Economia

Mantega: me divirto nas reuniões do FMI

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postado em 03/10/2008 14:34
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, relatou a empresários que participavam de evento na Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), em São Paulo, que desde que começou a crise internacional no ano passado tem se divertido nas reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI). "Chegou lá e digo: os países avançados têm de fazer o dever de casa e seguir os emergentes", citando medidas como ajustes nas contas públicas, nas contas externas e acúmulo de reservas internacionais. "É a vingança dos colonizados", brincou.

Na avaliação do ministro, entre os emergentes o Brasil é um dos países mais sólidos. Ele lembrou, no entanto, que as reservas internacionais da China e da Índia são muito superiores às do Brasil. "Somos o primo pobre", comparou. Segundo ele, o reconhecimento da solidez do Brasil não é apenas do próprio governo, mas da imprensa especializada internacional e das agências de rating. Para Mantega, prova da robustez do Brasil é que o crescimento do PIB em quatro trimestres até junho de 2008 estava em 6,1%. "E isso já com quase um ano de crise internacional. Estamos crescendo há cinco anos e já deixamos para trás aquele vôo de galinha", considerou.

O ministro disse, no entanto, que não se pode partir do princípio de que o Brasil é invulnerável. "Uns países são mais, outros são menos vulneráveis, nós estamos entre os menos", disse. Para o ministro, o atual momento é o mais agudo da crise, o de maior estresse e por isso é inevitável que o mercado de renda variável seja afetado no mundo todo. No caso brasileiro, a queda da Bolsa foi atribuída por Mantega a dois fatores. O primeiro está relacionado à retirada de recursos para "cobrir buracos" nas matrizes e o segundo diz respeito ao medo dos investidores, que no momento de pânico preferem aplicar seus recursos nos títulos do Tesouro dos EUA, ainda que estes papéis não ofereçam boa rentabilidade. "Muitas vezes esta saída é irracional, o chamado comportamento de manada, e isso acaba agravando a crise", avaliou.

Ainda em relação ao Brasil, Mantega detectou que o País está sendo afetado também pela redução de oferta inicial de ações (IPOs, na sigla em inglês). "Esta fonte secou", resumiu, acrescentando, no entanto, que não foi verificado até agora um movimento abrupto de saída de capitais do País como já foi visto no passado. "Acompanho o fluxo diariamente e o mercado brasileiro não travou completamente, apesar de o ACC (Adiantamento de Contrato de Câmbio) ter diminuído muito, para um terço do que era antes", disse.

Efeitos no Brasil

O ministro da Fazenda criticou os prognósticos negativos feitos por alguns economistas a respeito dos impactos da crise sobre o Brasil. "Se fôssemos dar ouvido aos analistas açodados, deveríamos levar um tombo", afirmou.

Para o ministro, as avaliações dos profissionais parecem estar simplesmente transferindo o estado de ânimo dos Estados Unidos e da Europa para o Brasil. Mantega negou que o País crescerá menos de 3% no próximo ano, conforme projetam algumas instituições financeiras. "Chegam a falar em crescimento de apenas 1% ou 2% em 2009. Isso é uma grande besteira", disse o ministro.

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