Diversão e Arte

Festival de Cinema de Tiradentes exalta trabalho de diretoras

Em clima de celebração feminina, a Mostra de Cinema de Tiradentes chega à comemorativa 20ª edição

Ricardo Daehn
postado em 17/01/2017 07:05
Muito atrelado à representatividade das mulheres no cinema, a Mostra de Tiradentes começa na próxima sexta-feira, e trará nove dias de programação, agrupada em nove grandes frentes. Com um total de 33 filmes de longa-metragem a serem mostrados; 29 deles, recentes (14 dos quais, em caráter de estreia em festival), a aposta na presença feminina projeta 12 mulheres diretoras ; cerca de 40% da representação em Tiradentes (MG). Das 157 inscrições totalizadas, 21% tinham assinatura feminina. A afirmação das diretoras se completará em debates como o intitulado As Mulheres na Crítica do Cinema Brasileiro, com questionamentos e provocações de profissionais como a brasiliense Cecília Barroso, a gaúcha Ivonete Pinto e a paulista Flávia Guerra.


Entre as artistas homenageadas, estão as atrizes e diretoras Helena Ignez e Leandra Leal. À frente da direção do documentário Divinas divas, Leandra Leal comparece com o documentário que capta o pioneirismo do avô Américo Leal, que, na direção do Teatro Rival, trouxe ao palco a queda de preconceitos, contratando travestis em shows dos anos 1960.

No segmento Sessão-Debate, a cineasta Paula Gaitán (premiada em Brasília, por Exilados do vulcão) apresenta em Tiradentes Sutis interferências, um exame minucioso da obra do músico Arto Lindsay. No ninho da vertente autoral, montado em Minas Gerais até o dia 28, o cinema também será reverenciado em fitas como Histórias que nosso cinema (não) contava, de Fernanda Pessoa, e Um filme de cinema, de Thiago B. Mendonça.

Menina dos olhos do evento de Tiradentes, a mostra Aurora ; em que despontam novos realizadores ; tratá filmes como Baronesa, documentário em torno de famílias avizinhadas e afetadas pelo tráfico, com ênfase na figura feminina, e Sem raiz, de Renan Rovida, em que é analisada a situação de quatro mulheres urbanas que lutam, por meio do trabalho cotidiano. A acuidade do olhar feminino promete estar ainda nos longas O que nos olha (de Ana Johanne), em que a diretora apresenta a trama pessoal de uma separação, passados 20 anos de casamento. Um tema candente, os bastidores do complexo hidrelétrico Belo Monte, fará parte do documentário O jabuti e a anta, de Eliza Capai.

Exibição
Outros integrantes da comitiva brasiliense selecionada para integrar um grupo de cerca de 60 profissionais são os cineastas Adirley Queirós e Santiago Dellape. O primeiro estará na mostra para debater a especificidade dos promissores cineastas (como ele foi, em 2012, quando apresentou A cidade é uma só) da mesa sobre a mostra Aurora, chamada Percurso em reflexão. Já Dellape estará na Sessão Bendita, com exibição de seu longa A repartição do tempo.

Entre os destaques da mostra, o longa O homem que matou John Wayne mistura documentário e drama, no segmento intitulado Cinema em Reação. Feito pela dupla Diogo Oliveira e Bruno Iaet, o filme trata do inesperado encontro entre o cineasta moçambicano (radicado no Brasil) Ruy Guerra e o astro dos faroestes norte-americanos. Na tela, amigos de Guerra, como Chico Buarque, Gabriel Garcia Márquez e Werner Herzog, concedem depoimentos.

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