Diversão e Arte

L, o musical reúne forte elenco de atrizes e estreia nesta quinta

O musical conta histórias de encontros, amores e companheirismo entre mulheres

Isabella de Andrade - Especial para o Correio
postado em 10/08/2017 07:30
O musical conta histórias de encontros, amores e companheirismo entre mulheres


Se há algo de urgente para ser dito atualmente, este algo é o amor. Para falar do livre afeto entre mulheres fortes e a capacidade de criar vínculos em tempos de solidão, Sérgio Maggio escreveu e dirigiu L, o Musical. O espetáculo promove o encontro entre atrizes consagradas da cidade e expoentes da nova geração teatral, além da presença da poeta Elisa Lucinda e da cantora Ellen Oléria, que volta aos palcos do teatro após 10 anos de dedicação à carreira musical. Embalado por canções da MPB cuidadosamente selecionadas, a obra mostra uma narrativa que dialoga e conflita com os valores da sociedade atual. O direito incondicional de amar, imune a preconceitos, cria o importante elo para as histórias contadas em cena.

O novo espetáculo, criado pelo coletivo Criaturas Alaranjadas Núcleo de Criação Continuada, reúne: Elisa Lucinda, Ellen Oléria, Gabriela Correa, Luiza Guimarães, Tainá Baldez e Renata Celidonio. A poeta e atriz Elisa Lucinda destaca que o elo afetivo entre o elenco foi criado de maneira rápida e natural. No processo criativo, as intérpretes tiveram liberdade para brincar com o texto e propor novos andamentos, sempre aliadas à primorosa direção de Maggio.

Para a poeta, o espetáculo leva aos palcos importantes questões, como a visibilidade da mulher lésbica e a representatividade negra em cena. ;São quatro mulheres negras no elenco e duas delas são protagonistas, sendo que a história não é sobre escravidão. Só por aí já temos uma grande novidade em relação à produção artística do nosso país;, destaca.

Além disso, Elisa lembra que, após 30 anos de trajetória como atriz, esse é seu primeiro convite para interpretar uma mulher que se relaciona com outra mulher. ;Isso mostra que a ficção ainda está atrasada em relação à realidade e isso é muito grave. Conheço tantas histórias de relações homoafetivas e elas não ganham protagonismo nas novelas, que tem mais visibilidade;.

Para a poeta, fazer o trabalho em Brasília foi um sonho, já que nutre grande amor pela cidade. Além disso, o diálogo com artistas de outras regiões potencializa também a criação local. ;Esse encontro me aprimora, me provoca e me atualiza. Eu me senti aqui esses dias como uma estudante que ia todos os dias fazer aula de corpo, de dança, de voz;.

O musical assume um caráter de oposição à intolerância e aponta também para a questão do prazer feminino, ainda encarado como tabu por parte da sociedade. As músicas compõem a dramaturgia como parte integrada ao texto, criando um forte elo para que a história se desenrole em cena.

Ellen Oléria, que retoma o fazer teatral depois de uma década, destaca que aprendeu no teatro que todas as expressões de arte caminham juntas, conectando música, composição e artes cênicas. ;Esse projeto é muito importante, mostra que as palavras podem e devem virar ações. Devemos caminhar mais juntas em um mundo tão cheio de misoginia;, conta a cantora e atriz.

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Diferentes trajetórias

A jovem Tainá Baldez interpreta a personagem Elle, para quem emprestou sua alegria e a dança, enquanto pegou emprestado sua espontaneidade, liberdade de expressão e a vontade de viver o presente. Para Tainá, a troca constante entre mulheres e suas narrativas fizeram crescer ainda mais suas crenças feministas, de respeito e amor. ;Desde que mergulhei no universo de L minhas inquietações só aumentaram. No Brasil, os crimes de homofobia, lesbofobia e transfobia são frequentes. Pessoas são mortas por serem quem são, por amarem quem amam. Isso me choca, me deprime, me enfurece;, declara. O musical se apresenta, dessa maneira, como um espaço para debate e reflexão.

Enquanto isso, Gabriela Correa destaca que lida com seu maior desafio em cena no musical. Sua personagem vive o conflito da identidade de gênero e não se identifica ou se enxerga como homem ou mulher. ;O corpo feminino é uma grande prisão para ela e, então, ela finalmente decide se abrir sobre sua identidade trans;, declara.

Para Luiza Guimarães, é urgente falar sobre a liberdade das sexualidades e das identidades de gênero, já que levar o assunto para o palco torna-o menos tabu. ; Trazer afeto e sentimento pro público vai ser sempre minha missão no teatro, dessa maneira, pra mim, tudo vale a pena;, declara.

Enquanto isso, para Renata Celidonio, é um privilégio falar de amor nos tempos atuais. Assim, o espetáculo se constrói a partir da vontade de dar voz à liberdade feminina, às relações em suas mais diversas possibilidades e às infinitas possibilidades do amor.



L, o Musical
De 10 de agosto a 1; de setembro, no Centro Cultural Banco do Brasil (SCES Tr. 2), de quarta a domingo, sempre às 20h. Nos dias 13/08 e 19/08, haverá sessão dupla, às 16h30 e às 20h. E no dia 27/08, haverá um bate-papo após a sessão. Os ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada). A classificação indicativa é de 16 anos e o espetáculo dura 90 minutos.



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