Economia

Mundo dos concursos: prós e contras do funcionalismo

;

postado em 16/02/2009 08:11
Quando o assunto é fazer ou não um concurso, não faltam provocações. Só o governo federal planeja contratar 64.540 profissionais neste ano. Tudo em tempos de crise, que, além de mexer com a economia, coloca em xeque os planos de carreira de qualquer profissional. De um lado, a estabilidade do funcionalismo. Do outro, a promessa de progressão rápida na iniciativa privada. Especialistas em carreira são categóricos ao tentar solucionar o impasse: tudo é uma questão de perfil. ;Há pesquisas mostrando que o fator salarial não é relevante quando se leva em conta a satisfação profissional. O problema é que há pessoas que passam a vida inteira dedicando-se a um emprego público por conta da estabilidade e, no fim, descobrem que deixaram seus planos de lado;, critica Elise Dalmaso, coach executiva da Quarks, empresa de consultoria em RH. Marcelo de Deus não esperou o tempo das lamentações. Assim que se formou em ciência da computação, o mineiro de 34 anos foi aprovado no concurso do Departamento Nacional de Estradas e Rodagens. Seis meses foram suficientes para ele saber que estava no lugar errado. ;Não via perspectiva de crescimento lá dentro porque não havia um plano de carreira. Tinha estabilidade, mas não tinha mobilidade;, conta. Marcelo pediu exoneração e arrumou um emprego ganhando três vezes mais. Ainda assim, tentou um lugar no funcionalismo pela segunda vez, nos Correios. O período era de modernização da empresa e o analista de sistemas encantou-se pelo desafio. Feito o serviço, a falta de motivação voltou a incomodá-lo. ;Eu estava empregado, mas sem visibilidade de crescimento. Na iniciativa privada, o caminho é seu, você que o faz;, compara. Depois de uma licença sem vencimento para estreitar os laços com as empresas da cidade, Marcelo deixou o funcionalismo de vez. Sem exageros Para a psicóloga Carmen Cavalcante, da Rhaiz, o ideal é que, escolhido o funcionalismo, o profissional não corte os laços com a iniciativa privada. ;É preciso ter um plano B. Não é possível apostar todas as fichas em uma só jogada.; O risco de frustração é maior, segundo ela, quando a pessoa está começando a exercer uma profissão ou sequer a escolheu. Isso porque, nessa situação, o profissional fica vulnerável às leis do mercado. Mesmo com as teorias da engenharia ambiental frescas na cabeça, Hélio Santos, brasiliense de 21 anos, dedica-se ao estudo para seleções públicas. ;Estou fazendo os concursos que aparecem, mas quero trabalhar em um lugar onde eu possa exercer a minha profissão;, diz. O engenheiro conta que até procura emprego nas empresas da cidade, mas a oferta de vagas é ínfima. Sangue novo Esse contingente de jovens ávidos por entrar no funcionalismo deve reduzir a idade dos quadros do governo ; hoje a média é 45 anos ; e melhorar o funcionamento da máquina pública. ;Os melhores candidatos são os aprovados. Cada vaga é disputada por 500, 600 pessoas. Isso tem uma influência no exercício das funções;, acredita Maria Teresa Sombra, diretora da Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos e Concursados (Anpac). A maioria dos aprovados concluiu o ensino superior. Com pelo menos 13 anos dedicados à formação, esses profissionais, acredita Elise, não se esquecem da importância da educação continuada quando são nomeados.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação