Economia

Carros usados afetam venda de novos

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postado em 13/01/2009 08:16
O encalhe de carros usados está travando a venda de veículos novos. Se, num primeiro momento, a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) até março animou os consumidores e trouxe alívio para o setor automotivo, agora o carro usado, moeda de troca quase obrigatória para a aquisição de um novo, transformou-se em um problema para as concessionárias. Com as taxas de até 0% oferecidas pelas montadoras para financiamento dos veículos novos e os descontos que se somam à redução do IPI, os usados encalharam nos pátios. O resultado foi que os preços despencaram trazendo prejuízos para os comerciantes ,que veem seu capital perder valor, e para os clientes, que não conseguem vender o bem pelo preço de que gostariam. ;Um carro que custava R$ 22 mil em setembro hoje vale R$ 17 mil;, revela Ricardo Lima, presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos Autorizados do Distrito Federal (Sincodiv-DF). Para que as vendas de automóveis não desacelerem novamente, empresários do setor apontam como solução o incentivo à venda de usados. ;As taxas de financiamento já voltaram ao patamar de antes da crise, mas ainda são mais altas que as do carro zero. A diminuição ou redução do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) ajudaria na venda de seminovos;, afirma. ;Enquanto tiver redução do IPI, poderia haver um pacotão para o carro usado, como isenção ou redução da taxa de transferência;, defende Mário Celso Araújo, gerente-comercial da Brasal, concessionária Volkswagen. Como a empresa tem muitos carros usados no estoque, Mário Araújo está negociando com vendedores autônomos para conseguir pagar ao cliente o preço desejado. ;Com o encalhe, as concessionárias perdem o poder de negociação de usados. Eu ainda tenho conseguido um preço melhor. Se algo não for feito, o setor vai entrar em colapso;, alerta. Ciente da dependência da venda de usados para giro dos negócios, a Jorlan, revendedora Chevrolet, está vendendo todo o estoque a preço de custo, com juros de 0,99%. ;Mas é um acordo da concessionária com os bancos pois, sem isso, não tem como girar;, pondera. Ouça entrevista: Mário Celso Araújo Ajuda Segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider, estão em discussão com o governo medidas que ajudem a recuperar as vendas do setor. Estima-se que o encalhe seja de 1 milhão de seminovos e que o patrimônio tenha se desvalorizado em 40%. Os bancos, principalmente os privados diminuíram seus empréstimos para esse segmento por considerar o cliente de alto risco, em um cenário de aumento do desemprego. Na semana passada, o Banco do Brasil anunciou que adquiriu praticamente a metade (49,9%) do Banco Votorantim, que tem forte presença no setor de veículos. Na ocasião, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, deixou claro que o foco dos financiamentos seria a aquisição de usados. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou. ;Compramos 50% do Banco Votorantim porque o Banco do Brasil não tem expertise em financiar carro nenhum, muito menos carro usado. E esse é um setor, que se não funcionar, a gente não vê as pessoas comprarem o carro novo mesmo com a redução do IPI, disse ontem em São Paulo. Enquanto isso, os consumidores não querem perder a oportunidade de fazer um bom negócio para comprar um carro zero. O publicitário Jaime Recena, por exemplo, comprou um veículo Fiat Punto, ano 2007, por R$ 55 mil. Ele pagou R$ 24 mil de entrada e financiou o restante em 72 prestações de R$ 741, com juros de 1,5% ao mês. ;Um dos carros que quero comprar é o New Civic, da Honda. Como caiu o IPI e tem muita promoção de financiamento, quero fazer a conta para ver se compensa comprar um zero;, informa.

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