Diversão e Arte

Novos programas musicais estreiam na tevê fechada. Descubra quais!

Séries e programas televisivos exploram processo criativo e faixas que marcaram a vida de artistas brasileiros, herança de grandes produções, como o Globo de Ouro

Rebeca Oliveira
postado em 23/01/2017 07:09

Hamilton de Holanda é um dos convidados de As canções de minha vida

Como nasce uma música? O que o leva um artista a compor? O que ele escuta quando chega em casa e liga a vitrola? A pergunta que intriga e traz o questionamento de muitos fãs é permeada por respostas subjetivas. Por conta disso, muitas atrações televisivas têm se debruçado para entender a mente, vivências e experiências de cantores e músicos brasileiros. Mais que apanhado de frases e de notas musicais, música têm história, memória e remete a vínculo afetivo. No ar, essas atrações acompanham um movimento que acontece desde os primórdios da tevê. Muitas ajudaram a catapultar a carreira de artistas consagrados (veja quadro Caminhos do som). Outros, como os realities shows do gênero, são criticados por mercantilizar a produção musical ; o que, por essência, entende-se como algo genuíno e orgânico.

Séries e programas como Música boa (Multishow) e Por trás da canção (Bis) esmiuçam o processo produtivo e a ligação de figuras conhecidas da música brasileira com faixas que os impactaram, em shows ao vivo ou depoimentos gravados. Com estreia no fim do mês, a atração e Brasil adentro (Canal Brasil) e a documental As canções da minha vida (Curta), dirigida por Bruno Levinson com produção da Raccord, apresentam a versão e visão de artistas como Alceu Valença, Hamilton de Holanda, Jards Macalé, Geraldo Azevedo e Odair José. Em comum, as atrações buscam as raízes de quem faz a cultura brasileira. ;Buscamos criar um momento especial para o artista;, explica Levinson, sobre a necessidade de conhecer ;mais o que ;faz a cabeça; dos artistas que ;fazem a nossa cabeça;;.

Marcas da capital


No episódio com Maria Gadú (uma artista que Bruno conhece há tempos), a paulista canta Reggae raiz, de Alexandre Carlo, do Natiruts. Quando Daniel assume os holofotes, interpreta Será, da Legião Urbana. Há também a participação de Hamilton de Holanda em um capítulo, dando a devida visibilidade ao som que vem do quadradinho do Distrito Federal. ;Sendo bem sincero, a questão regional não foi um critério na hora de pensarmos nos artistas para a série;, confessa Levinson. ;Pensamos mais em diversidade de estilos musicais e gerações;, complementa. Ainda que o vínculo com nomes locais tenha acontecido de forma despropositada, as marcas da capital afloram e enriquecem o material.

Outro diferencial de As canções da minha vida em relação a outros programas de mesmo formato é o cenário. Os 13 episódios foram gravados no estúdio de artista plástico Sérgio Marimba, no Rio de Janeiro, interseccionando música e artes plásticas. ;Adoro o acúmulo de coisas e as ;outras vidas; que ele dá para antigos objetos. Foi um grande achado;, conta. ;Na minha cabeça o cenário tinha que ter sempre movimento, vida, interferir nos movimentos de câmera;, afirma Bruno, conhecido pelos 20 anos em que esteve na organização do festival carioca Humaitá Pra Peixe, que dava visibilidade a bandas e artistas independentes, caso das brasilienses Móveis Coloniais de Acaju, Little Quail, Pravda, Peter Perfeito e Rumbora.

Apesar de deixar de produzir o evento, Bruno Levinson continua acompanhando a produção tupiniquim, principalmente a autoral. ;Artisticamente, vejo de modo muito salutar as novas formas de se produzir e promover música. Artistas muito mais desprendidos de fórmulas na hora de criar e conseguindo encontrar espaços para se estabelecer. Infelizmente, a grande maioria desses que me empolgam não são os que estão na grande mídia, ocupando os grandes espaços. Os que estão ocupando esses grandes espaços são da pior fase que me lembro da música brasileira;, desabafa.

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