Diversão e Arte

Filme nordestino é uma das apostas para brilhar no Festival de Roterdã

O longa Benzinho pretende honrar a história de sessões bem-sucedidas na Holanda

Ricardo Daehn
postado em 23/01/2018 08:54
O longa Benzinho segue a trajetória de sucesso de outros filmes da região
Dez anos depois de premiar o diretor brasileiro Cláudio Assis, diante da ;crueza, da energia e do poder das imagens; do longa Baixio das bestas e de, em anos recentes, ter reservado prêmios da crítica a fitas como O som ao redor (de Kleber Mendonça Filho) e Pela janela (de Caroline Leone), o Festival de Roterdã, que transcorrerá entre amanhã e 4 de fevereiro, reservou bastante espaço para o escoamento internacional da produção brasileira. Num circuito que compreende quase 40 salas de cinema, a 47; edição do evento holandês terá 12 títulos nacionais espalhados entre seções da festa do cinema internacional.

Inédito, até mesmo no Brasil, o longa Mormaço (de Marina Meliande) marca a estreia solo da mesma cineasta que codirigiu A alegria e A fuga da mulher gorila. A fita estará na competição oficial Hivos Tiger Awards e mostra uma jovem advogada carioca com cotidiano muito alterado pela expectativa da realização dos Jogos Olímpicos no Rio. Uma esquisita modificação da saúde dela também coincide com o aparecimento de um novo amor.

De modo nem tão direto, o Brasil também estará na competição central, com a exibição da ficção Djon África (assinada por João Miller Guerra e Filipa Reis). Isso, porque a Desvia Filme, uma produtora independente pernambucana comandada por Gabriel Mascaro (Boi neon), entrou como parceria do longa coproduzido ainda entre Portugal e Cabo Verde. Em primeira exibição mundial, o filme mostra a busca de Miguel Moreira, criado pela avó, por um pai completamente desconhecido.

Depois das primeiras exibições no Festival de Sundance, o longa Benzinho (feito com recursos brasileiros e uruguaios) estará na composição do segmento Voices (de Roterdã), e que é dedicado à amostragem de filmes com temas altamente relevantes, sob ótica contemporânea. Quinta, na mesma seleção, o longa As boas maneiras, de Juliana Rojas e Marco Dutra, ganhará projeção, com uma carreira já premiada nos festivais de Biarrritz (França) e Locarno (Suíça), além de ter sido considerado melhor filme na Premi;re Brazil do Festival do Rio. As boas maneiras trata dos distúrbios das noites de lua cheia que transformam a convivência de uma jovem e solitária babá e a patroa dela, na São Paulo em que cultivam uma relação demasiada próxima. Com a brasiliense Maeve Jinkings no elenco, o longa Açúcar, de Sérgio Oliveira e Renata Pinheiro, também estará no setor Voices de Roterdã.

Selecionado pela direção do longa O clube dos canibais, o diretor cearense Guto Parente terá representação estendida: com Pedro Diógenes, a sexta, na Holanda, verá a premi;re mundial da fita de ambos, Inferninho. Premiada por O último trago, no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, a atriz Samya de Lavor está no filme que mostra a atuação de gangsteres e outros contraventores que ameaçam a harmonia de pessoas que festejam a livre convivência numa eclética boate.

Prospectando talento


Numa programação dedicada a promissores cineastas (a Bright Future), Sol alegria (a ser exibido sexta) e Azougue Nazaré (a ser mostrado quinta) despontam, representando o Brasil. O primeiro tem direção do pai da atriz paraibana Mariah Teixeira (Baixio das bestas), Tavinho. Um país sobre o jugo dos militares, padres que pregam o fim do mundo e freiras que negociam cannabis se juntam à trajetória de uma libertária família itinerante, num andamento de obra experimental.

Produtor do celebrado filme Aquarius e assistente de direção de A febre do rato (de Cláudio Assis), o diretor estreante em longa Tiago Melo é quem assina Azougue Nazaré, a ser mostrado quinta, no evento. Filmado na pernambucana Nazaré da Mata, o longa mostra a interferência de parte da igreja, empenhada em liquidar uma tradicional batalha de samba, em que o maracatu é exaltado.

Exibido ano passado no Festival de Brasília, o curta A passagem do cometa (de Juliana Rojas), que trata da falta de perspectivas para a legalização do aborto, tem espaço assegurado na mostra de curtas, junto com Merencória, de Caetano Gotardo. Vencedor de prêmios no Festival Mix Brasil e no Festival de Vitória, Merencória trata da paixão e do amor pela música, por parte de uma cantora que compartilha expectativas emocionais ao lado de um músico. Completando a extensa lista de títulos em Roterdã, o curta Antes do lembrar (dos estudantes gaúchos Vinícius Lopes e Luciana Mazeto) explora um mundo ancestral e ainda o recontar de histórias das evoluções de costumes, com direito a visitas em sete centros arqueológicos.

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