Diversão e Arte

Sem apoio público, artistas do DF buscam novas formas de realizar projetos

Artistas e produtores da cidade encontram novas maneiras para concretizar projetos nas mais diversas áreas, como música, literatura e dança, entre outras.

Lígia Vieira*
postado em 08/10/2017 07:00
Andreoni Pellinsky tem ajuda do pessoal do Cruzeiro nos projetos

O Fundo de Apoio à Cultura (FAC) lançou, em setembro, quatro editais somando mais de R$ 38 milhões que serão destinados a 448 projetos culturais de todo o Distrito Federal. Mesmo com essa quantia disponibilizada pelo governo, nem todas as iniciativas do segmento conseguem financiamento. Por isso, os artistas e produtores da cidade precisam encontrar novas maneiras ; às vezes com muita criatividade ; para concretizar projetos nas mais diversas áreas, como música, literatura e dança, entre outras.

O Grupo Pellinsky, por exemplo, realiza apresentações folclóricas inspiradas no Boi de Parintins, mas, apesar de ter inscrito o projeto diversas vezes em editais, nunca conseguiu esse tipo de financiamento. Como saída, os integrantes da ONG Adhas/Pellinsky fundada há 31 anos, faz galinhadas e vende rifas para arrecadar fundos e dar continuidade ao projeto, além de custear as fantasias necessárias aos espetáculos.

O fundador da ONG Andreoni Pellinsky conta que a falta de financiamento oficial nunca fez o projeto parar e, como o grupo tem muitos anos, conseguiu formar uma grande rede de apoiadores, principalmente no Cruzeiro, cidade onde atua. ;Não temos patrocinadores, só apoiadores; afirma.

A banda Lupa arrecadou mais de R$ 22 mil em site de  crowdfunding

Parcerias

Outra forma de conseguir auxílio para projetos culturais são as parcerias. O cantor Phill, que atende pelo nome artístico Capitão Phake, utiliza bastante essa modalidade de apoio junto a empresas privadas. Para ele, ;é fundamental o investimento, caso contrário o projeto fica muito restrito e não alcança o público como deveria;.

Para os shows que realiza em Brasília, Capitão Phake usa uma kombi adquirida graças a essas parcerias. O artista avalia que está mais fácil conseguir patrocínio: ;Hoje é mais natural gerar essas parcerias. A ideia amadurece e as empresas apostam nela;.

Capitão Phake:

Vaquinha on-line

Luiz Amorim, do Açougue Cultural T-Bone, desenvolve há 10 anos a Biblioteca Popular, que oferece livros de graça em paradas de ônibus da Asa Norte. Os projetos do T-Bone já receberam incentivos do governo, contudo, pela primeira vez, eles realizam uma vaquinha on-line com a meta de arrecadar R$ 50 mil. Para Amorim, é interessante essa nova maneira de contribuição, porque é uma forma de as pessoas valorizarem e ajudarem algo que é feito para a própria comunidade. ;Com o crowdfunding a sociedade incentiva o que traz benefícios para todos;, acredita.

O crowdfunding é uma maneira, consolidada, de se conseguir dinheiro, por exemplo, entre fãs de uma artista ou de um projeto, mas não é só isso. ;É também uma forma de os fãs se aproximarem do trabalho de grupos musicais;, como afirma André Pires, tecladista da Lupa. A banda brasiliense de rock alternativo fez uma vaquinha que deu certo. Eles arrecadaram mais de R$ 22 mil para produzir o primeiro álbum e avaliam que foi uma forma de aprenderem mais sobre marketing. Também provaram que o crowdfunding não é algo tão simples. ;Precisa de todo um planejamento;, afirma o tecladista.

André Pires destaca que existe um grupo discutindo a destinação das verbas dos editais de financiamento para a área musical. ;Hoje, existem ferramentas muito mais fáceis de gravar com qualidade e o principal problema é a divulgação;, avalia, apontando uma aplicação possível desses recursos.

* Estagiária sob supervisão de Vinicius Nader

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