Diversão e Arte

Conheça o ator brasiliense que viverá um mutante no próximo X-Men

Henry Gonzaga, 24 anos, nascido e criado na cidade vai para a sua terceira e maior produção norte-americana, o novo episódio da franquia

Denise Rothenburg
postado em 14/01/2018 06:18
Quem passou a temporada das férias de dezembro em Brasília pode ter cruzado com um mutante. Precisamente, o Mancha Solar, que estará nas telas do cinema em 13 de abril. Por aqui, cidade onde nasceu e passou a infância e a adolescência, ele é conhecido como Henrique Gonzaga. Nos créditos da megaprodução dirigida por Josh Boone, aparecerá como Henry Zaga, ator de 24 anos que viverá um dos The New Mutants. Chegar até esse papel foi resultado de muito trabalho, disciplina e raízes. ;Meu escritório é em Los Angeles, mas minha casa é Brasília;, diz. Atento ao seu país, em especial, à capital da República e às notícias, ele considera que é preciso usar a voz para lutar contra a corrupção ;Todos têm que fazer a sua parte;, afirma, numa conversa com o Correio antes de seguir para a etapa final das férias, no Japão, e, de lá, voltar ao trabalho, nos Estados Unidos.
Henry Gonzaga, 24 anos, nascido e criado na cidade vai para a sua terceira e maior produção norte-americana, o novo episódio da franquia

Como foi virar um X-Men?
Foi muito trabalho, dezenas de testes de estúdio. Conheci o diretor um ano antes, ele tinha vontade de trabalhar comigo. Porém, as coisas não são assim, não basta ter vontade de trabalhar. Há várias fases de testes em estúdio. Depois de muito trabalho, terminei escolhido. (O ator Caio Paduan, que hoje vive o Bruno, na novela O outro lado do paraíso, também participou das audições em busca do papel).



Esse papel transformou você em uma celebridade por aqui. Pensa em voltar para o Brasil?
Primeiro, não me considero uma celebridade, e sim um ator. Não preciso voltar, porque nunca saí. Tenho uma casa brasileira, minha família inteira mora aqui. Tenho uma ligação muito forte com o Brasil e com Brasília, por isso, acho estranho quando alguém pergunta se penso em voltar. Meu escritório é em Los Angeles. Minha casa é no Brasil.



Como a arte surgiu na sua vida?
Quando era pequeno, meus pais me levavam, aos domingos, ao Teatro Mapati, na Asa Norte, onde assistíamos a peças infantis. A partir disso, comecei a ter a ideia, com a minha irmã (Fernanda), de copiar as peças com meus primos, na casa da minha avó. Também cresci desenhando, pintando e sempre assistindo a filmes de todos os gêneros, já que tenho pais cinéfilos. Assistia a filmes hollywoodianos, como também produções de outros países. Assim, lá em casa, não foi surpresa que eu seguisse carreira artística.



Sua família passou por, no mínimo, constrangimento com o processo envolvendo seu pai (o ministro do Tribunal Superior Eleitoral Admar Gonzaga) numa acusação de agressão à mulher. Isso o afetou profissionalmente?
Eu apenas tenho a dizer que eu só cheguei onde cheguei por causa do imenso amor que recebi do meu pai e da minha mãe. Em 22 anos de casado com a minha mãe e em 24 anos sendo meu pai, ele nunca foi indelicado, nem verbalmente, com a minha mãe, com a minha irmã ou comigo. Meu pai é um homem incrivelmente carinhoso, generoso, e só dá amor para as pessoas. Tenha certeza disso. Todos que o conhecem sabem muito bem o que estou dizendo.



O que mais atrapalha um ator brasileiro que deseja atuar lá fora?
Sem dúvida, o sotaque. Isso porque vai limitando o número de personagens que você pode interpretar. Há um grande número de personagens latinos, porém poucos brasileiros. Só interpretei americano até agora. Não é comum ver um personagem brasileiro em um projeto hollywoodiano. Tem muito papel latino com língua espanhola, mas não português. Essa é a diferença. Então, você tem que trabalhar muito duro para mudar o seu sotaque para o de uma língua espanhola ou perder totalmente o sotaque e abrir um leque infinito de personagens americanos.



É difícil ser brasileiro lá fora?
Não tive dificuldades. As pessoas gostam do Brasil. Quando sabem que você é brasileiro, as pessoas citam as figuras mais conhecidas, como Pelé e Tom Jobim. Citam JK. Como eu disse antes, há uma diferenciação em relação a papéis, mas não um preconceito. Eu me sinto muito acolhido por ser brasileiro. Nós temos ícones no entretenimento, no esporte e na história.



E os escândalos de corrupção recentes, houve inclusive ações contra a Petrobras em Nova York;.
A corrupção machuca e decepciona. Não deve ser tolerada em nenhuma área, de nenhuma forma. Não está certo. O que podemos fazer é usar o poder que temos nas mãos, a nossa voz para lutar contra essas práticas, uma luta anticorrupção.



Todo mundo diz que o Brasil é o país do futuro. Você, que é jovem, acredita num futuro promissor para o Brasil?
Com certeza. Eu vejo um potencial muito grande na geração jovem, gente muito inteligente e cada dia mais bem informada. Uma gente com sonhos e inspirada, com fome de mudanças para um futuro melhor para o nosso país. Uma geração disposta a cobrar resultados e criticar as más condutas.



Este ano tem eleição por aqui. Você vem votar?
O sistema eleitoral Brasileiro é muito bom, eu posso votar no exterior com segurança e acho que brasileiros que moram fora devem fazer o mesmo e exercer seu dever de cidadania, ter responsabilidade com o futuro do país.



Dos candidatos colocados, você já tem algum da sua preferência?
Tudo tem o seu tempo e hora. A eleição ainda está distante, muito longe para concluir sobre qual candidato e suas propostas. Só espero que o nosso país, um dia, tenha orgulho político, quando liderado por pessoas honradas, avessas à corrupção, altruístas, ou seja, por políticos dispostos a, realmente, fazer a diferença em mudar o país positivamente. Conscientes de que isso será para o bem geral, para a prosperidade de todos e não pelos desvios, que causam sacrifícios e muita dor para a maioria.



Alguém no Brasil já te procurou para fazer novela?
Eu já tive algumas propostas de trabalho, mas ainda não pude fazer projetos no Brasil. Com certeza, pretendo trabalhar com muita gente que admiro aqui na terrinha.



Como você classifica a produção artística no Brasil?
Acho que temos talentos incríveis, muitos já bem explorados. Também vejo que as produções ficam cada vez mais elevadas, e acho interessante o que as plataformas de streaming estão fazendo com a indústria nacional. Os nossos telespectadores têm fome de projetos inovadores e de qualidade elevada, que acho que podem trazer mudanças muito positivas



Você acha que podemos ter uma Hollywood no Brasil, digo, uma indústria forte nesse setor?
Acho que o Brasil já tem um reconhecimento grande lá fora pelas belas artes que produz. E os telespectadores brasileiros são fiéis aos projetos nacionais há muito tempo. É difícil achar um brasileiro que não assista a novelas, ou veja filmes nacionais.

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