Economia

Contrastes do feriado para o comércio brasiliense

Pesquisa mostra que fins de semana prolongados atrapalham ritmo de vendas na cidade. Perfumarias se dizem mais prejudicadas, mas movimento é bom em supermercados, livrarias e lojas de calçados

postado em 12/06/2009 08:40
Com uma população crescente, Brasília deixou de ser um deserto nos feriados prolongados. A cidade, que antes ficava vazia no dias de folga, agora é cenário para consumidores interessados em comprar. Muitos shoppings e ruas comerciais ficam cheios em fins de semana longos como este, iniciado com o Corpus Christi. No entanto, nem todas as pessoas que saem às ruas tiram dinheiro do bolso. Segundo pesquisa da Federação do Comércio (Fecomércio), à qual o Correio teve acesso com exclusividade, de 409 lojistas entrevistados, 71,1% afirmam que os feriados prolongados comprometem as vendas. Quando o dia de descanso não é emendado no fim de semana, como acontece neste sábado e domingo, 49,88% consideram que a influência sobre as vendas é baixa. Os que classificam o impacto nas vendas como grande somam 25,43% e como nulo, 24,69%. Dos setores ouvidos pela Fecomércio, as farmácias e perfumarias aparecem como as que mais se sentem prejudicadas: 85% declaram ter as vendas comprometidas nessas épocas. A percentagem das vendas prejudicadas, no entanto, não é tão forte como as verificadas nas lojas de informática, 13,1% contra 20,4%. As empresas de cine, foto e som também perdem faturamento com os feriados mais longos. Segundo o levantamento, 21,6% têm faturamento menor nesses dias. ;A cidade já tem a sua população que aproveita os feriados, principalmente se eles caem no meio da semana, o que aumenta ainda mais o movimento do comércio. O mesmo acontece aos domingos, que se tornaram importantes dias de vendas;, afirma Adelmir Santana, presidente da Fecomércio. ;Os feriados servem como dias de lazer e são uma oportunidade para quem não tem muito tempo;, acrescenta. Compras e lazer De fato, nesses dias, muita gente aproveita para se divertir comprando. A designer gráfica Juliana Pimenta, 23 anos, é uma das consumidoras que, quando fica em Brasília, sai às compras nos feriados. Segundo ela, essa é uma forma de descansar. Entre os produtos preferidos estão sapatos e roupas. ;Trabalho tanto para poder gastar o dinheiro também;, argumenta. Sueli Bastos, 52, tem passado os feriados em Brasília por causa da reforma de sua casa. Assim, o que ia gastar com passagens aéreas acaba sendo desembolsado para adquirir novidades. Graças a consumidoras como Sueli e Juliana, as lojas têm motivos de sobra para comemorar a quantidade de feriados neste ano. As de calçados, que perdem apenas 12,9% das vendas com os feriados prolongados, lucram muito naqueles que têm um ou dois dias de distância do fim de semana como o Corpus Christi. ;Acaba sendo um dos melhores dias da semana porque os funcionários públicos não trabalham e vêm para o shopping comprar;, comemora Solange Silva, gerente da Aleatto. Para o empresário Alexandre Galliza, proprietário da grife Santa Lolla em Brasília, os feriados e sábados são dias em que vale a pena abrir a loja. ;Tenho duas lojas de rua, mas quando inaugurar no ParkShopping sei que o movimento no feriado será ainda maior;, prevê. Livrarias Nas livrarias, o fluxo de clientes é também muito forte. Segundo a pesquisa, em geral, só 15,9% das vendas são comprometidas pelos feriados prolongados. Fabio Herz, diretor comercial da Livraria Cultura afirma que as datas favorecem as vendas de produtos específicos como os voltados ao público infantil. ;Percebemos que a livraria virou espaço de lazer e entretenimento. Isso fica evidente nos feriados;, afirma. Os dias de folga proporcionam mais encontros, o que promove a venda em supermercados. De acordo com a Fecomércio, as vendas caem 14,9% nesse segmento durante os feriados prolongados. Mas há quem aproveite para ganhar dinheiro nessas datas. ;Quando as pessoas ficam na cidade acabamos tirando proveito disso;, afirma Carlos Paes, gerente-geral do Comper. Para o vice-presidente da Associação dos Supermercados de Brasília (Asbra), Onofre Silva, o movimento nos mercados é bom porque faltam opções de lazer na cidade. ;As pessoas estão acostumadas a fazer churrascos em casa;, diz. Além disso, muita gente encara a ida ao mercado como um momento de diversão. ;Nessas lojas, se encontra de tudo;, completa Silva. Há também os que viajam para cidades e chácaras próximas de Brasília e fazem as compras antes de sair de folga. Prejuízo Segmento Perdas (%) Autopeças e acessórios 15,6 Calçados 12,9 Cine, foto e som 21,6 Combustíveis e lubrificantes 18,7 Farmácias e perfumarias 13,1 Informática 20,4 Instrumentos musicais e CDs 17 Livrarias e papelaria 15,9 Utilidades domésticas 15 Materiais de construção 17,7 Móveis e decoração 19,1 Óticas 12,9 Revendedoras de veículos 12,3 Supermercados 14,9 Tecidos 11,1 Vestuário 20,1 Total 16,0 Fonte: Fecomércio-DF

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