Economia

Bovespa inicia a semana com perdas

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postado em 09/09/2008 08:51
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) contrariou todas as previsões e tomou nesta segunda-feira (09/09) um tombo de 2,35%, apesar de os principais mercados acionários do mundo terem computado fortes altas, refletindo o otimismo com o socorro de até US$ 200 bilhões que o governo dos Estados Unidos dará à Fannie Mae e à Freddie Mac, as duas maiores empresas de crédito imobiliário daquele país. ;Foi inacreditável o que ocorreu na Bovespa;, disse Clodoir Viera, economista da Corretora Souza Barros. Logo pela manhã, o pregão paulista chegou a computar alta de 3,4%, mas não se sustentou diante da falta de disposição dos investidores estrangeiros de retornarem ao Brasil. Falaram mais alto entre eles os riscos enfrentados pelas empresas brasileiras produtoras de commodities, cujos preços vêm desabando, ante as previsões de recessão nas maiores economias do planeta. Com a queda desta segunda-feira (09/09), o Ibovespa, principal índice de lucratividade do mercado, já acumula baixa de 8,91% no mês e perdas de 20,86% no ano. ;O problema é que não dá para dizer que a Bovespa, ao cravar os 50.717 pontos, chegou ao fundo do poço. As incertezas continuam enormes, mesmo com o socorro às empresas imobiliárias americanas, que minimizam os riscos de um crise sistêmica nos mercados financeiros. Então, a queda pode se aprofundar;, afirmou André Simões, analista de renda variável da Modal Asset Management. Ele lembrou que entre as principais bolsas do mundo, além do Brasil, mais quatro recuaram: as do Canadá, Argentina, Venezuela e China. Coincidentemente, os três primeiros países são produtores de commodities. Nos Estados Unidos, o socorro à Fannie Mae e à Freddie Mac deixou os investidores, secos por boas notícias, à beira da euforia. O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, subiu 2,58%. Na Nasdaq, a bolsa eletrônica, o avanço foi de 0,62%. O clima positivo também dominou a Europa. Na Bolsa de Londres, o índice FTSE 100 teve alta de 3,42%. Em Frankfurt, a valorização ficou em 2,22%. Na Ásia, a primeira região a absorver as notícias sobre a intervenção do governo dos EUA nas duas maiores empresas imobiliárias daquele país, a Bolsa do Japão deu um salto de 3,38% e, na Coréia do Sul, o aumento foi de quase 5%. ;Não havia outra saída para o governo americano que não fosse o socorro à Fannie Mae e à Freddie Mac;, disse a ex-ministra da Fazenda Zélia Cardoso de Mello, que participou do seminário sobre os 200 anos da pasta. ;Mas essa crise está longe de acabar;, avisou. Dívida pública Na opinião da ex-ministra, que mora nos Estados Unidos há 11 anos, o Brasil já está pagando o preço do estouro da bolha imobiliária americana. ;Esse preço é a forte queda da Bovespa. Os grandes fundos de investimentos que tinham dinheiro aplicado no país, especialmente em ações da Vale e da Petrobras, tiraram os recursos daqui. E esse capital não voltará não cedo;, assinalou. A mesma avaliação foi feita pelo secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa. ;O primeiro impacto da crise foi a perda patrimonial, que estamos vendo da Bovespa. Mas ainda não há efeitos sobre a economia real, no nível da atividade do país;, acrescentou. Para o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, a intervenção feita pelo governo americano contribuirá para a redução da volatilidade dos mercados, favorecendo a administração da dívida pública brasileira. ;Avaliamos positivamente as ações dos EUA e achamos que elas tendem a contribuir para uma menor volatilidade internacional. Quanto maior o nervosismo nos mercados, mais juros os investidores pedem para comprar títulos públicos.

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