Economia

Negócios mineiros avançam pelo país

Graziela Reis
postado em 09/07/2009 08:30

Belo Horizonte ; Em momentos de turbulência sempre há aqueles que conseguem nadar contra a maré e colher bons resultados. É o que vem ocorrendo com empresários de ponta do varejo mineiro, que permanecem firmes na abertura de lojas, principalmente fora do estado. Ricardo Eletro, Cia. Do Terno, Ale Combustíveis, Livraria Leitura e Centauro Esportes são apenas alguns exemplos de empresas de Minas conquistam mercado fora dos limites mineiros.

Segundo a coordenadora do Departamento de Economia da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG), Silvânia Araújo, os empresários do varejo têm mais agilidade para encontrar essas janelas de oportunidades. "Reagem melhor aos momentos de crise", diz.

Como os mineiros são mais conservadores e não se arriscam tanto na busca agressiva por crédito, que leva ao endividamento, nesses momentos também têm condições de manter investimentos com recursos próprios. "São mais capitalizados e usam esse diferencial para crescer. Essa turbulência financeira não significa motivo para acomodação. É a gestão saudável dos negócios que os leva a conquistar novos mercados", reforça a economista.

Nike

O grupo SBF ; leia-se Centauro, By Tennis e Almax ; é um exemplo de empresa que nasceu em Minas, em 1981, e que não para de crescer mesmo em momentos de crise. Hoje, já conta com 120 lojas em 18 estados e no Distrito Federal. E serão mais 40 até o fim do ano, com a novidade de que o SBF agora também detém a exclusividade para a abertura das lojas da Nike no país.

Segundo o presidente do SBF, Sebastião Bomfim Filho, o grupo tem 5 mil funcionários. Mas até dezembro o número de empregados da rede deve passar dos 6,2 mil. Desde outubro, o grupo também está com um centro de distribuição novo em Extrema, no Sul de Minas, para o qual foram contratados 450 empregados. Os investimentos previstos para 2008/2009 chegam próximos a R$ 250 milhões.

Bomfim conta que o contrato que a Nike firmou com o SBF é "único no mundo". Sua expectativa é de abrir seis unidades já com a bandeira da parceira no país ainda este ano. Em suas lojas da Centauro e da By Tennis, ele já oferece produtos da Nike. O grupo SBF chega a vender 3 milhões de pares de tênis da marca por ano. Este ano, o empresário prevê faturar cerca de R$ 1,2 bilhão. A alta vai ser de cerca de 40%, frente a 2008.

Ataque

O presidente da Cia. do Terno, Pedro Paulo Drummond, observa que em uma época em que não é possível mexer nos preços devem ser criadas estratégias para não perder na escala. "Temos de andar para frente. Os custos não param de crescer. A alternativa que temos é a do ataque responsável", explica.

É por isso que ele não interrompeu os planos de criar uma marca nacional para a empresa que nasceu em Belo Horizonte, mas já está presente em 14 estados e no Distrito Federal. No mês passado, ele inaugurou a 86; unidade em São Carlos e a 87; em Limeira, ambas em São Paulo.

Até o Dia dos Pais, espera contar com 89 lojas no país. Os investimentos da empresa, apenas na expansão, devem passar de R$ 1 milhão este ano. Com as novas lojas, serão criados empregos para cerca de 100 pessoas, sem contar com a expectativa de abertura de um novo centro de distribuição no Sul de Minas ou no interior de São Paulo.

O presidente do Conselho de Administração da Ale Combustíveis S/A, Sérgio Cavalieri, conta que a empresa definiu um plano de investimentos no último trimestre de 2008 que foi mantido, apesar do período de turbulência. A expectativa é investir R$ 100 milhões até o fim do ano.

Os recursos serão destinados a melhorias em logística, tecnologia de informação e à abertura de 120 postos. Apenas de 10% a 15% em Minas. O restante será em outros estados. Hoje, a Ale tem 1,8 mil postos, sendo 13% em Minas.

Mercado fluminense

O foco da Ricardo Eletro, este ano, é o mercado do Rio de Janeiro. Serão abertas 25 lojas da rede mineira de eletrodomésticos naquele estado até o fim do ano. "Mas sempre estudamos oportunidades, e em Minas podemos abrir mais quatro ou cinco lojas", afirma o empresário.

Ele diz que estão sendo feitos todos os esforços para crescer 5% em 2009. "Para isso não podemos ficar parados, só vendo a crise passar. Temos de gastar mais, fazer novas ações, investir em propaganda", explica. "Fizemos nossos planos com o pé no chão", diz Nunes.

Os investimentos previstos pela rede, este ano vão ficar entre R$ 30 milhões e R$ 40 milhões. O grupo já conta com 270 lojas em Minas, Bahia, Goiás, Distrito Federal e Rio de Janeiro. São cerca de 11 mil funcionários, que devem aumentar 10% até o fim do ano.

Os sócios da rede mineira de livrarias Leitura também não interromperam a busca por oportunidades. O sócio diretor do grupo, Marcus Teles, informa que está sendo negociada a abertura de uma nova unidade em Brasília até o fim do ano. Para 2010, a expectativa é levar a Leitura para o Nordeste e para o interior de São Paulo. Hoje, a rede tem 18 lojas em Minas, seis em Brasília, uma em Campo Grande e uma em Vitória.

Até mesmo no ramo de restaurantes há mineiros investindo fora do estado. É o caso de Eduardo Pereira, que está à frente da Ah e da Eddie Burger, de BH. Duas lojas das casas estão em obras no Barra Shopping, no Rio. O investimento nas unidades chega a R$ 2 milhões. "Vai ser uma janela para o país", garante.

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