Economia

Empresas de educação superior se unem para continuar no mercado

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postado em 15/03/2009 09:05
A crise internacional que empurrou a economia brasileira para o buraco tornou-se um tormento para as empresas de educação de ensino superior, com mais de 5 milhões de alunos matriculados. Sem crédito na praça, atoladas em dívidas e enfrentando índices assustadores de inadimplência, muitas delas foram colocadas à venda para não fechar as portas. Resultado: a tendência é de 2009 ser marcado por uma consolidação enorme do setor, processo que começou a ganhar força em 2007, quando grupos privados importantes, como o Anhanguera, com 110 mil alunos, e o Estácio de Sá, com 190 mil, foram à bolsa de valores, emitiram ações e levantaram milhões de reais para se expandirem. Na avaliação do economista Ruy Coutinho, presidente da LatinLink, que concluiu um vigoroso estudo sobre o setor educacional brasileiro, a velocidade de concentração no setor será tão grande que, até 2015, os 20 maiores grupos estarão respondendo por 70% dos alunos do ensino superior privado. Os 30% restantes estarão distribuídos por faculdades de menor porte, com atuação local ou regional. ;As faculdades menores que tentam competir com os grandes grupos serão absorvidas, ou desaparecerão por total incapacidade de operar;, destaca. Em 2008, quando o crédito ainda era farto e o emprego estava em alta, foram 55 aquisições. ;Daqui por diante, com a situação financeira das empresas se agravando, teremos anúncios cada vez mais frequentes de fusões e incorporações;, diz Coutinho. Uma das mais recentes operações ocorreu em fevereiro. O grupo paranaense Campos Andrade arrematou o controle da Universidade Ibirapuera (Unib), de São Paulo. A Unib enfrentava um forte processo de deterioração financeira, deixou de pagar funcionários em dia e reduziu o quadro de alunos à metade, de 12 mil para 6 mil. Nas contas do presidente da LatinLink, pelo menos 25 grupos de portes variados e de várias regiões do país estão sendo alvo de potenciais aquisições. ;Não são apenas os grupos privados brasileiros, os interessados. Há estrangeiros averiguando oportunidades no Brasil;, afirma Coutinho. Também há os fundos de investimentos, chamados de private equity, que já detêm participações em grupos educacionais importantes. Coutinho cita como exemplos o GP Investimentos, que comprou 20% da Estácio de Sá; o Fundo Pátria, que participa do capital da Anhanguera, e o UBC Pactual, com 38% da Faculdades do Nordeste (Fanor), em Fortaleza. Entre os fundos estrangeiros que já fincaram os pés no Brasil estão o americano Capital Group, acionista do grupo Kroton Educacional, e o Cartesian Group, que adquiriu parte do grupo nordestino Maurício de Nassau. Já a Laureate Education, uma das maiores instituições privadas de ensino do mundo, tascou o controle da Faculdade Anhembi Morumbi. Para Eduardo Wurzmann, presidente da Veris Educacional, holding que controla as faculdades Ibmec (Brasília, Minas Gerais e Rio de Janeiro) e IBTA, o movimento de consolidação do setor educacional privado é irreversível. ;As fusões e incorporações vão ocorrer nos segmentos mais populares, com mensalidades até R$ 400, pois a palavra-chave do mercado passou a ser escala, escala, escala;, diz.

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