Diversão e Arte

Conheça duos que fazem sucesso tocando rock

Royal Blood, White Stripes e The Baggios apostam na formação para conquistar os fãs

Alexandre de Paula
postado em 30/05/2017 07:11

O duo Royal Blood recebeu elogios de estrelas do rock como Jimmy Page e Dave Grohl
Quando se pensa em duplas musicais, a primeira coisa que vem à cabeça são cantores sertanejos e seus duetos. O universo dos duos, porém, vai bem mais longe. No rock and roll, algumas bandas, como a Royal Blood (que lança How did We get so dark? no próximo mês), provam que é possível com pouca gente fazer música pesada e muito barulho.

Os britânicos Ben Thatcher (bateria) e Mike Kerr (baixo e vocal) não pensavam exatamente em formar um duo quando começaram a tocar juntos na faculdade, em diversas bandas. Mas a força dos dois tocando juntos acabou levando-os naturalmente a formar o Royal Blood sozinhos. ;Eu nunca pensei que eu estaria em um duo. Nunca foi planejado. Começou apenas como nós dois tocando e a ideia de adicionar qualquer um a mais significaria remover algo;, explicou Miker Kerr em entrevista à imprensa britânica.

O som dos dois agradou a medalhões do rock. Artistas como Jimmy Page (Led Zeppelin), Dave Grohl (Foo Fighters) e Lars Ulrich (Metallica) elogiaram o trabalho dos dois. Na banda, Mike assume os vocais e o baixo (repleto de efeitos e distorção) enquanto Ben fica por conta da bateria.

O próximo álbum do grupo sai em 16 de junho, alguns singles já foram divulgados pelos músicos e podem ser ouvidos. O segundo disco deve manter, segundo o duo, a sonoridade que fez o grupo se destacar, apesar de trazer algumas inovações. O rock tem outros exemplos de sucesso quando o assunto são duos. Sejam bandas mais jovens ou outras que se lançaram há mais tempo, alguns grupos com duas pessoas conseguiram se destacar no gênero.

Uma das mais celebradas bandas do formato, sem dúvida, foi o White Stripes. O grupo formado por Jack e Meg White conquistou milhares de fãs com o rock direto e agressivo. Diferentemente do Royal Blood, o White Stripes optava por não utilizar baixo. Jack assumia as guitarras e vocais e Meg ficava na bateria.

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Jack e Meg eram casados e o duo começou também sem muita pretensão em 1997. ;Um dia eu estava no sótão e estava gravando algo, e eu perguntei se ela se importava em fazer um beat pra mim. Não disse o que ela deveria fazer, talvez até tenha comentado uma coisa ou outra, mas ela sentou e fez;, lembrou White, em entrevista rara sobre a banda. O casamento entre os dois acabou em 2000, mas eles seguiram ainda com a banda até 2011.

Outra banda que seguiu um rumo parecido, misturando o blues ao rock em um duo, foi a Black Keys. Jack White, inclusive, não poupou críticas à banda, ao dizer que eles não passavam de uma versão mais fraca do próprio White Stripes. Para Jack, duos, como o Black Keys, não existiriam sem o trabalho desenvolvido por ele e Meg.

O guitarrista e vocalista Dan Auerbach e o baterista Patrick Carney parecem não ter dado muita importância às críticas de White e seguiram tocado. Apesar do formato de duo, o Black Keys, às vezes, faz concessões e acrescenta um grupo de suporte em algumas canções dos shows.

Um duo brasileiro

Os sergipanos Júlio Andrade (guitarra e voz) e Gabriel Carvalho (bateria). Do The Baggios, também formaram um duo meio por acaso. ;Estávamos sem banda e com muita vontade de tocar. Como não tínhamos mais amigos interessados, fomos os dois para o estúdio, improvisar e tocar releituras de bandas que costumávamos escutar na época;, conta Júlio.

A brincadeira deu certo e os dois começaram a fazer shows pelo país inteiro, lançaram quatro discos e tocaram em grandes festivais, como o Lollapalooza. As referências dos dois misturam bandas estrangeiras e nomes nacionais. ;Quando formamos a banda, estava conhecendo o Black Keys e o White Stripes, mas o Lacertae, duo sergipano que existe desde os anos 1990, me motivou bastante quando os vi ao vivo;, lembra Júlio.

[SAIBAMAIS]O guitarrista comenta os desafios e as vantagens do formato. ;É uma parada muito mais objetiva, mas, ao mesmo tempo, cheia de desafios. É simples compor em dois, eu chego com o riff, melodia, encaixamos a bateria ali e está tudo resolvido. Mas o desafio é justamente esse de criar riffs e arranjos que preencham as ausências de outros elementos na música;, explica.



Duas perguntas / Júlio Andrade


Como a música brasileira influencia o trabalho de vocês, que tem uma pegada de blues e rock?
Tudo que costumo ouvir, trago pra minhas composições. A grande magia na música é justamente saber dosar bem essa mistura. Está tudo feito nesse mundo, só precisamos saber como reproduzir sem soar engessado e cafona. De alguma maneira, tem muito de Tim Maia, Sá Rodrix e Guarabyra, Raul Seixas, Alceu Valença nas nossas músicas. Eles também eram fortemente influenciados pela música gringa, mas não deixaram de soar brasileiros e me inspiram bastante.

O que muda quando se toca em um duo?
Os shows são bem dinâmicos, e com uma liberdade grande de improviso. Para fazer turnê, é mais fácil, menos custos com passagens, a banda cabe em qualquer sala de amigo na estrada. Eu já toquei com quarteto e em um quinteto, e posso dizer que a parte da criação e de objetividade nos planejamentos da banda é uma das vantagens do duo.

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