Economia

Amorim aprova redução de subsídios, mas quer mais

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postado em 22/07/2008 15:48
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou nesta terça-feira (22/07), em Genebra, que a oferta dos Estados Unidos de reduzir os subsídios agrícolas para US$ 15 bilhões demonstra o "compromisso" de Washington com as negociações para a liberalização do comércio mundial, mas quer mais ambição para concluir o acordo da Rodada Doha na Organização Mundial do Comércio (OMC). A proposta feita pela representante americana do Comércio, Susan Schwab, "mostra o compromisso dos EUA com a negociação, mas com um baixo nível de ambição", afirmou Amorim à imprensa, em Genebra. Schwab anunciou que seu país está disposto a reduzir os subsídios agrícolas que distorcem os fluxos comerciais a US$ 15 bilhões, melhorando sua oferta anterior de US$ 17 bilhões. "Em troca de um acesso ambicioso aos mercados, estamos prontos para reduzir nosso apoio interno que distorce o comércio a US$ 15 bilhões", afirmou. "É um passo muito importante, que damos de boa fé, à espera das propostas dos outros", afirmou a funcionária, referindo-se aos pedidos de Estados Unidos, e também União Européia, por um acesso maior a seus produtos industriais nos países em desenvolvimento. Schwab apresentou a iniciativa como contribuição para o desbloqueio da Rodada Doha, que já dura sete anos. Em contrapartida, pediu concessões dos países em desenvolvimento no que diz respeito às tarifas aplicadas sobre os produtos industriais. É justamente essa guerra de taxas que trava as conversas. Mais cedo, um membro da delegação brasileira, sem se identificar, afirmou que a iniciativa era boa, mas a soma dos subsídios concedidos pelo governo americano a seus agricultores ainda é "muito elevada". O responsável lembrou que o G20 (formado por países emergentes) exigiu que os EUA limitassem seus subsídios agrícolas a US$ 12 bilhões. Em Genebra, o texto em discussão sugere que estes subsídios fiquem entre US$ 13 bilhões e US$ 16,4 bilhões. Atualmente, o limite dos EUA para as subvenções à agricultura é de US$ 48 bilhões, mas a representante americana reconheceu que nunca foi desembolsada essa quantia. Por outro lado, ela disse que há cerca de cinco anos essas ajudas alcançaram US$ 24 bilhões. Nos Estados Unidos, os subsídios são calculados em função da diferença entre as cotações mundiais e os preços pagos aos agricultores. A União Européia (UE) considerou, por sua vez, que a proposta de Schwab é razoável nesta etapa das negociações, mas que os EUA podem ir mais longe. "Os EUA não chegaram com essa proposta o mais longe que poderia, mas assumimos que isso dependerá das negociações que restam e que se alcance um equilíbrio nos outros setores sobre os quais estamos discutindo neste momento", disse Power, porta-voz do comissário de Comércio da União Européia, Peter Mandelson. A União Européia pode mostrar disposição semelhante, reduzindo em 60% suas tarifas aduaneiras sobre produtos agrícolas, contra os 54% que já haviam sido anunciados, disse ontem Power. "É um avanço bastante considerável (...) É uma melhora substancial, que deve dar impulso importante às discussões em Genebra nesta semana." Impasse Além das divergências sobre os subsídios agrícolas, a reunião de Genebra pode fracassar pela ausência do ministro indiano Kamal Nath, de um dos quatro principais negociadores. Atrasado por um voto de confiança que ameaçava nesta terça-feira a sobrevivência do governo indiano, o ministro do Comércio e da Indústria deve chegar somente quarta-feira a Genebra, onde os ministros de 35 países estão reunidos para tentar concluir as negociações da Rodada Doha.

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