Diversão e Arte

Representatividade: Seminário discute papel da mulher na produção cultural

O Semina - Seminário equidade de gênero nas profissões de cultura, começa hoje e vai até dia 11, justamente para discutir essa questão

Gabriel Shinohara*, Geovanna Gravia*
postado em 08/12/2016 07:20
A italiana Marzia Brini falará sobre o trabalho técnico no meio cultural
A luta contra a desigualdade de gênero não é apenas missão de militantes ou instituições, mas de toda sociedade. No segmento de cultura, não é diferente. Sim, a mulher é minoria e sempre ganha menos que o homem. O Semina ; Seminário equidade de gênero nas profissões de cultura, começa hoje e vai até dia 11, justamente para discutir essa questão.

O evento ocupará vários pontos da cidade, como o CCBB, a Sala Cássia Eller e o Museu Nacional da República, com palestras, workshops, exposições e apresentações musicais, todas protagonizadas por mulheres.

A artista visual Oga Julia atua na cena brasiliense em festivais e outros grandes espetáculos. VJ há 5 anos, Oga é produtora cultural da festa Moranga, co-fundadora do selo Madre; e é uma das responsáveis pelo movimento que combate ao assédio às mulheres em baladas,o
#Bsbrespeitaasmina.

[SAIBAMAIS];Acho que a maior dificuldade foi quebrar o preconceito. Acaba sendo um desgaste a mais a sensação de estar sob avaliação o tempo todo pelo fato de ser mulher;, conta Oga.

A produção do evento coincide com datas especiais, 10 de dezembro é a data internacional dos direitos humanos e, os 16 dias , que começaram em 20 de novembro em favor do ativismo contra a violência à mulher. As datas serviram de contexto para chamar a atenção ao combate à desigualdade de gênero na área cultural.

;Fizemos questão de que todas fossem mulheres, porque entendemos que a capacitação é um dos gargalos que impedem a maioria delas de entrar nas profissões técnicas;, destaca a Jaqueline Fernandes, subsecretária de Cidadania e Diversidade Cultural.

A representatividade não está presente só nas palestras e workshops, mas também em cima dos palcos. Com o protagonismo da cantora Céu e de Indiana Nomma, a preocupação é representar todo o gênero feminino.

Para todas

Apesar de as oficinas serem técnicas, mulheres que não estão dentro deste contexto podem participar. ;Quando você oferece um curso de sonorização, você não está falando apenas com mulheres que são artistas, você fala também com mulheres de movimento social, que organizam pequenos eventos, que querem autonomia;, exemplifica Jaqueline.

A VJ Oga Júlia dará curso amanhãA artista visual Oga Julia conta que o interesse por performance audiovisual surgiu há uns sete anos, quando ainda era estudante de comunicação e trabalhava com design. Lembra que, apesar de ganhar apoio de outros VJs, sentia que alguns produtores duvidavam de sua capacidade por ser mulher.

;Acho importantíssimo eventos como esse, para analisar barreiras encontradas por nós mulheres, e propor o desenvolvimento de políticas mais efetivas e igualitárias;, diz Oga.

Amanhã, a VJ ministrará o curso Performance em video mapping, às 19h, na Funarte. O objetivo é ensinar as técnicas e performances em audiovisual.

Oga acredita que além de gerar uma rede de conhecimento, o evento oferece uma perspectiva de carreira por meio dos cursos, debates e apresentações artísticas. ;Poder compartilhar minhas experiências e aprendizados significa unir forças e aumentar a visibilidade feminina a fim de combater o machismo, entre outras desigualdades de gêneros;, conta.

Vozes femininas

Indiana Nomma é uma das atrações que encerram o evento no domingo. A cantora de jazz acredita que iniciativas como o Semina deveriam ser diárias para que os homens e as mulheres se tornassem mais conscientes de seus espaços na sociedade. ;Não basta fazermos manifestações feministas.

O trabalho de base é na compreensão e real valorização do que é ser mulher;, acredita. Indiana ressalta que o mercado musical ainda é um ambiente machista e as mulheres costumam ter mais dificuldade. ;As musicistas, cantoras em especial, precisam provar que tem as mesmas habilidades musicais, conhecimento teórico, harmônico e prático para serem respeitadas;, complementa a cantora. Além de Indiana outros sucessos femininos da música subirão ao palco no encerramento do evento.

Também na técnica

Márzia Brini é italiana e trabalha no ramo de produção de shows há mais de 10 anos. Desde 2013 no Brasil, ela passou por alguns obstáculos para entrar no ramo, mas acredita que no futuro a situação das mulheres no mercado de produção cultural vai melhorar.

Após terminar um curso de sonorização em Nápoles, Márzia começou a trabalhar em empresas de show fazendo todo tipo de tarefa, desde carregar as caixas, montar e desmontar o palco até operar a mesa de som. ;A gente tinha que lutar um pouco mais, trabalhar um pouco mais, para mostrar que estávamos no mesmo nível, na época éramos só três mulheres fazendo esse tipo de trabalha na Itália inteira;, contou.

Apesar dos problemas, Márzia é otimista com o futuro da profissão e diz que uma mulher na função de técnica de som faz outro tipo de trabalho. Hoje, a técnica participa da mesa de debate com o tema ;Mulheres na técnica. Por que não?;, onde falará sobre o cenário atual das mulheres no mercado cultural e de sua experiência. O encontro acontece na sala Cássia Eller, na Funarte, às 15h.

A técnica também ressaltou que é importante falar da posição da mulher no mercado. ;Nesse momento onde o mundo está voltando atrás, é bom a gente falar sobre isso. apesar de ser um absurdo estarmos em 2016 e ainda precisar falar disso;, afirmou.

Confira a programação completa

Exposição ; Monólogos de Gênero


CCBB (SCES, Tc. 2, Lt. 22) Até 2 de janeiro de 2017 (exceto terças-feiras), das 9h às 21h. Video-instalação sobre gênero, com interpretações de atores e atrizes brasileiros e estrangeiros. Entrada franca. Não recomendado para menores de 16 anos.

Quinta-feira 8/11


Sala Cássia Eller / Funarte-DF

15h - Mesa 01 ; "Mulheres na Técnica. E porque não? "

Convidadas:

; Jamile Tormann ; Iluminadora
; Professora de Áudio ; Márzia Brini (ITÁLIA)
; Professora de Performance em áudio Visual ; Oga Júlia (DF)
; Professora de Iluminação ; Carol Ribeiro (RJ)

19h - Mesa 02 ; "Equidade de Gênero nas profissões da Cultura"

Convidadas:
; Nanan Catalão ; Secretária Adjunta de Estado de Cultura do DF
; Maria Carmen ; Cenógrafa (DF)
; Juliana Furtado ; Guria Produtora (RN)
; Diana Blok ; Fotógrafa (Uruguai)
. Graciela Selaimen - Fundação Ford

Mediadora: Jaqueline Fernandes - Subsecretária de Cidadania e Diversidade Cultural

21h - Show "Dona Gracinha da Sanfona"

Domingo ; 11/12

Museu da República / Complexo Cultural da República
Entrada franca ; aberto ao público

19h - Show Indiana Nomma canta Mercedes Sosa
20h - Performance Trans ; Sunday Queens: Afronte e Naomi Leakes
20h30 - Show Céu

*Estagiários sob supervisão de Igor Silveira, subeditor do Diversão & Arte

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