Economia

Investimento em títulos cresce no país

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postado em 31/05/2009 17:27
A caderneta de poupança pode ser mais popular. As ações da bolsa, mais rentáveis. Mas poucas aplicações financeiras têm ampliado tanto seu número de investidores no Brasil quanto os títulos do tesouro direto. Lançados em 2002, como forma de captar recursos para financiar a dívida pública, os títulos diretos experimentam um crescimento acima das outras alternativas do mercado, tendo praticamente triplicado a quantidade de investidores nos últimos três anos. Segundo dados do Tesouro Nacional, órgão do governo federal que administra os títulos, os investidores cadastrados passaram de apenas 57.905 em abril de 2006 para 156.015 no mês passado. Em valores monetários, as vendas mensais de títulos têm ultrapassado a barreira dos R$ 100 milhões negociados desde julho de 2008. Bateram seu recorde em outubro do ano passado, com R$ 259 milhões. Qual a razão da euforia? As taxas de administração baixas, a avaliação de risco reduzido e a comodidade para gerenciar os investimentos são algumas das vantagens oferecidas que podem explicar o aumento da procura pelos títulos. Outra causa pode ser a migração de clientes dos fundos de renda fixa, cuja rentabilidade acabou debilitada nos últimos dois meses devido às contínuas reduções da taxa Selic, à qual estão atrelados. A verdade é que a crise internacional, ao desembocar na queda de rentabilidade dos fundos e forçar o governo a mexer na poupança, acabou ajudando a divulgar mais os títulos diretos como opção de investimento. "Os bancos divulgariam para quê? Para eles é mais lucrativo ter investidores em seus fundos de investimento", observa o analista financeiro Aristides Cavalcanti, sócio da consultoria Finacap. Claro que isso acontece também por se tratar de uma opção de investimento recente. Antes de 2002, os títulos públicos só podiam ser adquiridos indiretamente, através de cotas de fundos de investimento. De 7 de janeiro daquele ano em diante, os investidores passaram a ter a possibilidade de comprar e gerenciar ostítulos sozinhos, precisando apenas possuir CPF e abrir uma conta corrente em instituição financeira habilitada a operar no programa. Por unir um pouco mais de rentabilidade com taxas menos agressivas, o tesouro direto acabou adquirindo respeito dos especialistas. "Pode ser mais interessante, para o investidor, ir atrás do tesouro direto, já que, juntando as suas taxas, na maioria das vezes não se chega a 1%, enquanto existem fundos por aí cobrando 2%", destaca Aristides Cavalcanti. "As pessoas estão descobrindo aos poucos os títulos, é questão de cultura", analisa. Obviamente, há também desvantagens em relação a outras aplicações. Uma delas é que existem datas e horários preestabelecidos para a venda dos títulos. "Não se consegue vendê-los todos os dias. Se o investidor precisar do dinheiro com urgência, talvez não possa retirá-lo", alerta o professor do departamento de economia da Universidade Federal de Pernambuco André Magalhães. Outro possível obstáculo é o processo de compra e venda em si, realizado pelo próprio investidor (através da página do Tesouro Nacional na internet), sem participação de gerentes ou corretores, o que torna outras opções mais cômodas. Já o risco do investimento existe, mas é mínimo, segundo Magalhães. "Teria de ser um grande calote do governo no povo brasileiro. Aconteceu no passado, com os títulos da dívida agrária, mas a possibilidade disso se repetir é remota", ressalta.

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