Diversão e Arte

Exposição em Londres marca os 50 anos de carreira do Pink Floyd

Há 50 anos, o grupo lançava o primeiro disco. Exposição em Londres celebra a marca e revisita a história da icônica banda

Samir Mendes - Especial para o Correio
postado em 30/05/2017 07:22

Porco inflável, uma representação do disco Animals, de 1977, sobrevoa os céus de Londres, próximo ao Victoria & Albert Museum

Londres ; Metrô lotado de Angel Station para King;s Cross, onde milhares de pessoas diariamente ; e apressadamente - fazem trocas de trem com destino a suas casas, trabalhos etc. De lá para South Kensington, os cerca de 20 minutos são mais serenos, como que indicando o ritmo menos frenético de uma das regiões mais abastadas de Londres. A região é formada por restaurantes chiques e famosas lojas de grifes, um verdadeiro chamariz de turistas, que ostentam sacolas de compras e saboreiam seus brunches nos restaurantes ao ar livre da Exhibition Road. Apenas mais um dia típico de um verão londrino...não fosse, a quatro minutos dali, o porco inflável gigante sobrevoando os céus da capital inglesa. A psicodélica cena, uma reprodução em larga escala da icônica capa de Animals, disco de 1977 do Pink Floyd, é só um dos ambiciosos artefatos da exposição The Pink Floyd exhibition: their mortal remains, que celebra os 50 anos do lançamento do primeiro single (Arnold layne) e do primeiro disco (Piper at the gates of dawn) da banda, e revisita a história de um dos principais ícones do rock progressivo.

A exposição ; no Victoria & Albert Museum até 1 de outubro deste ano ; conta com diversas outras imagens icônicas que ilustraram capas de discos clássicos ou palcos de turnê sob a forma de instalações e reproduções gigantescas. Entre elas, uma imagem holográfica do famoso prisma de The dark side of the moon, uma gigantesca réplica das cabeças de metal do disco The division bell, uma ilustração da capa de Wish you were here, com o famoso homem de negócios em chamas, e uma representação do palco da turnê do disco The wall, de 1980.

Representação do palco da turnê do disco The Wall, de 1980

;Se você tivesse me dito que o Pink Floyd ainda estaria em atividade quatro anos após termos começado profissionalmente, eu ficaria surpreso. Agora, eu me sinto como se pertencesse ao Tesouro Nacional. Acredito que nós vamos apresentar coisas que, possivelmente, nunca foram vistas ou escutadas antes;, declarou o baterista Nick Mason ; que também prestou consultoria para a mostra ; na coletiva de abertura do evento, se referindo a registros de shows da banda que nunca foram disponibilizados para o público anteriormente e que fazem parte da exposição. O acervo apresentado pelo Victoria & Albert Museum ainda conta com mais de 350 objetos que incluem instrumentos, letras escritas à mão e pôsteres.

Além da colaboração de um dos membros originais do Pink Floyd, Their mortal remains foi originalmente idealizada por Storm Thorgerson, desenvolvida pelo diretor-criativo da banda, Aubrey ;Po; Powell, e promovida por Michael Cohl e pelo Iconic Entertainment Studios.

Discretos

O jornalista inglês John Peel chegou a declarar certa vez que os membros do Pink Floyd poderiam tranquilamente ;se juntar ao público em um de seus próprios shows que não seriam reconhecidos;. E uma visita à exposição de fato reforça a ideia de que a banda, apesar de toda a ambição e dos 200 milhões de álbuns vendidos na carreira, sempre utilizou da genialidade e criatividade de seus integrantes para desviar o foco de si mesmos e colocar toda a atenção na música e na estética vendida pela banda, como defendeu o The Guardian em matéria sobre a exposição.

Reprodução das cabeças de metal gigantes do disco The division bell ( 1994)

Embora o motivo exato para isso não esteja claro ; a razão está em algum lugar entre a personalidade reservada dos membros do grupo e a postura assumida após a doença e o vício em drogas que afastou e, posteriormente, matou Syd Barrett, fundador do grupo ; o fato é que o último disco que contou com uma foto da banda na capa foi Ummmagumma, de 1969. Além disso, em fotos promocionais do clássico Dark side of the moon, a banda aparece de costas para a câmera. Outra evidência do apreço pela anonimidade são as próprias turnês do grupo, onde os gigantescos palcos sempre favoreceram o aspecto cenográfico e vídeos intrincados em detrimento da presença dos músicos.

[SAIBAMAIS]Das poucas ocasiões em que os integrantes recebem destaque individual na exposição, as mais significativas são o ambiente dedicado ao finado Syd Barrett, em vídeos onde explicam suas criações sonoras e visuais, e em trechos de show, como a reunião de 2005 no Festival Live 8, última vez que Roger Waters, David Gilmour, Nick Mason e Richard Wright compartilharam o palco.

Acervo no museu: mais de 350 objetos que incluem  letras escritas à mão

Talvez seja justamente por isso que Pink Floyd: their mortal remains seja uma homenagem tão apropriada à banda: os conflitos de personalidade e a individualidade dos rock stars são secundários, já as ideias e as músicas viverão para sempre.

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