Diversão e Arte

Paulo Jobim e Mario Adnet homenageiam obra do Maestro com novas vozes

Projeto reúne clássicos da MPB na voz da nova geração e arranjos inéditos

Irlam Rocha Lima
postado em 26/12/2017 06:16
Paulo Jobim e Mario Adnet escolheram uma orquestra para releituras da obra de Tom Jobim
Quando se comemora os 90 anos de Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, é perfeitamente justificável que uma das homenagens ao Maestro Soberano parta do filho dele, o violonista e também compositor Paulo Jobim ; guardião do legado do pai. Idealizado pelo musicista e pesquisador Mário Adnet, o projeto Jobim Orquestra e convidados, CD e DVD gravados nos estúdios em maio deste ano na Sala de Ensaio número 1, da Cidade das Artes e nos estúdios da gravadora Biscoito Fino, no Rio de Janeiro, coroa as homenagens a Tom Jobim.

Paulo e Mario, além de assinarem a direção musical, foram responsáveis pela arregimentação dos músicos e supervisionaram a escolha dos cantores que participam do projeto. Eles selecionaram 10 canções emblemáticas da obra de Tom Jobim, entre as quais Águas de março Chega de saudade, Chovendo na roseira, Desafinado, Eu te amo, Falando de amor ; criadas com parceiros da importância de Vinicius de Moraes, Newton Mendonça e Chico Buarque. A elas se juntaram A Valse, de Paulo Jobim; A Mantiqueira range e Saci (As lavadeiras), de Paulo Jobim e Ronaldo Bastos.

Mario criou sete dos novos arranjos, Paulo, dois, e o lendário maestro alemão Claus Ogerman, quatro. Para formar a Orquestra de Cordas, foram reunidos 10 violinistas, cinco violoncelistas, quatro violistas e dois baixistas. Eles se juntaram ao Quarteto Carlos Gomes, formado por Cláudio Cruz (spalla), Adonhiran Reis (violino), Gabriel Marin (viola) e Alceu Reis (cello).

Com intuito de dar o necessário frescor às canções de Tom, foram convidados cantores da nova geração: Alfredo Del-Penho, Alice Caymmi, Dora Morelembaum, Júlia Vargas, Luiz Pié e Vicente Nucci. O Boto, parceria de Tom Jobim e Jararaca, é interpretada por Daniel Jobim, filho de Paulo e neto de Tom, que canta e toca piano. Yamandu Costa, com seu violão 7 cordas, marca presença em Um certo capitão Rodrigo.

; Três perguntas / Mario Adnet

Qual a dificuldade maior para tocar esse projeto?
A captação de recursos!

Como foi a arregimentação dos músicos da orquestra e cantores convidados?
O ótimo time de cordas foi escolhido pelo maestro e violinista Cláudio Cruz, o nosso spalla. Escolhi os músicos de sopros com a ajuda de minhas filhas Joana e Antônia, coprodutoras do álbum. A ideia de convidarmos jovens intérpretes foi da Mariza Adnet, coordenadora do projeto. A escolha não foi difícil. Paulo e eu pesquisamos na internet, tivemos algumas recomendações. Alguns eu já conhecia, como o Alfredo Del-Penho, o Vicente Nucci, a Alice Caymmi e, naturalmente a Antonia. A Julia Vargas, o Luiz Pié e a Dora Morelembaum foram gratas e ótimas surpresas.

Houve um consenso entre você e o Paulo Jobim na elaboração dos arranjos?
Foi consensual, sim. Na verdade eu tive mais tempo para me dedicar. Paulinho abriu os arquivos do Instituto Jobim, cedeu os arranjos do Claus Ogerman, que foi muito importante na discografia do Tom. E eu queria muito que além dos dois arranjos do Paulo também tivessem músicas dele, que é um Jobim e tem composições lindas que muitos acham que são do pai.

;A ideia de convidarmos jovens intérpretes foi da Mariza Adnet, coordenadora do projeto. A escolha não foi difícil. Paulo e eu pesquisamos na internet, tivemos algumas recomendações;

; Três perguntas / Paulo Jobim

Como guardião do legado do seu pai, acredita que a obra de Tom mantém-se devidamente bem avaliada no Brasil e no exterior?
Eu acho que sim. O trabalho do meu pai continua sendo muito tocada, os músicos respeitam a obra e a consideram importante na música brasileira. Acho que a música está aí para ficar mesmo.

Para eternizar a obra do Maestro Soberano, o que você tem feito, além da gravação desses DVD e CD?
Fiz um disco com a cantora portuguesa Carminho, o Carminho canta Tom Jobim, e voltamos recentemente de uma turnê pela Europa, com um quarteto. Era eu, Daniel Jobim, Jaques Morelenbaum e Paulo Braga. É basicamente a banda que tocava com o meu pai, com o Daniel tocando piano no lugar dele. Rodamos a Europa e fizemos alguns shows aqui no Brasil, inclusive em Brasília, em dezembro. Ainda tem o Instituto Tom Jobim, no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, que se mantém em plena atividade... Nós inauguramos recentemente um auditório pequeno dentro do Instituto Tom Jobim. É pequenininho, são apenas cem lugares, mas é alguma coisa. O teatro está fechado e estamos aguardando uma licitação para voltar a funcionar.

Foi sua a ideia de realização do projeto Jobim ; Orquestra e Convidados?
Essa foi uma ideia do Mario Adnet. A inciativa foi dele, que me convidou para fazermos esse projeto juntos. Estou felicíssimo com o resultado. É um disco com orquestra de novo. A gente fez o Jobim sinfônico, mas era todo instrumental. Esse novo trabalho tem os arranjos muito bons do Mario e tem arranjos meus também. Nós acabamos chamando uma porção de gente jovem e foi um barato fazer esse disco com eles.

;O trabalho do meu pai continua sendo muito tocada, os músicos respeitam a obra e a consideram importante na música brasileira. Acho que a
música está aí para ficar mesmo;

; Jobim ; Orquestra e convidados
CD e DVD produzido por Paulo Jobim e Mario Adnet, com 13 faixas. Lançamento da gravadora Biscoito Fino. Preço sugerido
R$ 39,90.

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