança contemporânea?

O MID nasceu em 2009 com o nome de Movimento D, projeto que aconteceu no CCBB e reuniu quatro companhias brasileira. A edição de 2014 foi um extrato da diversidade da produção de dança brasiliense, que inclui dança de rua, dança do ventre, indiana e outros estilos. Naquele momento foi gerado um livro em três línguas que serviu para difundir a dança do DF. O que o MID traz de diferente é fazer convergir durante o mesmo período e para o mesmo local os diferentes segmentos da dança. Queremos que a dança ocupe mais espaços e conquiste mais públicos, que ela passe a apresentar uma programação mais diversa e que desperte o interesse de um público bem heterogêneo. O outro grande diferencial é a atenção que o MID oferece às pessoas com deficiências, que inclui um espetáculo como Proibido elefantes, da Companhia Giradança, do Rio Grande do Norte, cujos integrantes se declaram com algum tipo de deficiência.

Qual a importância de uma residência artística em um festival deste porte?

No momento de idealização eu não consigo conceber um projeto que não vá além da apreciação. É fundamental para que deixe um legado, que haja troca de experiências e conhecimentos e a oportunidade de fazer negócios. O objetivo é que isso também repercuta para a dança do DF, no sentido que ela ganhe visibilidade e se internacionalize. Isso se estende também aos workshops e às vindas dos programadores brasileiros e estrangeiros.

Fale um pouco do trabalho de sensibilização e formação de plateia voltado para estudantes com deficiência intelectual...

Tanto eu como o Sérgio Maggio, o curador, não podemos pensar um projeto desta natureza que não tenham atividades educativa. Se pararmos para pensar na importância da formação de público, na questão geracional da formação de público para que um dia a gente consiga um mínimo de sustentabilidade para as artes, isso necessariamente tem de passar pelas escolas. O MID inclui atividades de formação de plateia para 540 estudantes com deficiência intelectual, oriundos de três Regionais de Ensino do DF (Taguatinga, Ceilândia e Brazlândia). A equipe pedagógica do MID está capacitando 43 professores especializados, que atendem nas escolas apropriadas para as atividades dos alunos especiais. Nesta edição, a gente resolveu dar este recorte específico para alunos com deficiência intelectual.

Sérgio Barcelar é coordenador e idealizador do festival

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