Diversão e Arte

Mercado de guitarra tem queda na importação e crise em grandes empresas

Importações do instrumento no Brasil caíram em quase 80% entre 2012 e 2017. No exterior, situação também é preocupante

Alexandre de Paula
postado em 21/02/2018 07:00
Slash, do Guns N' Roses e a lendária Gibson Les Paul: marca de guitarras enfrenta crise pesada

Símbolo do rock and roll, a guitarra elétrica amarga tempos difíceis. É inegável que solos de gênios como Jimi Hendrix, Jimmy Page e Slash perderam espaço entre o grande público para o som eletrônico do pop e do rap (no exterior) e para o batidão do funk e do sertanejo (no Brasil). Tudo isso se refletiu no mercado, que vê a venda de guitarras diminuir.

No Brasil, dados da Associação Nacional da Indústria da Música (Anafima) mostram que a importação de guitarras e contrabaixos no país caiu 78% de 2012 a 2017. O número passou de cerca de 212 mil unidades, em 2012, para 46,7 mil, em 2017. A queda é maior para as guitarras, mas não é exclusiva ; a importação de violões caiu 33% e a de instrumentos de percussão e bateria, 55%.

Presidente da Anafima, Daniel Neves pondera que os números não podem ser analisados de uma maneira catastrófica. Para ele, é preciso avaliar outros fatores para a diminuição, como a crise econômica e alta do dólar. ;De 2012 para cá, houve um aumento de 47% do dólar e, naquele momento, existiu um pico de importação justamente para aproveitar um momento em que a moeda americana estava em baixa. Então, essa queda não necessariamente se reflete de maneira igual na venda final dos lojistas;, explica.

É precipitado, para Daniel, decretar a morte da guitarra ou imaginar que isso possa ocorrer em breve. ;É verdade que ainda não estouraram o Van Halen 2.0 ou o Slash 2.0, que movimente uma massa de fãs em torno da guitarra, mas me parece um pouco de desespero pensar que tudo é uma catástrofe. O instrumento é impulsionado por ídolos? Sim, mas o processo é cíclico;, acredita.

Dívidas

Fora do Brasil, a guitarra também não vive o seu melhor momento. As duas maiores empresas do instrumento, Gibson e Fender, enfrentam uma crise complicada. Mais do que marcas, Gibson e Fender são nomes que se confundem com a própria história do rock. Impossível imaginar Jimi Hendrix sem sua Fender Stratocaster, ou Slash e Jimmy Page sem as lendárias Les Paul, da Gibson.

As duas marcas estão imersas em dívidas e, com rendimentos mais baixos, lutam para se salvar. A Gibson trocou, no início desta semana, de diretor financeiro. Benson Woo tem a missão de tentar saldar os débitos da companhia e evitar que a gigante da guitarra feche as portas.

Daniel Neves avalia que a situação da Gibson e da Fender é realmente bastante delicada, mas o especialista duvida que elas cheguem à falência. ;Sim, a Gibson, por exemplo, está numa fase difícil (põe difícil nisso), deve dinheiro para muitos fundos no exterior e suas vendas não estão sendo capazes de pagar seus credores. Mas, uma marca como a Gibson não ficará abandonada, sempre haverá um fundo de investimento amigo que abraçará a lendária empresa;, opina.

78%
Queda nas importações de guitarra no Brasil de 2012 a 2017

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação