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Globo de Ouro: Premiação dos filmes debaterá casos de assédio em Hollywood

Entram em debate o assédio às mulheres, o impacto das denúncias de assédio sexual de homens e o prestígio de nomes incontestes que encaram certo arqueamento

Ricardo Daehn
postado em 07/01/2018 10:00
Alguma leveza brota do longa Lady Bird, forte candidato na premiação
Entra ano ou sai ano, e as cartas parecem algo marcadas, na cerimônia dos prêmios Globo de Ouro. Na 75; edição, o evento traz uma espécie de varrida de sujeira de temas porcos e incompleto acerto de contas da enferrujada indústria do cinema. Entram em debate o assédio às mulheres, o impacto das denúncias de assédio sexual de homens (vide Kevin Spacey) e o prestígio de nomes incontestes (leia-se Meryl Streep) que encaram certo arqueamento.

[SAIBAMAIS]Voltando ao ano de 2016, é fácil perceber um quadro de premiações de 2018 bem possível, pela conjuntura similar. Naquele ano, o personagem (da vida real) de Dalton Trumbo ; na biografia Trumbo, que fazia mea-culpa em relação a Hollywood e à ação do macarthismo ; não rendeu prêmio para Bryan Cranston. Na mesma leva de disputa, os representantes da que votam, em regime bem restrito, o Globo de Ouro não converteu em vitorioso o diretor Tom McCarthy, à frente de Spotlight, perdedor na categoria de filme que vinculava a Igreja a ações de pedofilia. Ridley Scott, indicado à direção, também perdeu. Vencedor mesmo foi o mexicano cineasta de O regresso, Alejandro González Iñárritu. Também não havia nenhuma candidata mulher indicada a melhor direção!

Voltando à competição de 2018, poucos avanços são configurados. Mesmo com tremendo potencial, as diretoras Dee Rees, Greta Gerwig e Sofia Coppola nem foram levadas em conta. Há grandes indicativos ainda de que outro mexicano no berço hollywoodiano, no caso, Guillermo del Toro, saia reconhecido: à frente de A forma da água, fábula em torno dos anos da Guerra Fria, ele tem como maior oponente o consagrado Steven Spielberg que, com The Post, contrapõe duas instituições de peso, no cenário da Guerra do Vietnã: um jornal e o governo americano.

Na cerimônia, há espaço para dúvidas. Haverá a reafirmação de prestígio, na postura da oito vezes vencedora de Globo de Ouro Meryl Streep ; estrela de The Post? Independentemente da disposição de Trump, ela sempre foi oposição declarada ao homem do pretenso ;botão nuclear; avantajado. O problema de Streep, entretanto, reside nas relações com o predador mor de Hollywood, Harvey Weinstein.

Mães em destaque

Com ou sem o brilho de Streep, o Globo de Ouro de melhor atriz, porém, aponta para a vitória de Frances McDormand, por Três anúncios para um crime, num retrato de mãe coragem, decidida a alcançar os culpados pela morte da filha. Arejando a barra, na categoria musical ou comédia, o frescor de Lady Bird ; detido no voo de uma moça que pretende ser artista ; deve render prêmios para a atriz Saoirse Ronan e ainda para a coadjuvante Laurie Metcalf (uma mãe em crise). Metcalf é a atriz que disputará o troféu com a valorizada Allison Janney de Eu, Tonya, uma mãe rara, na fita, que, de modo estranho, amarra os laços com uma patinadora olímpica.

Não é muito visível o decifrar de uma categoria, em especial, do Globo de Ouro: muitos acreditam na vitória do cômico personagem de James Franco, em O artista do desastre, existe os que apostam na presença de Daniel Kaluuya, do injustiçado filme Corra!. A condição do ex-astro Kevin Spacey, numa etapa de carreira descendente, cedeu a vaga de favorito coadjuvante para Christopher Plummer, ator que o repôs nos bastidores do thiller Todo o dinheiro do mundo. No encalço de Plummer (virtual ganhador) está apenas o veterano Willem Dafoe (de Projeto Flórida). Apesar da concorrência forte de Timothée Chalamet (de Me chame pelo seu nome) e de Daniel Day-Lewis (Trama fantasma), há poucas chances de Gary Oldman ; na primeira indicação ao prêmio, aos 59 anos ; perder o Globo de Ouro com a figura histórica de Winston Churchill, no longa O destino de uma nação.

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