Diversão e Arte

Galerias recebem conversas com artistas e curadores sobre obras

Encontros com artistas e cursos acontecem em três espaços e são uma oportunidade para estreitar o contato com a arte contemporânea

Nahima Maciel
postado em 27/05/2017 07:31
Ouvir o que o artista tem a dizer sobre a própria obra pode ser muito esclarecedor. Às vezes, a arte contemporânea vem pontuada por conceitos nem sempre claros para o público mas, em uma conversa com o autor da obra, muitas portas podem se abrir. E hoje é um dia com várias opções para quem quiser descobrir o que há por trás das obras apresentadas em exposições em cartaz na cidade. Encontros com artistas e cursos acontecem em três espaços e são uma oportunidade para estreitar o contato com a arte contemporânea.

A partir das 16h, José Roberto Bassul, Michelle Bastos e Cléo Alves Pinto, além da curadora Renata Azambuja, estarão reunidos na sala de exposições do Museu Nacional da República para conversar sobre a mostra Sobre linhas, membranas e fronteiras. Em cartaz até domingo (28), a exposição é resultado de premiação realizada pela Casa da Luz Vermelha para as três melhores obras escolhidas em leitura de portfólio durante o FotoCapital.

Série sobre tapumes em espaços públicos, de José Roberto Bassul

No ensaio de José Roberto Bassul, os tapumes que isolam obras em canteiros da cidade funcionam como separações entre mundos supostamente distintos. ;Mas que são indistintos;, explica o fotógrafo. ;A gente está sempre imaginando que uma situação presente não é boa e que há um nirvana em algum lugar. Essa tensão permanente entre essas duas fronteiras é tema do trabalho. Esses encontros podem resultar em muitas coisas, inclusive em visões diferentes da obra. Esse diálogo tende a ser esclarecedor;, acredita.

Cléo Alves Pinto, que também está em Sobre linhas, membranas e fronteiras, encara a conversa como a chance de construir um futuro para a obra. ;É uma maneira de conhecer melhor o processo de produção e de debater possíveis desdobramentos;, diz. Formada em arquitetura, ela compara o contato com o público com a sensação de um arquiteto diante de um projeto de arquitetura: ;quando a gente vê o projeto no livro, a gente tem uma ideia, mas quando conversa com o arquiteto, isso toma uma dimensão muito maior;.

Na Alfinete Galeria, Rodrigo Cruz e o curador Renato Lins participam, às 20h, de uma conversa com o público. Esse tipo de contato é algo que Cruz tenta praticar eventualmente. Ter o retorno do público, ele argumenta, é essencial para a existência da obra. ;O ponto de vista do espectador é o que importa, porque não existe obra sem alguém disposto a olhar para ela;, avalia. ;E meu trabalho é uma provocação para o espectador, uma demanda para ele porque somente o espectador pode completar a obra.;

Em Constrangimento do tempo, Cruz propõe uma negação da pintura por meio de três séries nas quais discute desde o tempo de produção da obra até sua própria função. ;São pinturas que refletem sobre a pintura e negam a pintura;, avisa.

Constrangimento do tempo, obra de Rodrigo Cruz em cartaz na Alfinete

No Elefante Centro Cultural, o tema é o erotismo durante encontro com o professor de história da arte e pesquisador Carlos Silva. Ele vai falar sobre o erotismo na arte, um tema marginal que será tratado da perspectiva dos escritores Georges Bataille e Gilles Neret. ;O livro de Bataille tem algumas concepções históricas relacionadas à interdição e transgressão;, explica Silva. Na galeria, a mostra Outros informes reúne obras de Cecília Mori, Iracema Barbosa, Gisel Carriconde e Natália Yamane com curadoria de Cinara Barbosa.

Para a curadora Marília Panitz, que também trabalha com arte educação, os encontros com artistas são momentos únicos durante os quais é possível ter um contato que extrapola a obra. ;É a oportunidade de ouvir os artistas falaram sobre seu processo;, diz. ;É uma maneira de o público ter acesso a outras camadas de leitura da obra, porque arte contemporânea tem um lado conceitual muito forte.;

Curadora da mostra À vista, Paisagem contorno, em cartaz na Funarte, Marília acredita que visitas guiadas são parte do processo de aproximação entre o público e a obra. Na próxima sexta-feira (2/6), as artistas estarão na galeria para uma visita guiada, às 17h.

Conversa

Bate-papo com Cléo Alves Pinto, José Roberto Bassul, Michelle Bastos e Renata Azambuja, da mostra Sobre linhas, membranas e fronteiras. Neste sábado (27/5), às 16h, na Galeria Térreo do Museu Nacional da República (Esplanada dos Ministérios ; Brasília-DF)

Conversa com Rodrigo Cruz e Renato Lins
Neste sábado (27/5), às 20h, na Alfinete Galeria (CLN 103 BL B Loja 66)

Curso com Carlos Silva
Neste sábado (27/5) e dias 23 e 24 de junho e 28 e 29 de julho. Sexta-feira, das 19h às 22h e sábado, das 15h às 18h, no Elefante Centro Cultural (SCLRN 706, Bloco C). Inscrição: zantanobre@gmail.com

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