Economia

Alta do diesel atingirá quem anda de ônibus

Os donos de carros devem ser poupados do aumento da gasolina nas refinarias, mas os usuários do transporte coletivo podem ser atingidos pela alta do diesel. Empresários pedem passagens 6% mais caras

postado em 03/05/2008 08:45
Os motoristas ganharam um presente do governo federal, que cortou parte dos impostos sobre a gasolina para garantir que o reajuste nas refinarias, anunciado pela Petrobras, não chegue aos postos. Bom para quem tem carro. Já os brasileiros que sacolejam em ônibus urbanos, intermunicipais ou interestaduais deverão sentir em breve o impacto do aumento médio do óleo diesel de 8,8%. Empresas e entidades do setor já pedem reajustes nas tarifas para compensar a alta nos custos. No Distrito Federal, a expectativa é de reajuste ainda em maio. O secretário de Transportes, Alberto Fraga, admite a correção das passagens neste mês, desde que as empresas concluam a implantação do vale transporte no novo sistema de bilhetagem eletrônica. ;Reconheço que o aumento tem que ser repassado às passagens, mas só aceito discutir isso quando o vale transporte estiver totalmente implantado. E sei que isso pode ser feito em 10 ou 15 dias;, afirma o secretário. ;A bilhetagem eletrônica está dentro do cronograma. Já vale para deficientes, funcionários e estudantes e o próximo passo é o vale transporte, que começa este mês. Quanto ao reajuste, tem que haver alguma maneira de recuperar o equilíbrio financeiro;, defende o vice-presidente do sindicato das empresas de transporte coletivo do DF, Victor Foresti. O movimento é semelhante em todo o país, uma vez que o óleo diesel representa até 30% dos custos de transporte. A Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) já está em campanha para uma correção média de, pelo menos, 6% nas tarifas. Mais do que isso, a entidade enviou ontem uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticando a decisão do governo de subsidiar a gasolina em prejuízo do diesel. ;O país continua na contramão das políticas internacionais, ao subsidiar o preço da gasolina, incentivando o transporte individual, enquanto os transportes coletivos não recebem qualquer tipo de atenção. O óleo diesel hoje já representa de 25 a 30% dos nossos custos totais. Qualquer aumento no preço deste insumo irá refletir no preço das passagens de ônibus, sobrecarregando principalmente a população de baixa renda que mais utiliza esse serviço público;, diz a carta. Para a NTU, ao privilegiar o preço da gasolina, o país incentiva o uso do transporte individual, superlotando as vias urbanas com automóveis, enquanto uma política de prioridade ao transporte coletivo resultaria no fim dos congestionamentos e dos gastos de energia e de tempo decorrentes do excesso de veículos nas ruas. Frete mais caro O reflexo do diesel, no entanto, é ainda maior. Como cerca de 90% do transporte de cargas no país é feito por rodovias, em caminhões movidos a óleo, a Confederação Nacional do Transporte (CNT) estima um reajuste de 3% a 4% no preço de custo por tonelada da carga, ou seja, nos fretes. A diferença é que esse impacto deve ser diluído ao longo dos próximos meses. Por enquanto, a maioria dos brasilienses não sentiu nenhum efeito dos reajustes de 10% e 15%, na gasolina e no diesel, que valem desde ontem nas refinarias. Com a redução de R$ 0,28 para R$ 0,18 na Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) incidente na gasolina, o efeito nesse combustível deve ser nulo na capital. ;Na gasolina não haverá mudança nenhuma. Já o preço do diesel vamos decidir na segunda-feira, porque ainda temos estoques. Mas o aumento deve ficar entre 7% e 8%;, avalia o diretor da rede Gasol ; que tem um terço dos postos do DF ; Antônio Matias.

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